domingo, 3 de julho de 2011



O ponto de vista dos demónios #36


É uma espécie de purgatório, a idade balzaquiana, que abriga a metamorfose que se desdobra, demasiado lentamente, entre a adolescência e a verdadeira idade madura. Saber o que fazer com os demónios domesticados, acomodá-los nos recantos escondidos da casa, esperando qualquer coisa entre o tumulto apavorado da insónia e a familiaridade da convivência ao redor da mesma mesa. Esperar o tempo em que a urgência do próprio sono se desmaterializa, o tempo de uma refeição partilhada de igual para igual, quando os dias não mais se alimentarem dos meus ossos.





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sábado, 8 de janeiro de 2011



Noite, o dia inteiro


Dan Auerbach foi o meu melhor vício do ano passado. Não tenho listas, não tenho vencedores nem vencidos, nem hierarquias de predilecção determinadas a régua e esquadro pelas falácias do Last.fm. Só tenho grandes amores, que vão crescendo e, quando se vira a página, assinalam marcos nas memória afectivas. Foi o disco perfeito para um verão on the road e continua a ser o disco perfeito para a melancolia dos dias de temporal.


A música que eu deveria ter resgatado na outra noite, afinal era esta. Quando qualquer coisa estala e parte, esta é a pequena luz que entra pela fresta. É a música-amuleto que põe o dedo na ferida, mas mantém os demónios afastados.





Dan Auerbach | When the night comes




When the night comes
And you lay your weary head to rest
No more trials, no tests
When the night comes
When the night comes
You dont have to be afraid
Of any choice you made
When the night comes

Dont be afraid
Youre only dreaming…(repeat)

When the night comes
The headlines read
Whatevers in your dreams
When the night comes

When the night comes
And you lay by the one you love
The one who knows you and the things you do
When the night comes

Dont be afraid
Youre only dreaming…


When the night comes…






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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011



Post Scriptum


Ainda assim, é um equilíbrio tão precário, a sobrevivência. Uma trégua arrebatada à força de dentes e unhas, que não esconde o pavor do desmoronamento. É como jogar à cabra-cega com os velhos demónios - raios os partam, a gente ganha, mas eles continuam a jogar. Por isso, para que esta noite não lhes pertença, cerro punhos e ranjo dentes e não cedo à tentação: ia buscar uma outra música do Robert Forster, uma que me dói muito, porque na verdade me apetecia massacrar um bocadinho as velhas feridas, mas acabei por trazer esta:






Robert Forster | Let your light in, baby






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A pedra mínima do ponto de vista de Bartleby


É verdade que a construção de um "eu" literário não ocorre sem solavancos, ou surpresas inesperadas, súbitos acessos de vergonha, ou rasgos de imprevisível admiração. Não somos sempre aquilo que já fomos, e nem sempre os lugares familiares nos pertencem para sempre.

À força de tanto massacrar o lugar da ferida (oh, a insistência na persistência da memória...), a pele inesperadamente endurece, impermeabiliza-se: cicatriza. Não se deixa massacrar. A fina sensibilidade que permite uma devoção sem par ao género poético pode tender, num primeiro momento deste exercício de sobrevivência, a incitar a um gesto de recusa: a minha pedra polida, perfeita e minimal, tornou-se tão mínima, tão mínima, que quase se evaporou. A poesia existe algures dentro do meu corpo apenas como um grão de areia, indelével, mas vagamente imperceptível.

A minha pele endureceu e eu não consigo manusear a subtileza dos versos como antes. Gosto de outras coisas. Gosto menos da escrita como agressão. É como o Bartleby, também prefiro de não. As palavras já não encenam, a cada momento uma pequena morte. São outra coisa. São uma coisa qualquer à procura de nome, à procura de lugar. Nos últimos tempos, o grande silêncio em que a exaustão me levou a mergulhar quase me levou a crer que se extinguira em mim qualquer coisa: a capacidade de dizer, a acapacidade de ser.

