sexta-feira, 28 de novembro de 2003



[hoje acordei assim, como se o tempo não tivesse passado]




Violent Femmes | Hallowed Ground



Country Death Song

I had me a wife, I had me some daughters.
I tried so hard, I never knew still waters.
Nothing to eat and nothing to drink.
Nothing for a man to do but sit around and think.
Nothing for a man to do but sit around and think
.

Well, I'm a thinkin' and thinkin', till there's nothin' I ain't thunk.
Breathing in the stink, till finally I stunk.
It was at that time, I swear I lost my mind.
I started making plans to kill my own kind.
I started making plans to kill my own kind.

Come little daughter," I said to the youngest one,
Put your coat on, we'll have some fun.
We'll go out to mountains, the one to explore.
Her face then lit up, I was standing by the door.
Her face then lit up, I was standing by the door.

Come little daughter, I will carry the lanterns.
We'll go out tonight, we'll go to the caverns.
We'll go out tonight, we'll go to the caves.
Kiss your mother goodnight and remember that God saves.
Kiss your mother goodnight and remember that God saves.

A led her to a hole, a deep black well.
I said "make a wish, make sure and not tell and
close you're eyes dear, and count to seven.
You know your papa loves you, good children go to heaven.
You know your papa loves you, good children go to heaven.

I gave her a push, I gave her a shove.
I pushed with all my might, I pushed with all my love.
I through my child into a bottomless pit.
She was screaming as she fell, but I never heard her hit.
She was screaming as she fell, but I never heard her hit.

Gather round boys to this tale that I tell.
You wanna know how to take a short trip to hell?
It's guarenteed to get your own place in hell.
Just take your lovely daughter and push her in the well.
Take your lovely daughter and throw her in the well.

Don't speak to me of lovers, with a broken heart.
You wanna know what can really tear you apart?
I'm going out to the barn, will I never stop in pain?
I'm going out to the barn, to hang myself in shame.





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posted by saturnine | 13:30 | 0 Comentários


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quinta-feira, 27 de novembro de 2003




[do frio]

à falta de um abrigo para dezembro
aqueço-me na memória distante
da estrada que arde sob o sol
da tarde lancinante atrás dos montes
onde aprendemos no sal da pele
a lentidão dos dias
[não havia ainda mundo para conquistar
nem morte que se anunciasse]





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posted by saturnine | 23:40 | 0 Comentários


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[dezembro]

ser o nome que o frio divide
a cidade estranha onde tu faltas
onde o vento sobra nas árvores
as mesmas mãos mas perdidas
pelos bolsos como pedras lisas
que olho atravesso e pergunto
se ainda sabem coisas de ti.





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posted by saturnine | 22:36 | 0 Comentários


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quarta-feira, 26 de novembro de 2003




à luz fria de novembro
por entre as ruas, por entre as árvores
no espelho iluminado do rio, o vento
balançando as sombras presas aos pés
e nós com as mãos perdidas pelos bolsos
o teu rosto aceso possivelmente
como as noites de inverno afinal
se tecem de uma inexplicável claridade.





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posted by saturnine | 13:06 | 0 Comentários


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enquanto escrevia o post anterior, não tinha reparado ainda nisto:

Carregadas de dedos e de pálpebras
avançavam para mim
do canto escuro e de outros sítios
improváveis
à luz fria de novembro
o mais terno dos meses
afinal



Luís, tu sabes na natureza desse canto escuro e sabes da matéria do frio de inverno. :)





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posted by saturnine | 13:00 | 0 Comentários


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Marco na agenda umas poucas coincidências e dias cheios de desencontro.
em cada risco a certeza de que este inverno afinal é outro, igual, mas equivocado no tempo.
quanto mais avanço Novembro adentro, mais claro é que os riscos na agenda certificam ausências.





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posted by saturnine | 12:57 | 0 Comentários


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terça-feira, 25 de novembro de 2003




[tacto]

olha
repara como as paredes te olham
como as próprias sombras sabem
que tens medo do lugar escuro
daquele canto que tudo sabe
e por isso avançam sobre ti
carregadas de dedos e de pálpebras.





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posted by saturnine | 23:45 | 0 Comentários


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espanto


de tal ordem era o vazio, a falta, a saudade, que o corpo se me confundiu e me pediu que ingerisse alguma coisa. resta agora o constrangimento pela confusão das fomes.
só um pouco de tempo para hibernar, eu pediria.





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posted by saturnine | 23:39 | 0 Comentários


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[em silêncio respondo]


Now you say you're lonely
You cried the long night through
Well, you can cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you

Now you say you're sorry
For being so untrue
Well, you can cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you

You drove me,
Nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember?
I remember all that you said
Told me love was to plebeian
Told me you were through with me
Now you say you love me
Well, just to prove you do

Cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you

You drove me
Nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember?
I remember all that you said
Told me love was to plebeian
Told me you were through with me...
And now you say you love me
Well, just to prove that you do...
Come on! Come on!
Cry me a river...
Cry me a river...
I cried a river over you
I cried a river over you...

Cry Me a River | A. Hamilton





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posted by saturnine | 22:51 | 0 Comentários


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[terias falado assim?]


