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quarta-feira, 4 de novembro de 2009
i've seen the life on this planet, that's why i'm looking elsewhere *
não é bem verdade que nada se compara à miséria de um emprego: eu dar-me-ia por contente se tivesse um emprego, mas o que acontece é que o que tenho é só trabalho e algumas chatices. isso é que é a verdadeira miséria. deixei tão abandonado, a meio, o meu A História Fabulosa de Peter Schlemhil de Adelbert Von Chamisso, que pela primeira vez na vida perdi o norte a um livro. não sei onde está, desde a última vez que lhe peguei. entretanto, para compensar, comecei o fabuloso Good Omens de Terry Pratchett e Neil Gaiman, que é exactamente o livro que me apetece ler nesta altura do ano, mas que por motivo do meu grande sono acumulado em consequência de um atropelamento de cansaço, não consegui ir ainda além das duas primeiras páginas. é assim que, juntando o útil ao agradável, encontro o livro perfeito para mim nestas condições:
o universo do imaginário-fantástico-deste-mundo-mas-que-parece-de-outro-ou-vice-versa é o meu escape. e tenho horas de entretenimento garantido. que é como quem diz, uma vida inteira, considerando o tempo livre disponível.
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terça-feira, 20 de outubro de 2009
a funcionária cansada
gosto do Manuel de Freitas porque o descobri numa altura em que descobria também uma certa beleza do desencanto, cenário em que ele - o Manuel de Freitas - se convertia para mim no poeta icónico dos destroços do quotidiano, dos gestos banais, em que a poesia perde uma certa qualidade quintessencial mas ganha uma riqueza que advém dos jogos da literalidade. ontem à noite recordei-o ao ver o meu próprio quotidiano esquartinhado, comprimido e oprimido pelas forças implacáveis de uma rotina subjugadora, que quase não me deixa tempo para respirar quanto mais para a poesia e me leva furiosamente ao (re)encontro do manifesto pela proibição do trabalho:
A fome, o desamor, o desabrigo, nenhum mal é comparável à miséria dum emprego
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terça-feira, 5 de maio de 2009
all work and no play...
é preciso levar muito a sério esta coisa dos malefícios do trabalho. eis-me finalmente chegada à estação Albert Cossery, para descobrir que num determinado vale fértil há um certo grupo de mandriões que suspeitam - horrorizados - que há por esse mundo fora - que despautério! - gente que trabalha. no Fahrenheit 451 tinham uma certa razão, a leitura é actividade extremamente perigosa. as sementes que planta no cérebro de um indivíduo, sabe-se lá por onde estenderão as suas raízes. crescem, crescem, testando os limites do corpo. até que ponto pode crescer, inflamar-se e alimentar-se um desejo de anarquia, sem que a pele ceda e a carne estale? como ser convictamente revolucionário, mantendo exteriormente a firme aparência de concordância com O Sistema? eu cá não sei. bem preferia era fugir de uma vez por todas para Pasárgada. enquanto isso, entretenho-me com o Manifesto Contra o Trabalho.
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terça-feira, 19 de agosto de 2008
já dizia o outro: all work and no play makes Jack a dull boy
«Discipline is the distinctively diabolical modern mode of control, it is an innovative intrusion which must be interdicted at the earliest opportunity. Such is "work." Play is just the opposite.»
eu e o Samuel andámos (além de ler umas coisas esquisitas na net) a ter umas conversas sobre os malefícios do trabalho. a investigação para a fundamentação científica é toda dele. eu só me ofereci para estudo de caso: eu sou nitidamente muito infeliz por causa do trabalho. não é uma questão de não gostar do que faço (gosto), é só não gostar de fazê-lo durante tanto tempo, quando há outras tantas coisas infinitamente mais importantes à minha espera. os livros, os passeios, as tardes de ócio absoluto, o cinema, até - caraças - os amores e as paixões. o meu problema é de raiz: eu não encaixo neste sistema (para mim era a abolição do trabalho, claro), mas não há muito como escapar-lhe. é a guerrilha ou a fuga para Pasárgada. como eu me vejo mais depressa de margarita do que de kalashnikov na mão (e estou certa que o Samuel também), algo me diz que o nosso escape passa mais pela fuga hedonista. bora para Pasárgada!
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quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Yo a mean bad ass mothafucka, don‘t let ‘em tell ya what to do
David Hockney | "Pearlblossom Highway"
o que a presente banda sonora deste blog me provoca é um desejo quase insuportável de largar raízes e partir. viajar. fazer de conta que não tenho idade para ter juízo, que não há trabalho à espera, nem responsabilidades castigadoras sem propósito de eloquência. fazer-me à estrada, partir, demorar muito a voltar. hei-de treinar ao espelho o meu ar de mean bad ass mothafucka e repetir vezes suficientes esta oração: I ain't no chicken shit. há-de haver uma qualquer aventura incrível à minha espera. mundo, mostra-me o caminho.