Mas está tudo lá, de novo inesperadamente: o universo inteiro no meu grão de areia. A poesia volta toda a fazer sentido quando regressa ao lugar do fascínio e da aprendizagem inicial: em tempos de desordem, angústia e terror, o sono não possui qualquer domínio. O medo, contudo, não soçobra, pois por aqui já aprendemos a rodear-nos de bom juju. A límpida medida de Sophia de Mello Breyner Andresen sublinha a razão por que consigo atravessar, a custo, o deserto da insónia:




Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte

Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento






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quarta-feira, 11 de agosto de 2010



foi assim:


As férias de verão - para quem gosta do verão, como eu - representam o melhor momento do ano, a hipótese de fazer um reboot, de esvaziar a cabeça das agruras do inverno, de esquecer que a vida é difícil e começar de novo. Este ano, pela primeira vez, regressei a casa sabendo que é a minha casa, que esteve fechada e sozinha este tempo todo à minha espera, e essa sensação é, de igual modo, reparadora. Deve estar na altura de reler a Teoria da Viagem do Michel Onfray, é o que é.


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Depois de ter visto este post do Bibliotecário de Babel, não resisti a elaborar mentalmente, de imediato, os meus próprios resumos de férias. Em particular, porque temos alguns lugares em comum. Assim, se eu fosse fazer um top das melhores experiências de férias, seria qualquer coisa como isto:


Melhor areal: Praia da Falésia (Açoteias)
Melhor banho de mar: Praia do Cabeço (Azinhal)
Melhor passeio de fim de tarde (com direito a ostras e amêijoas): Cacela Velha, onde as ruas têm todas nomes de poetas
Melhor restaurante: Sacas (Zambujeira do Mar)
Melhor descoberta gastronómica (doce): bolo de gila e amêndoa, no Azinhal
Melhor objecto: a combinação guarda-sol/cadeira de lona, para as leituras no areal
Melhor céu nocturno: Aljezur (a 4km da povoação)





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terça-feira, 20 de julho de 2010



the hard way


A vida custa. Crescer e essas coisas. A gente acaba por ter que se ocupar de coisas pouco eloquentes como por a roupa a lavar depois dos festivais de verão. Intriga-me - eu, uma blogger compulsiva e inveterada com 7 (SETE!) anos de little black spot ter, recentemente, tão pouco para dizer ao mundo. Tenho uma certa saudade do tempo em que a minha vida efectivamente dava um post, e me dava ao luxo de passar o tempo a construir o drama da minha vida segundo o design cautelosamente delineado de uma complexa rede de implicações líricas.
Mas aí é que está. viver à custa da lógica sem lógica dos posts é respiração assistida, sobrevivência com os dias contados à partida. Quer dizer, não me entendam mal, continuo a ser uma blogger profissional de alto nível. Continua a ser bonita a construção lírica dos dramas quotidianos. Gosto do poder simbólico das imagens e das letras e gosto da ideia de que isto anda sempre tudo ligado. Mas há outras coisas, a vida dentro da vida. Vivo melhor desde que penso menos - o que significa que penso melhor. Deixei de ter tempo para dizer coisas ao mundo quando descobri que bom bom é fazer as coisas.
Ufa, a adolescência já passou. Que alívio, foi só um sonho mau. Ainda sou uma personagem aqui dentro, mas já não uma little trouble girl. Sou apenas uma regular girl com um conhecimento preciso do inferno. Este ano, troquei The National pela Sharon Jones e os seus Dap Kings e soube-me bem. Ah e tal, a depressão é muito fixe e coiso, mas na hora da verdade o soul é que rula.







