domingo, 29 de março de 2009



naughty, naughty, naughty



posted by saturnine | 23:12 | 3 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

domingo, 22 de março de 2009



Exercício anual de sobrevivência #4


you must believe in spring

*





© Harry Zernike




não sei se viva se morra
e enquanto me decido
vivo incertamente
mas trago a memória sentida
e é muito sentimento
e levo a morte comigo

vivendo convictamente

Bénédicte Houart




Etiquetas: , ,


posted by saturnine | 20:59 | 3 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Isto anda tudo ligado


depois de ser atropelada por um romance cuja nota residual se prende com os territórios perdidos da infância e a construção da memória, eis que a metáfora dos dois lado do espelho de Alice como reinvenção literária da vida se imprime sucessivamente noutras linhas:


«Provavelmente os factos aconteceram como os outros os contam, mas eu só reconheço uma paisagem onde as minhas recordações têm existência. Continuo a perguntar-me como eram as árvores quando as plantaram ou como era a minha mãe quando era nova ou que aspecto tinha eu quando era criança.
Tudo o que sobreviveu alterou pouco a pouco a sua recordação, pois a sua presença real é incompatível com a memória, mas o que perdemos pelo caminho continua congelado no instante do seu desaparecimento e ocupando o seu lugar no passado.»


Alberto Méndez, 4ª derrota: 1942 ou Os Girassóis Cegos
in Os Girassóis Cegos









Etiquetas: ,


posted by saturnine | 11:17 | 0 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

domingo, 15 de março de 2009



como ser atropelado por um livro em poucas linhas:


há tempos, deparei-me com o novo livro de Juan José Millás (autor que desconhecia até então), "O Mundo", e fui surpreendida pela epígrafe: «o mundo é a rua da tua infância». foi como estar de livro na mão, parada no limite de um passeio, preparando-me para atravessar a estrada. o atropelamento é auto-explicativo:


«Há livros que fazem parte de um plano e livros que, tal como um carro que passa um semáforo encarnado, se atravessam violentamente na nossa existência. Este é um dos que passam o semáforo. Encomendaram-me uma reportagem sobre mim próprio, e por isso comecei a seguir-me para estudar os meus hábitos. Nisto, um dia disse para comigo: «O meu pai tinha uma oficina de instrumentos eléctricos de medicina.» Então apareceu-me à frente a oficina, comigo e com o meu pai lá dentro. Ele estava a experimentar um bisturi eléctrico num bife de vaca. Subitamente, disse-me: «Repara, Juanjo, cauteriza a ferida ao mesmo tempo que a causa.» Compreendi que a escrita, tal como o bisturi do meu pai, cicatrizava as feridas no mesmo momento em que as abria e descobri por que motivo eu era escritor. Não fui capaz de fazer a reportagem: acabava de ser atropelada por um romance.»


a impressão fortíssima causada pela imagem evocada por Juan José Millás é como um carimbo que fica gravado na retina e na memória. mesmo se procuramos desviar a atenção, a imagem continua a seguir-nos, onde quer que pousemos o olhar. é como se o escritor partilhasse connosco uma epifania, e assim, por meio deste livro, nos permitisse tomar parte, em alguma medida, numa brilhante revelação. a escrita que, como um bisturi eléctrico, cicatriza a ferida ao mesmo tempo que a causa. não poderia encontrar melhor metáfora, se a procurasse. e como não procurei, fui abalroada por ela. a criação, e toda a angústia que a rodeia, é uma coisa filha-da-puta.





Etiquetas: , , ,


posted by saturnine | 16:59 | 11 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------



«Tenho frio, a pele cola-se-me aos ossos, os membros tremem-me e estou feliz com isso. Vivo numa pequena aldeia nos arredores de Lovaina. O céu está cinzento. Chove quase todo o ano. Neva durante algumas semanas. O aquecimento avariou-se e não me apetece mandá-lo arranjar. Gosto da sensação de frio, de sentir todo o meu corpo tiritar, e de esfregá-lo energicamente para que me aqueça um pouco. Tenho assim, a todo o instante, a prova de que estou vivo, de que a minha existência já não é espectral, de que os meus sentidos estão alerta. Presentemente, quando me olho ao espelho, fico sossegado: é mesmo o meu rosto que faz caretas e sorri, é mesmo a minha imagem que se reflecte naquele objecto que me devolvia, há alguns meses, apenas uma ausência, um vazio.
Se hoje existo, se já não duvido da minha identidade, é simplesmente porque sou amado. Todos os dias, uns olhos cinzentos e ternos pousam em mim e dão-me de novo vida.»


Tahar Ben Jelloum, O Homem Ausente de Si Mesmo
in Amores Feiticeiros






Etiquetas: ,


posted by saturnine | 16:58 | 2 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------


colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa #1


«Abraçar

Nenhum sonho custa tanto a abandonar como o sonho de ter uma alma gémea, nem que seja noutro canto do mundo, uma alma tão perto da nossa como a vida. (...)
As duas alamas gémeas quase nunca se encontram, mas, quando se encontram, abraçam-se. Naqueles momentos em que alguém diz alguma coisa, que nunca ouvimos, mas que reconhecemos não sei de onde. E em que mergulhamos sem querer, como se estivessemos a visitar uma verdade que desconfiávamos existir, de onde desconfiamos ter vindo, mas aonde nunca tínhamos conseguido voltar. (...)
Quando duas almas gémeas se abraçam, sente-se o alívio imenso de não ter de viver. Não há necessidade, nem desejo, nem pensamento. A sensação é de sermos uma alma no ar que reencontrou a sua casa, que voltou finalmente ao seu lugar, como se o outro corpo fosse o nosso que perdêramos desde a nascença. (...)»


Miguel Esteves Cardoso, Explicações de Português



o reconhecimento é a melhor forma de consolo que existe. o sonho de uma alma gémea é o melhor sonho possível. um corpo reconhecido noutro corpo, mergulhados num silêncio que é como uma água calma, uterina, onde todo o universo secretamente se concentra. um abraço. que se faz da angústia de existir quando, subitamente, se encontra um lugar onde pousar a cabeça?





Etiquetas: , , ,


posted by saturnine | 16:55 | 1 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

domingo, 8 de março de 2009



current mood:



posted by saturnine | 11:25 | 0 Comentários


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








---------------------------------------------------------------------------------------------------------------


~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 .


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------


~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


---------------------------------------------------------------------------------------------------------------


~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

...it's full of stars...


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

blogspot stats