How insensitive I must have seemed
when she told me that she loved me.
How unmoved and cold I must have seemed
when she told me so sincerely.
Why,she must have asked, did I just turn
and stare in icy silence?
What was I to say? What can you say
when a love affair is over?

Now she's gone away and I'm alone
with the memory of her last look.
Vague and drawn and sad, I see it still,
all her heartbreak in that last look.
How, she must have asked, could I just turn
and stare in icy silence?
What was I to do? What can one do
when a love affair is over?

Insensatez | Jobim





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posted by saturnine | 22:48 | 0 Comentários


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nota à margem


não saber, mesmo assim precisar.





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posted by saturnine | 01:17 | 0 Comentários


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segunda-feira, 24 de novembro de 2003



do deserto


gosto dos cactos. gosto da sua silenciosa imobilidade, da sua árida persistência sobre a terra, do seu corpo carregado de solidão. gosto dos cactos porque habitam o deserto, ou melhor - porque neles habita a ideia do deserto. se me sufoca este excesso de civilização, encaixo-me nesse silêncio improvável, nos golpes do vento seco, na areia que arde apesar da noite negra. qualquer coisa em mim grita uma vontade dessa solidão partilhada com os astros, uma cura de distância. é assim o oásis que sonho - a vida inteira em quilómetros de nada.








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posted by saturnine | 23:25 | 0 Comentários


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exercício #5


tudo o que te escrevi foi em vão. à parte o que não leste, o que nunca te importou ler, restam agora os escombros das palavras que, à tua partida, ruíram como templos desabitados.

lembra-te, um exercício é um exercício, experiência em força. é maior o orgulho que a tristeza, apesar de tudo. que partisses, que fosses, que eu não te queria aqui.






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posted by saturnine | 22:34 | 0 Comentários


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degredo


afinal não conheço a natureza das palavras. só sei do cansaço e da perda. não sei, apercebo-me, para o que serve isto. o estar aqui. persistir na violência dos equívocos, saber - e insistir - que não há promessa de eternidade que se cumpra, ou dualidade que se faça encontro. somos estrangeiros, cavalgando a morte.





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posted by saturnine | 22:29 | 0 Comentários


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assombro


depois de 11 meses num labirinto de corredores escuros, julguei reencontrar o exterior, abrir os olhos doridos do hábito do negro, respirar claridade e luz. não imaginava, não supunha, que existissem ainda gigantescos túneis que nos encerram como campânulas de vidro.





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posted by saturnine | 21:03 | 0 Comentários


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domingo, 23 de novembro de 2003



apontamento inútil


sinto-me, estranhamente, à beira do bloguicídio.





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posted by saturnine | 23:33 | 0 Comentários


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about favourite movies #3







The beginning is a very delicate time. Know then that it is the year 10,191. The known Universe is ruled by the Padashar Emperor Shadam the Fourth, my father. In this time, the most precious substance in the universe is the spice Melange. The spice extends life, the spice expands consciousness, the spice is vital to space travel. The Spacing Guild and it's navigators, who the spice has mutated over 4,000 years, use the orange spice gas which gives them the ability to fold space. That is travel to any part of the universe without moving.
Oh yes, I forgot to tell you. The spice exists on only one planet in the entire universe. A desolate, dry planet with vast deserts. Hidden away within the rocks of these deserts are a people known as the Fremen, who have long held a prophecy that a man would come, a messiah, who would lead them to true freedom. The planet is Arrakis, also known as Dune.



'The sleeper must awaken'.


é de salientar que aos 10 anos de idade já eu sabia de cor, palavra por palavra, o guião deste filme.





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posted by saturnine | 17:04 | 0 Comentários


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carta a um amigo habitual #2


«Tu poderias ter falado tudo sobre o amor e muitas vezes não falaste. Eu queria que me dissesses o que era isso. O amor a que nunca tinha sentido o cheiro ou o tacto.
É ver-te a dois milímetros na escada rolante e não poder cair contigo. Desmaiar com o teu perfume que me faz cócegas na alma, caíndo de olhos fechados para trás, onde tu me apanhas com aquele sorriso de "eu disse-te!". É ter uma mesa de café entre nós e todo o espaço do mundo ali em cima. Mãos que tremem, percebes? Poderíamos ter escrito as histórias todas, inventado todos os dramas, e no entanto apenas passeamos entre os carros, no pó da aridez do Verão. Tirar os óculos, ter cuidado com a saia, lembras-te? Depois novamente um sorriso (esse tão silencioso) pelo equilíbrio tão precário dos saltos altos. Estava o mar lá ao fundo, agora que me lembro disso.
Era o mar no qual nunca mergulhei, e estava ali pertinho a ver-nos como nos viram antes aquelas noites frias de Inverno. A claridade lunar ampla e livre a envolver-te o rosto - e aí sim, souber ler qualquer coisa sobre o amor. Novamente o mar do lado de lá, e uma ponte. A ponte da qual gostava de ter caído. E o mais terno dos ventos fortes à porta do centro comercial. Onde tremo ainda hoje, onde sinto mais frio, antes um segundo apenas de entrar e te ver novamente nas escadas rolantes, depois a escolher CD's que me queres mostrar, mas que acabaram por ficar sempre esquecidos num espaço qualquer que não partilhamos. Mas o amor foi isso. O que ficou por ser. A perfeição encontro-a no que não me deste. E assim, tenho um amor-perfeito roxo no bolso, um exorcismo imperfeito deste amor que morre - se tanto adormece -, uma espécie de eco de uma série de desenhos vivos que guardei para ti. Ah, sim, é verdade... Não te esqueças da mão que construí. A mão com o torpor vermelho da entrega. Para que te pudesse reacender, como me acendias sempre os cigarros. Está escuro aí dentro, amor? Tens frio? Nunca soube como terminar cartas.