Sharon Jones & The Dap Kings | I learned the hard way






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quinta-feira, 11 de março de 2010



hello darkness, my old friend


hello darkness, my old friend* há-de sempre ser um lugar recorrente a que nunca poderei, em absoluto, escapar. mas pelo menos resta-me o conforto de que, se tenho que ir volta e meia escuro adentro, não vou sozinha. passei a vida toda a pensar em como tinha que pensar sobre as coisas para as conseguir resolver. a grande lição desta fabulosa década é que enquanto se perde tempo a pensar nas coisas, elas esgotam-se antes de as vivermos. e isto porque acabei de ver há dias o UP, que não obstante ser um filme de animação, tem uns primeiros vinte minutos dignos do melhor cinema live action. e o meu humor congratula-se com momentos destes. felizmente com a adolescência passa a fúria desenfreada de querer muito dominar a metafísica. reflectir é bom, mas não é tão bom espremer todo o sumo das coisas, até que nenhum sentido reste. nesta minha primeira primavera balzaquiana, o que eu quero é saborear muito bem cada gomo de cada fruto. conservar uma nota aromática ou outra, apreciar os prazeres. quando chegar o outono e a escuridão, voltaremos a reflectir.




* Simon & Garfunkel



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quarta-feira, 21 de outubro de 2009



música no coração #8


há um ano atrás, houve uma primeira música, uma espécie de preâmbulo, um entreabir de porta, uma leve suspeição, que deixou a pista enquanto eu chorava baba e ranho pela miséria da minha vida:



if you don't bring up those lonely parts
this could be a good time







i picture you and me together in the jungle
it will be ok





hoje, se o outono arrasta consigo a melancolia, já tenho um primeiro soldado para uma frente de combate eficiente. e se o mundo acabar, não faz mal.









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x. mark.


durante muitos anos a maior parte de mim esteve demasiado colada a um sentimento desolador de desconcerto total - eram os Demónios Interiores do Jorge Palma, que também eram os meus, raios os partam, eram os Passos em Volta do Herberto Helder e eu que, se quisesse, enlouquecia, por não aguentar a desordem estuporada da vida. era todo o cansaço do mundo e uma rotina de nervos esfrangalhados. man, era a história da minha vida, desastrada e sem rumo, uma tragicomédia em seis actos, na qual eu poderia meter qualquer Dama das Camélias num bolso. hoje, tenho poucas saudades dessa parte de mim que poderia estar toda traduzida num dicionário de metáforas líricas doridas, compiladas ao longo de quase sete anos de little black spot. vai-se ao inferno e volta-se. certo, nunca se pode voltar ao desconhecimento do inferno. seja. o que eu não quero é ser a vida toda uma little trouble girl *. pago contas e tenho que fazer o meu próprio jantar, não há tempo para essas coisas.




* Sonic Youth




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domingo, 23 de novembro de 2008



against demons/ o ponto de vista dos demónios #35


que fazer quando o amuleto se parte, desfaz em fumo, e estamos sós no centro desse círculo escuro da noite, em redor do qual os demónios aglomerados olham, esfomeados, pacientes, a ferida aberta de um corpo?





Michaux, o teu amuleto também se partiu. um lugar onde pousar a cabeça. ou um céu porque já não há sítio nenhum onde pousar a cabeça.





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quinta-feira, 30 de outubro de 2008



massagem cardíaca


o outono entra pela casa dentro galopando com a sua luz fria pela janela. o cheiro do meu corpo é outro cheiro. Cat Power e Richard Hawley cantam um para o outro em lugares opostos do meu quarto, solitários, buscando-se. a minha cabeça está cheia de imagens em movimento, quase uma vertigem. como cair no vazio de olhos fechados, atirando o corpo contra a memória de outro corpo. uma canção - tal como um corpo - encerra subitamente todas as coisas do princípio e do fim do mundo.


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quinta-feira, 23 de outubro de 2008



do imprevisto do reconhecimento


não é que seja propriamente que uma canção nos salve. mas por vezes, numa dessas muitas horas difíceis das noites em que um bicho que escala deveria dormir e não dorme, acontece tropeçar no conforto da familiaridade. podemos sempre ser freaks - desde que não nos sintamos nós.


