a tristeza tem qualquer coisa de
lunar caustic - que é nitrato de prata e mancha a pele de negro. à volta dos olhos, a minha pele escurece e afunda-se, enquanto eu empalideço em olheiras vivas, palpitantes. eu desapareço dentro dessas olheiras onde a tristeza cartografa os seus lugares. de tudo o que perder, hão-de ser os olhos os primeiros a apodrecer. porque os olhos carregam a culpa de tudo o que choram e de tudo o que não choram. é como dizer:
eu não aguento a desordem estuporada da vida. é como dizer: eu não aguento este buraco crescente, flor nocturna que desabrocha, mastiga, rói, que me consome toda a caverna do peito a partir do centro-esquerdo.
Etiquetas: exercícios de anatomia, fruta esquisita menina aflita, parágrafos mínimos