A tua A.»






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carta a um amigo habitual


«Certas noites de regressos têm-se tornado cada vez mais frequentes, e costumo perguntar-me se o tempo terá parado e viveremos meros ecos. Passamos duas horas no bar de janelas redondas, e vamos espreitando reminiscências de um passado difuso e constrangido. A conversa precipita-se e derrapa numa ou noutra escarpa desse abismo voltado para o mar que é este lugar distantes onde nos tacteamos, zunindo o vento de Agosto lá fora. É quando os olhares se cruzam e a conversa se tece no silêncio, dentro do olhar, onde se misturam as nossas viagens desencontradas até ao regresso último a esta praia deserta, exilada do mundo. Precipitam-se também os cigarros nervosos, tornando-se o corpo das mãos que na sua vida íntima não sabem onde pousar. Fecho os olhos e quase tenho as mãos sobre o teu pescoço. Depois sorris vagamente, estavas a falar de uma música qualquer de que eu já não me lembro, em frases que percebo que não ouvi. Não tenho onde pousar o olhar nesses momentos, e imagino-me então frequentemente do lado de fora da escotilha, desenhando pegadas na areia, espreitando a noite.

O céu de Agosto é o nosso céu, temos o nome escrito algures em pontinhos brilhantes que só se vêem ocasionalmente, em alguns lugares do sul. Depois falo-te dos meus últimos contos, desenrolo as histórias que me nascem dos dedos, tu fascinas-te pela minha escrita mas escondes sempre os mundos por onde ela te leva a passear. Segues tudo em silêncio, enquanto eu visto um corpo de personagem. Acabámos por resgatar do fundo do poço alguma conversa que me faz revolver as entranhas. Parece sempre que nos vemos pela primeira vez, com a mesma estranheza. Deixamos que a acidez dessas conversas morra interminada como a rebentação das ondas no fim da maré. O negro explode lá fora, perco o receio de te falar das paragens sombrias e dos túneis desérticos que visitei. Trago postais ilustrados do Inferno, assinados agora com um sorriso, e tu seguras-me na mão como quem se certifica que regressei inteira.

Não há espaço entre nós. Viramo-nos do avesso e encontramo-nos dentro um do outro. Não há pontes para atravessar, não há paisagem que possa contemplar. Temos um porto de abrigo sob o olho da tempestade, onde vemos estalar as frestas do Universo.
Tudo o que te peço nesses momentos é um reflexo, um entendimento, um brilho qualquer que me diga que o que trago não é só para mim. Se fecho os olhos vejo-te sorrir na iminência dessa brilho. Enquanto me pedes que não cinja os meus círculos de escuridão, sinto-me renascer perto de ti. Une-nos o silêncio, nos momentos em que ambos, por razões tão díspares como a cor dos nossos olhos, o procuramos, e encontramo-nos na solidão. Talvez por isso o silêncio se tornou efígie da perfeição, e não são precisas palavras para que leias na minha pele o ávido desejo de um beijo teu.»


6 de Agosto de 2001. quando ainda acreditava que os regressos eram possíveis. quando não sabia que destas pequenas mortes pouco sobra para continuar.





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[marcas a fogo de uma noite em claro]


When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fucking special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I want to have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice when I'm not around
You're so fucking special
I wish I was special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell I'm doing here?
I don't belong here

She's running out again
She's running out
She runs runs runs

Whatever makes you happy
Whatever you want
You're so fucking special
I wish I was special


But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong here

Radiohead | Creep


para ti, que sabes quem és, mas não estás aqui.






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sábado, 22 de novembro de 2003



[little black stone]


Minha pedra de peito
onde mordo onde morro
onde estás morto
movo-te.


os dedos em estilete
corto a fundo
pela carne magoada
encontro um pequeno
buraco negro
substituo
o coração
por uma pedrinha preta.





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[sobra-me a vida nas mãos de criança]


sempre persegui o sonho da vida que urgia.
eis afinal que ela chega e me encontra desprevinida.
mãe, como se volta ao tempo em que adormecer era fácil no teu colo?





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sexta-feira, 21 de novembro de 2003



retalhos e recortes #5


Sem escolha

Escrevo como vivo, como amo, destruindo-me. Suicido-me nas palavras.

Ruy Belo



Da irreversibilidade aparente

É irreversível o curso dos rios, o decurso do tempo. É irreversível a órbita dos planetas, o nascimento de um filho, a força da gravidade. É irreversível a marca a fogo do primeiro olhar, o esmaecer da beleza nos seres vivos, o percurso do amor na vida dos amantes, em direcção à morte.