.



There's a poem that she wrote
And hid under the mattress,
And if you find it please leave it alone.
With a picture she took of a girl on the subway,
With orange barrettes
And the saddest face she's ever known.
As Rachael starts to wonder
Was it hers to begin with,
Or was the memory from someone else's sleep.
Cause there's a hole in her heart
That still harbors a question,
Whose answer just might break it

So she's hanging on.
At least it's hers to keep.
So I asked her:

"What if this does not belong to you,
And all the things you thought were true
Turned out to just be someone else's lies"

Baby this does not belong to you,
This does not belong to you.
This does not belong to you.

There's a fleck in her eye that no one ever noticed,
A pretty birthmark for suck a beautiful face.
All the men from her past
Seem to have left her abandoned,
I guess there's some things
That you can never erase.
I've seen her play with her hair
In a moment of tension,
I've seen her with her guard down ready to cry.
Cause there's a hole in her heart
That still harbors the question,
Whose answer just might break it,

Still she's hanging on,
Cause no one wants to die.
Then she asked me:

"What if this does not belong to you,
And all the things you thought were true
Turned out to just be someone else's lies"

Cause baby this does not belong to you,
This does not belong to you.
This does not belong to you.

She Wants Revenge | Rachael




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quarta-feira, 15 de outubro de 2008



o ponto de vista dos demónios #32


à mais difícil hora nocturna, quando o vazio se precipita dentro do peito como um corpo em queda veloz do cimo de um arranha-céus, é quando procuramos qualquer coisa que nos salve. para descobrir, tardiamente, que não há nenhuma palavra, nenhuma canção, nenhum poema, onde não há braços e lábios e pele. à mais difícil hora nocturna, somos abandonados. nenhuma das nossas canções cumpriu a sua promessa de circunscrever a nossa vida.





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domingo, 21 de setembro de 2008



random: dance, dance, dance






The National | Mistaken For Strangers







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TABULETA: andamos em (imperceptíveis) obras, trabalhos forçados, mãos na sujeira. resultado: finalmente um template ideal, sem desatinos, sem chiliques, sem linhas de código caóticas e desordenadas, com o espaçamento de linhas desejado, sem a merdinha dos sublinhados nos links, sem sofrer desajustes e afins amuos na passagem do Firefox para o Internet Explorer (ou vice-versa), enfim... um template perfeito. i'm so good i make myself sick.


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sábado, 16 de agosto de 2008



I don't know what I have done: I'm turning myself to a demon *


duas coisas de que eu gosto muito muito muito: dos pintores marginais do gótico e pré-renascimento, da sensação de absoluta surpresa e novidade ao escutar um primeiro disco de alguém. quando as duas coisas aparecem juntas, é o paraíso. ou é o inferno. ou são as delícias terrenas ** , não sei bem. é qualquer coisa para tranformar este blog novamente numa chafarica sonorizada e ilustrada:






Pieter Bruegel, o Velho | Provérbios



Fleet Foxes| He doesn't know why






* Fleet Foxes
** Hyeronimus Bosch

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sexta-feira, 16 de maio de 2008



against demons


against demons é um amuleto. se eu tivesse etiquetas neste blog, esta seria a número um. um amuleto, uma gárgula, uma coisa inventada, mágica, simbólica, que mantém afastadas as investidas das trevas. aqui, against demons é a música que preenche os meus dias, a certeza de que o pop/rock é mesmo um dos assuntos mais sérios da vida, e que trazer por dentro uma canção é uma protecção, como quem ostenta um qualquer objecto da sorte contra a matéria má dos dias.
há uma meia dúzia de canções (bem, na verdade bastante mais que meia dúzia) que intercedem por mim quando as sombras se excedem e ameaçam. do que dói, defendo-me cuspindo versos. neste momento, poderia já arriscar uma enciclopédia dos afectos, primorosamente cartografados em pedaços de músicas. isto tem a sua relevância. de um modo geral, busca-se sempre um sentido. para o mundo, para qualquer coisa. não aguentamos a desordem estuporada da vida.* precisamos que alguma coisa nos diga qualquer coisa. a Rita arrisca tão bem uma explicação para o deslumbre do rock: é ter meia dúzia de gajos que conseguem dizer a uma geração de jovens adultos qualquer coisa que lhes diga alguma coisa. somos todos estranhos e temos as vidas fodidas, mas não estamos sós. dito de outra forma, pela mãos dos Shins, qualquer coisa como


So affections fade away,
And do adults just learn to play
The most ridiculous, repulsive games?


Turn on me




por isso é que há dias a fio só tenho duas coisas no meu leitor: The National e The Shins. que por um qualquer efeito mágico, são ambivalentes. droga e antídoto. veneno e bálsamo. aos primeiros, pergunto: espelho meu, espelho meu, que perguntas te faço eu?


we were always weird but I never had to hold you by the edges like I do now

Start a war



é o que eles dizem. mas depois sossegam:


turn the light out say goodnight
no thinking for a little while
let's not try to figure out everything at once


Fake Empire



e há coragem para deixar que seja noite. (we're half-awake in a fake empire, frase-refrão mais emblemática do ano passado, bem no encalço da frase-refrão mais brilhante de 2005: break my arms around the one I love.)
já os segundos, trazem-me um retrato:


The gutter may profess its love,
Then follow it with hesitation,
But there are just so many of
You out there for rent

A stronger girl would shake this off in flight,
And never give it more than a frowning hour,
But you have let your heart decide,
Loss has conquered you,

You've won one too many fights,
Wearing many hats every time,
But you wont win here tonight



mas ainda vão a tempo de deixar um pedido, um recado, um desejo:


Oh girl, sail her, don't sink her,
This time


Girl Sailor



e eu suspendo-me um momento, uma hora, não sei quanto tempo. aguardo que passe. e confesso que menti. há mais coisas que me passam pelo leitor, a desoras. uma canção rara de The Go-Betweens, uma canção menos rara de Van Morrison e uma canção ao vivo de Robyn Hitchcock. canções que foram ofertas, preciosas e inesperadas, pelo que têm o dom de ser amuletos da melhor espécie: contra o medo, nada melhor do que ser levado pela mão.






_______________________________
* Herberto Helder





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quinta-feira, 8 de maio de 2008



Este post tem dedicatória







The Go-Betweens | Spring Rain






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segunda-feira, 2 de julho de 2007



Absence


não é o trabalho que me excede: é o verão que me falta.


em busca de coisas que salvam:


Les Triplettes de Belleville



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terça-feira, 4 de abril de 2006




while you make pretty speeches
I'm being cut to shreds








© radiohead





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sábado, 10 de dezembro de 2005




against demons

"quando a pedra de Sísifo ensurdece nas entranhas da noite, podemos sempre contar com o 50 Cent."



#Beastie Boys | Super disco breakin'
#Cypress Hill | Another body drops
#Cypress Hill | What's your number
#LL Cool J | Headsprung
#Usher (feat. Lil Jon & Ludacris) | Yeah
#Destiny's Child | Lose my breath
#Rik Rok | Shake your body
#Beyoncé | In da club
#50 Cent | Candy shop
#50 Cent | Disco Inferno
#Ciara (feat. Missy Elliot) | 1, 2 step
#Nelly (feat. Christina Aguilera | Tilt ya head back
#Jennifer Lopez (feat. Usher) | Get right
#Jay Z. & R. Kelly | She's coming with me
#Sean Paul | Get busy
#Sean Paul (feat. Busta Rhymes) | Gimme the light
#Kevin Lyttle (feat. Rupee & Daddy Yankee) | Tempted to touch
#Kevin Lyttle | Turn me on
#MVP | Rock ya body
#Beyoncé | Fever




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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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