Samsara

Como é possível morrer tantas vezes às mãos do mesmo algoz? Como entender que não haja mitridificação no envenamento por aquilo que se nos apresenta disfarçado de amor? Como pode a decepção fazer esvair em sangue toda a alegria, anos a fio, sem que o corpo aprenda a arte da fuga, ou a alma o dom do alheamento? Vende-se o que resta de lume por um sopro glacial de dignidade.




lido no modus vivendi. nenhum outro blog vive tão plenamente da essência do seu nome. com a Ana, aprendo a sobreviver aos dias, uma vez por outra.





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retalhos e recortes #4


Cal. Cal a abrir noites.
Junto às paredes, os dedos ardem.





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[carpideira]


41

Sei de uma pedra onde me sentar
à sombra de setembro quase no fim.

Havia ainda as mãos, mas tão cegas
que nenhuma encontrará o sol.

É o que têm: desejo de tocar
o barro ainda quente do silêncio.

Eugénio de Andrade | in Matéria Solar



45

Chove, é o deserto, o lume apagado,
que fazer destas mãos, cúmplices do sol?

Eugénio de Andrade | in Matéria Solar





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quinta-feira, 20 de novembro de 2003



about favourite movies #2





«You are free to speculate, as you wish,
about the phillosophical and allegorical meaning of '2001'.»


Stanley Kubrick



2001, A Space Odyssey internet resource archive
2001, A Space Odyssey (1968)
Kubrick 2001 | the space odyssey explained


* para continuar.





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[oh boy oh boy]


os meus amigos sabem o quão significativo é para mim este resultado, e por isso o publico, orgulhosa e comovida. B)

CWINDOWSDesktopFightclub.jpg
Fight Club!

What movie Do you Belong in?
brought to you by Quizilla





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acabou o tempo dos sonhos que pendem das árvores como cabelos.





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quarta-feira, 19 de novembro de 2003



about favourite movies





A 21st Century Noir Horror Film.
A graphic investigation into parallel identity crisis.
A world where time is dangerously out of control.
A terrifying ride down the Lost Highway.


[David Lynch, 21 June 1995]





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[a árvore dos sonhos]




«Vamos brincar
jogar à bola e ao pião
Vamos brincar
à cabra-cega, ao esconde-esconde»






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[para uma noite fria]

estremeço
desdobro-me em arrepio
mas ainda assim
não arrisco.






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cuts you up


A strange kind of love
A strange kind of feeling
Swims through your eyes
And like the doors
To a wide vast dominion
They open to your prize

This is no terror ground
Or place for the rage
No broken hearts
White wash lies
Just a taste for the truth
Perfect taste choice and meaning
A look into your eyes

Blind to the gemstone alone
A smile from a frown circles round
Should he stay or should he go
Let him shout a rage so strong
A rage that knows no right or wrong
And take a little piece of you

There is no middle ground
Or that's how it seems
For us to walk or to take

Instead we tumble down
Either side left or right
To love or to hate


Peter Murphy





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terça-feira, 18 de novembro de 2003



[gota de alento]




Don’t be a leaf if you can be the tree
Don’t be a raindrop if you can be the sea
For a leaf may fall but the tree remains
It may never rain at all but the sea remains
Better to be the tree and the sea.

See?

Don’t be a cloud if you can be the sky
Don’t be a feather be a bird and fly
Clouds roll by but the sky rolls on
And a bird can fly with a feather gone
Be a bird and the sky and a tree and the deep blue sea
Don’t be anything less than everything you can be.

Don’t be a sail if you can be the boat
Don’t be the lining if you can be the coat
It may lose its sail but a boat will float
A coat without a lining is still a coat
Better to be the boat and the coat

Don’t be the stick if you can be the drum
Don’t be the sugar be the plum by gum
You can break a stick but the drum will beat
Without a sugarcoat plums are good to eat
Better to be the drum and the plum and the coat and the boat and the bird and the sky and the tree
And the deep blue sea
Don’t be anything less than everything you can be

Don’t be the moo if you can be the cow
Don’t be the furrow if you can be the plow
‘Cuz you can’t get milk from a moo, no way
A furrow’s in a rut but a plow’s ok
Better to be the cow and the plow

Now,

Don’t be the sting if you can be the bee
Don’t be the 2 if you can be a 3
‘Cuz a sting can’t make you a honeybun
Take 2 from 3 and you still got 1
Better to be the 3 and the bee and the cow and the plow and the drum and the plum and a coat boat bird sky tree and the deep blue sea
Don’t be anything less than everything you can be

Don’t be the string if you can be the kite
Don’t be be the darkness if you can be the light
If you lose the string you can fly a kite
But would anybody ever fly a kite at night?
Better to be the kite and the light

Right?

Don’t be the tail if you can be the dog
Don’t be the bump if you can be the log
He can wag his tail but he can’t wag he
A bump without a log isn’t much to be
Better to be the dog and the log and the kite and the light and the tree and bee and the cow and the plow and the drum and the plum and the coat and the boat and the bird and the sky and the tree
And the deep blue sea
Don’t be anything less than everything you can be!

Don’t be anything less than everything you can be | Snoopy, The Musical





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[do desmazelo]


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
(...)


Álvaro de Campos


a tudo o que me chega falta responder. mas não há de mim que chegue para devolver a quem pergunta. mesmos estas linhas são de inequívoca violência. o cacto que habita o deserto e floresce na sua secura, mesmo assim, de um dia para o outro, seca demais e desaparece pela terra dentro. não deixa senão um resto de pele sobre a areia.
assim, inesperadamente, se esgotam as coisas. em absoluto, não há uma única coisa que consiga forçar-me a dizer.





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segunda-feira, 17 de novembro de 2003



[dos imperdoáveis]


também recebi um convite e por desmazelo não respondi. não me teria sido possível comparecer, são demasiados quilómetros, mesmo para que se mudasse o mundo às 3h da manhã. :) ainda assim, sossega-me um pouco a promessa deste título, faz-me acreditar que afinal ainda vale a pena sair de noite, que há coisas que se vêem melhor na escuridão. hei-de procurar o livro nas livrarias. obrigada, Luís.

posted by saturnine | 23:43 | 0 Comentários


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[à procura do rosto que me faz falta, encontrei isto]


poem
You are "Marlene Dietrich's Favorite Poem"

Depressed, Guilty, Regretful...Perhaps you have a
broken heart or are going through a rough time.


Which Peter Murphy song are you?
brought to you by Quizilla





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posted by saturnine | 21:23 | 0 Comentários


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Ancient Earth work fort and barrow
Discreetly hide their secret abodes
The most fearful hide deep inside
And venture not there upon Yuletide

For invasion of their hollow hills
That music hold and Oberon fill
Is surely recommended not
For fear of death, in fear of rot

Hollow hills
Hollow hills
Hollow hills
Hollow hills

Baleful sounds and wild voices ignored
Ill luck disaster the one reward
Violated sanctity of supermen's hills
So sad, love lies there still
So sad
So sad
Hollow hills
Hollow hills
Witches too and goblin too and speckled sills
Lament repent oh mortal you
So sad
So sad

Bauhaus | Hollow Hills





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posted by saturnine | 01:04 | 0 Comentários


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sexta-feira, 14 de novembro de 2003



[genealogias]


da massa confusa do Caos georu-se a escuridão e a luz. Nix [que personifica a Noite] uniu-se a Érebo[que personifica a escuridão do mundo subterrâneo]. ainda distante a imagem dos deuses vindouros, sucede-se a geração de abstracções que personificam princípios primordiais da existência. da união de Nix e Érebo nasceram, entre outros, Hypnos [o Sono] e Tanathos [a Morte]. esta desconcertante perpcepção do sono como irmão da morte não podia deixar de me remeter para as palavras de Peter Murphy, ele próprio adivinhando ou reafirmando que há uma proximidade indistinta, uma fronteira insondável, entre o abrandamento do corpo que dorme, e a paragem do corpo que morre:


Death is the surname of sleep, but the surname unknown to us
Sleep is the daily end of life; a small exercise in death
Which is it's sister


Shy | Deep


filho de Hypnos, Morpheus é a personificação do Sonho. percorre o mundo sem cessar e toca os mortais com uma papoila para os adormecer. tem a capcidade de assumir variadíssimas formas, com que suscita os sonhos humanos.
faz-me pensar se estará originalmente na escuridão a semente do imaginário. por dormirmos, é que sonhamos, aproximando-nos da morte. para depois regressarmos, habitados de imagens assombrosas. poder-se-á dizer que, para sonharmos, morremos um pouco?





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[da vulgaridade]


é oficial. voltei a vestir umas calças 36.
levou-me a tristeza cinco quilos da minha existência.
parece que afinal encolho, perco o corpo aos pedaços por aí.
sinto-me Alice a trincar os cogumelos, interrogo-me.
continuarei a desaparecer até que de mim nada reste que se veja ou agarre?





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quarta-feira, 12 de novembro de 2003



[isn't it ironic?]



posted by saturnine | 23:57 | 0 Comentários


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[eis que também me rendi à curiosidade dos testes]


You are Morpheus-
You are Morpheus, from "The Matrix." You
have strong faith in yourself and those around
you. A true leader, you are relentless in your
persuit.


What Matrix Persona Are You?
brought to you by Quizilla





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posted by saturnine | 22:16 | 0 Comentários


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três pinturas sobre o imaginário




Peter Bruegel | A Torre de Babel (1563)





Hieronymous Bosch | Jardim das Delícias [painel central]
ver painel esquerdo: O Paraíso. ver painel direito: O Inferno.






Henri Rousseau | O Sonho (1910)





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posted by saturnine | 14:48 |


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lido no quartzo, feldspato & mica:


Acaso estamos mortos e só aparentamos
estar vivos, nós gregos caídos em desgraça,
que imaginamos a vida semelhante a um sonho,
ou estamos vivos e foi a vida que morreu?

Paladas de Alexandria (séc. IV d.C.), tradução de José Paulo Paes, in "Paladas de Alexandria - Epigramas", Nova Alexandria, 1992.



recordou-me algo assim:


Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é pporque estamos
Nus, em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma bebrá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Sophia de Mello Breyner Andresen | Se todo o ser





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terça-feira, 11 de novembro de 2003



[now i need a picture]




Giorgio de Chirico | Melancholy and Mystery of a Street
oil on canvas (1914)






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posted by saturnine | 02:58 |


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e só uma música sobre o abandono


How many times do I have to say
To get away, get gone
Flip your shit past another lasses
Humble dwelling

You got your game, made your shot
And you got away
With a lot, but I'm not turned-on
So put away that meat you're selling

'Cause I do know what's good for me
And I've done what I could for you
But you're not benefiting, and yet I'm sitting
Singing again, sing, sing again

How can I deal with this, if he won't get with this
Am I gonna heal from this, he won't admit to it
Nothing to figure out, I got to get him out
It's time the truth was out that he don't give a shit about me


How many times can it escalate
'Till it elevates to a place I can't breathe?
And I must decide, if you must deride
That I'm much obliged to up and go

I'll idealize, then realize
That it's no sacrifice, because the price is paid
And there's nothing left to grieve
Fuckin' go

'Cause I've done what I could for you
And I do know what's good for me
And I'm not benefiting
Instead I'm sitting singing again, singing again
Singing again, sing, sing, sing again

How can I deal with this, if he won't get with this
Am I gonna heal from this, he won't admit to it
Nothing to figure out, I got to get him out
It's time the truth was out that he don't give a shit about me
.

Fiona Apple | Get Gone





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posted by saturnine | 02:40 | 0 Comentários


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dois poemas sobre os mortos


Os mortos aconchegam-se, no outono,
aonde, sendo mais secas,
as folhas juntam o pródigo tesouro
da tristeza.
O seu distúrbio, em torno
dos negros troncos, festeja
o fragilíssimo lugar, o modo
de estar cedendo, a transparência
ao movimento universal do sono
que acorda adequação de inteligência.
E é desse lado que os mortos
sua inocência irrequieta
avivam. E aventam o ouro
outonal das folhas secas.

Sobre os mortos | Fernando Echevarría
Ed. Afrontamento (1991)




Nunca, entre tanta serenidade,
poderia pousar uma crispação, uma recusa
ou um brusco estremecimento do coração
desmedido. Não conhecer a paixão
é o privilégio dos mortos. Entre a mão
e a barca,
entre o silêncio e a aridez,
entre a claridade
e o tremor
caem as sombras sobre a água como
a roupa se desprende e cai do corpo desejado,
entrevisto
como de tanto amor se tece a Morte!

A ilha dos mortos | Luís Filipe Castro Mendes
Quetzal (1991)






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dois poemas sobre os gatos


Um gato, em casa, sozinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.

O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.

Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.

Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.

Nuno Júdice | Zoologia: o gato



Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Poque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa





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segunda-feira, 10 de novembro de 2003




juro que não faço de propósito para me molestar. é que só mais tarde perceberei que me faço mal. só tarde demais sabemos arrepender-nos.





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dancing in the dark


a característica mais imediata do abismo é a nitidez das imagens. é um estado ampliado de consciência [awareness resultaria melhor] em que o menor estímulo pode ter consequências desastrosas. subitamente, vemo-nos habitados por imagens vívidas, desconcertantes de tão lúcidas, que nos gritam para serem escritas. e todo o mal consiste em darmos-lhes ouvidos. o bom senso implora-me que as deixe silenciadas. que faço eu de mim? esgoto-me nos espaços entre as palavras.





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gosto do som destas palavras. estilhaços. destroços. escombros. ruínas. pouco a pouco, construo o meu próprio dicionário de desastres. o meu corpo acomoda-se a este estado fragmentário, a este perpétuo desmoronamento interior que reduz as palavras a cinzas.





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abissal


é possível que haja um velho contador de histórias sentado no fundo do abismo. é possível que seja sua a respiração quente que ondeia em redor das paredes altas. é possível que seja a sua voz calada em mim o reconhecimento dos contornos deste negro.





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residual


ultimamente tenho as horas todas trocadas. o meu corpo não encaixa nestes dias. durmo num absoluto desajuste temporal. durmo mal e acordo assombrada por emoções fortes, resíduos intensos do vazio que me sobra dos sonhos, e a primeira coisa que sinto é uma falta imensa, a certeza de uma ausência que veio para ficar. instalou-se uma pedrinha preta no meu peito. dói-me este acordar, a dolência subsequente que me acompanha durante as tardes, e mais uma vez a impressão de que este corpo não me pertence. temo que um dia destes me dê uma coisinha má. que sucumba a um mal de acordar em sobressalto de saudade.





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voodoo girl




[if only you'd come back to me
if you laid at my side
would need no mojo pin
to keep me satisfied
]

Jeff Buckley. Grace.





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domingo, 9 de novembro de 2003



retalhos e recortes #3


pressinto que escreverei muito. e que procurarei nas palavras dos outros o que não devo. Luís Sepúlveda dizia hoje, na RTP 2, que as palavras são a coisa mais bonita do mundo. senão vejamos:

«(...) Sob a casa de passar as tardes corre um rio de lava. E nos céus um alarme de mudança.
Há segredos nos textos. Textos secretos, contraria o meu guardião. Controvérsia antiga.
Um corpo dói, quando se desperdiça. Doença das palavras, chama-lhe o meu guardião.
Todos os dias o meu guardião sacode o seu pó de ouro.
Digo: não sei. E depois falam-me com palavras frouxas.»


lido no campo de afectos.

Uma vontade de chorar quando o corpo se excede.
como um caule que seca, é o corpo depois das lágrimas.
cacto já sem deserto que o habite.

Passado o engano, abrigo-me no escuro.
resta apenas o medo. o desencontro já passou, agora
é só esperar que a longa e negra noite se esgote.

Breves fracassos. Nunca as promessas se cumprem.
que fazer com os restos mortais das minhas ilusões?





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sei que estás aí. tu, que não tens paciência para me ver arder.
e é assim que numa noite só dou cabo de todas as manhãs azuis que conquistara.





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dos desertos #2


não acredito em manuais de sobrevivência. a experiência - ou a escrita - não salva de coisa nenhuma. só a custo do meu próprio corpo - que perco em pedaços se inadvertidamente me movo - construo uma possível cartografia do deserto. não sei de mim o que deixei por todo o lado. reconheço apenas o ritmo destes passos antigos, semelhante ao som de uma cidade devastada. não está vento, não está frio, não está noite escura. está tudo apenas seco. seco e parado e em absoluto silêncio. dói-me, possivelmente, o pouco ser que sou estendido contra o chão.





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dos desertos #1


hoje caminho em carne viva, e arde-me a falta de pele. tudo o que toco me desfaz. recordo-me de Al Berto, dos seus astros em chamas, do Lunário e da mulher que escreve ao amante que partiu para sempre: consegues ver que estou a arder?





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ashes to ashes, dust to dust.





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sexta-feira, 7 de novembro de 2003



visceral #5


não era a brincar que o Shrek dizia que o indivíduo se compunha de 'camadas' (layers), como as da cebola, nem é pensamento para ser desconsiderado. dia a dia revolvo e exponho as minhas camadas internas, percebo que o meu pensamento se organiza por estratos. percebo que a angústia prolongada remove camadas superficiais, deixa o corpo em carne viva. e é aí que se encontra a matéria nuclear do que somos, mais bruta, mais frágil, mas que ainda assim - dúctil como o ferro em brasa - nos coloca face à tristeza com a implacabilidade da lucidez.



Procelária | Sophia de Mello Breyner Andresen

É vista quando há vento e grande vaga
Ela faz o ninho no rolar da fúria
E voa firme e certa como bala

As suas asas empresta à tempestade
Quando os leões do mar rugem nas grutas
Sobre os abismos passa e vai em frente

Ela não busca a rocha o cabo o cais
Mas faz da insegurança a sua força
E do risco de morrer seu alimento


Por isso me parece a imagem justa
Para quem vive e canta no mau tempo.






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quinta-feira, 6 de novembro de 2003



visceral #4


foi há quatro anos. até então, nunca tinha descoberto Novembro. não sabia que as noites de Inverno eram tão assombrosamente luminosas, e que junto ao rio um rosto se poderia abrir para mim inteiramente reconhecível. o que vi nessa noite é o que me impede hoje de seguir em frente [sem ti].





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visceral #3




confesso que não sabia. Sophia de Mello Breyner Andresen, 6 de Novembro de 1919. as suas palavras carregam a minha vida. é apenas justo que comemore o aniversário de nascimento no mesmo dia em que eu comemoro o aniversário do meu (re)nascimento.


Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem



também aqui e aqui e aqui.





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quarta-feira, 5 de novembro de 2003



visceral #2


a coisa que mais abomino é o engano. é, de tudo o que o mundo engendra, o que há de mais vil. os encontros que não se cumprem, as vidas inacabadas, os sonhos em ruína. perguntou-me hoje uma amiga, que farei com os restos mortais das minhas ilusões? que se faz a tudo isto que já não serve para nada?





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visceral #1




A short album about love | The Divine Comedy


have you ever wondered why
i could never make you cry?






Without you I am nothing | Placebo


take the plan, spin it sideways
without you, I'm nothing at all



tinha 20 anos. não sabia que estava ainda para nascer, que a minha vida não tinha ainda acontecido. é amanhã o dia daz cinzas feitas carne.





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«Just picture this kind of darkness and this wind going through these needles of the Douglas firs and you start getting a little bit of a mood coming along. And if you hear footsteps and you see a little in the window and you start moving toward it, little by little you're sucked in. And a mood, this fantastic mood and a sense of place comes along, and hopefully you like to go back and feel this each week.»

David Lynch






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posted by saturnine | 02:59 |


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the black dog runs at night


não foi de propósito. foi uma estranha sintonia. mas Twin Peaks está por todo o lado na Janela, e começa a espalhar-se por aqui também. tenho os dois CD's das duas bandas sonoras a tocar alternadamente. tinha saudades desta soturnidade, que é como regressar a casa, àquilo que sou.

a Cristina levou-nos a dar um passeio por The Lynch Road, eu convido-vos a visitarem a sua City of Absurdity.




«i like darkness, confusion and absurdity,
but i like to know that there's a door i can escape
into an area of happiness.»

David Lynch






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a primeira vez em que me confrontei com a ideia de que haveria algo de errado comigo, apareceu-me esta música:


Questions in a world of blue | Twin Peaks - Fire Walk With Me B.S.O.

Why did you go
Why did you turn
away from me?
When all the world
seemed to sing
Why, why did you go?

Was it me?
Was it you?
Questions in a world of blue

How can a heart
that's filled with love
Start to cry?

When all the world
seemed so right
How, how can love die?

Was it me?
Was it you?
Questions in a world of blue

When did the day
with all its light
turn into night?

When all the world
seemed to sing
Why, why did you go?

Was it me?
Was it you?
Questions in a world of blue
Questions in a world of blue

vocals: Julee Cruise | lyrics: David Lynch | music: Angelo Badalamenti





agora que sei que há algo de errado comigo, uma ausência, a música regressa. se isto não se chama tristeza, então não sei.





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you're lost, little girl*


não queria. juro que não queria. este tempo todo fugi porque não queria. mas hoje voltei a entrar naquele quarto. a porta rangeu quando a abri, o escuro escapou-se e cobriu-me as mãos antes ainda de perceber a mesma humidade fria agarrada às paredes. não é o vento do deserto, não é a memória das unhas roídas, não são os olhos a fitar-me do fundo do abismo. é apenas silêncio e treva, um desmoronamento interior, uma ruína de alma, uma secura nos lábios porque o mundo afinal não se cumpre nas palavras. é um olhar a morte nos olhos, sabê-la matéria da nossa matéria, não um desejo de morrer, nunca desejo de morrer, saber apenas que, a cada dia, se morre.


* a little girl lost in the woods.





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terça-feira, 4 de novembro de 2003




surpreendo-me a consultar os males comuns em busca do que me distinga surpreendo-me, insistentemente,
a dispersar a morte com as mãos

mas a sua matéria escura trago-a
agarrada aos dedos
o peito desarranjado desmanchado
e é assim
que a morte vai cobrando a negrura
que lhe devo
de tanto conversar com um canto
que só me diz de mim o que morre.





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não há que ter contemplações ou complacências: às vezes só mesmo um sopapo bem dado e um insulto a condizer resolvem tanta fúria contida perante a mediocridade. [oh, as minhas extrapolações magníficas]





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não seria possível. todo o texto resiste improvável. este desmoronamento interior desapropria-me das palavras. o que escrevesse - ou apenas para redundar o que não escrevo - só resultaria em desassossego visível. 'desassossego' é palavra que preferia não recordar. lembra-me isto e o quanto os meus pés tremem na margem de um lugar obscuro:



sozinha sou um desastre. dou cabo de mim quando me perde de vista aquela que não me deixa esquecer que o pouco 'eu' que sou também vale a pena guardar. sozinha, é isto que faço de mim. que vergonha.





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segunda-feira, 3 de novembro de 2003



and the invisibility goes on


antes, procurando um espaço vago num coração onde pudesse habitar, sempre pensei que não havia espaço suficiente onde eu coubesse, só corações demasiado preenchidos para o sacrifício de acolher-me. hoje não. sei que, à medida que encolho e definho, me torno transparente, invisível, mesmo intangível. e por isso mesmo não se trata de uma questão de falta de espaço, mas de excesso dele - eu não tenho é existência que chegue para ocupar seja que lugar for. porque é que não me vês?





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exercício #4


não penses tanto. não sintas tanto. e já agora - porque não? - não respires tanto.





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sábado, 1 de novembro de 2003



lo dia de los muertos


é este o mês que temo, e ei-lo que chegou e me encontrou ainda desprevenida, ainda atrasada, resgatando apressada o que de mim ainda permanece em Outubro. novamente o chão de cinzas, a certeza de um inferno mais abaixo, e o meu corpo acomodado à medida desse plano de terra. um cinzento inequívoco, que é o que anuncia que o inverno já está por dentro da massa febril destes dias curtos, demasiado curtos para que caiba neles um qualquer sonho de amor. aproxima-se o dia que me aflige, logo me contorço em arrepio, Novembro é um mês de medo de espanto de assombro, fala-me novamente esse canto que tão bem me conhece do que não posso, do escuro que transborda das minhas pálpebras e me faz transportar dias mais negros. nunca se sabe do pouco que se morre em cada estação que passa, até que um fosso de tempo nos conceda a visão lúcida da distância. morro, mais uma vez, porque me ensinaste que é preciso morrer para renascer. aprendi o desfalecimento das fénix. ardo e sucumbo. mas como Perséfone, regresso. ou como dizia um outro, eu vou mas volto.





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there's a little black spot on the sun today


por causa de mais uma pesquisa no Google de alguém que me procura, hoje descobri que o little black spot afinal também tem uma imagem tridimensional - já não sou original. é uma escultura de Andrew Barton:



Little Black Spot (1996)
120x 65 cm, stoneware, bees wax






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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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