sábado, 21 de junho de 2008



planos para dominar o mundo #2


contar, degrau a degrau, cada passo de uma escalada, inflamando a ansiedade, é ofício exaustivamente ponderado, abraçado não sem cautelas e receios silenciados. para quê a consciência do caminho, se a cada passo aumentam - infinitamente - os passos para dar? para subtrair, dentímetro a centímetro, o peso ao empecilho da distância: hoje estou mais perto de chegar ao fim do mundo.







eu tenho planos para dominar o mundo. primeiro, constrói-se um exército em segredo. depois, avança-se lentamente com o beneplácito das sombras com as tropas pelo território inimigo. àquele que não dorme compensa ter o benefício dos livros, e o bicho escala-estantes tem uma arma secreta com a qual combate, a cada dia, o desmoronamento da noite. no cimo da estante, Ítaca. uma Ítaca. e este é um ofício de Penélope, desfazendo durante a noite o seu caminho. ele conhece bem e domina o ofício da espera, que ainda assim o come, devora, abosrve como uma esponja carnívora, a partir de dentro, a partir do esterno. contra o que dói, as lombadas com letras coloridas. mas um bicho já não espera inutilmente. (eu prefiro o amor dos livros ao amor dos homens.) tinhas razão, José Miguel Silva: Ulisses já não mora aqui.





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segunda-feira, 11 de julho de 2005




//inscrição


ocorreu-me agora, nem sei exactamente porquê, que fez hoje exactamente um ano que encontrei Ulisses morto na praia. na altura, eu não sabia que os meus passos me levavam já para longe da ilha rochosa. na altura, eu não sabia que a vida estava ainda para começar. ainda que a noite seja longa, e que o verão me arda incerto sob as pálpebras, hoje nada me faria regressar àquela praia.



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quarta-feira, 26 de maio de 2004




Ítaca *

agora que Ulisses repousa
o merecido descanso
sobre a pedra do regresso *

é tempo de voltar os olhos a outros mares
e deixar-me doer o coração por outras mágoas
agora não tão próximas
da partida e da ferida




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sexta-feira, 7 de maio de 2004



:: do regresso ::


«Regressar é um verbo que evito quando escrevo (quando leio não posso fazê-lo). O regresso soa-me sempre à viagem de Ulisses para Ítaca (dez anos e muita gaja e deusa pelo meio). O regresso é demorado, muito demorado. É deixar totalmente e durante muito tempo e depois voltar. Regressa-se quando se demorou muito a voltar. Acredito que seja mesmo um problema de tempo demorado na ausência.»


bomba inteligente


...............................................


isto a propósito de alguns posts anteriores a este, para auxílio do meu frágil entendimento do regresso, porque também aqui pensar regresso é pensar Ulisses, aguardado numa ilha magoada pela distância. não tenho muito a acrescentar. isto é só leitura de sobrevivência. para assegurar que há mesmo implicações humanas profundas no nosso exercício das palavras.



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quarta-feira, 5 de maio de 2004




:: do pão para a boca ::

se afinal nos cabelos de Penélope o sol brilhava
se o próprio mar da Ítaca partilhava o sal das suas lágrimas
então talvez seja possível começar a perdoar Ulisses
— aquele que de coração magoado
não aprendera ainda a regressar.


e eu sem saber
que no exercício da tristeza
uma outra morte se urdia
que apesar do medo e da distância
era clara a noite sobre a ilha.




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terça-feira, 4 de maio de 2004




*pergunta*


porque terei eu votado Penélope à amargura e à tristeza, se em cada dia, afinal, brilhou o sol nos seus cabelos?



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sexta-feira, 16 de abril de 2004




:: regresso ::

de coração magoado       então
Ulisses se demora

estranho o tardio entedimento       como
o leve torpor de um longo sono

compreender na distância —
— pássaro ferido
não se aventura a sobrevoar
                     o mar imenso.



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segunda-feira, 12 de abril de 2004



:: moradia ::


no verão passado, interrogávamo-nos sobre a nossa chegada aqui, sobre a natureza dos weblogs (nunca cederei à deturpação do pindérico blogue), sobre a nossa vontade de escrita, sobre o que nos fazia estar aqui. eu lembro-me de pensar nisto como uma casa de férias, onde viria de vez em quando, repousar a vista cansada das urbes cheias de movimento frenético. o pequeno apartamento imaginado acabou converter-se numa autêntica moradia, que nunca mais abandonei desde então, porque encontrei aqui a medida justa das minhas aspirações. aqui dentro, mesmo se não é verão, mesmo o que dói e o que está frio, estão próximos da ternura. de tudo o que escrevo faço ferida, arrancando as palavras à matéria do silêncio, e à distância nutro afecto pela memória dessas feridas, se graças a elas me deitei numa noite longa sobre cinzas, aguardando o regresso da luz prometida.


«(...) consolemo-nos das nossas amargas mágoas, fazendo-as vir à lembrança! As próprias provações têm uma certa doçura para o homem que muito sofreu, muito vagueou.»

fala de Eumeu a Ulisses, disfarçado de mendigo
Odisseia | Homero




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domingo, 11 de abril de 2004



ODYSSEUS




Odysseus and Penelope


«Seria bastante astucioso e velhaco aquele que te excedesse em todos os géneros de manhas, ainda que fosse um deus a tentá-lo. Incorrigível inventor de mil ardis, insaciável de estratagemas, será que nem sequer na tua pátria és capaz de por termo aos teus embustes, aos relatos mentirosos, que te são profundamente queridos? Vamos! Deixa esses fingimentos (...).»

fala de Palas Atena a Ulisses aquando da chegada deste a Ítaca
Odisseia | Homero



......................................................



tu, Ulisses dos mil estratagemas, semelhante a um deus, assim te vejo regressar de novo, e outro nome não poderias ter escolhido, se o caminho que até mim te trouxe tão povoado esteve de enganos e desencontros, de silêncios doridos e palavras ocultadas.



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ÍTACA, ainda

Penélope adormecida
sobre a negra noite deposita
o amargo silêncio da espera.


Ulisses ausente ao largo
apressa o coração magoado
em direcção à ilha rochosa
à terra mais firme
que o sonho que o demora.



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sábado, 3 de abril de 2004




ULISSES JÁ NÃO MORA AQUI

O teu corpo como um livro
escrito em braille,
Nausica, deixei-o
no apítulo primeiro.

Inútil é pensar
nos parágrafos de luz
que prometias.
Feito está o erro.

Não é cego o amor:
é cego quem o troca
pelo hás de bem amado
da sua escuridão.

José Miguel Silva | Sem título



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domingo, 21 de março de 2004




:: alegria pelo dia de hoje #3 ::


When you start on your journey to Ithaca,
then pray that the road is long,
full of adventure, full of knowledge.
Do not fear the Lestrygonians
and the Cyclopes and the angry Poseidon.
You will never meet such as these on your path,
if your thoughts remain lofty, if a fine
emotion touches your body and your spirit.
You will never meet the Lestrygonians,
the Cyclopes and the fierce Poseidon,
if you do not carry them within your soul,
if your soul does not raise them up before you.





Then pray that the road is long.
That the summer mornings are many,
that you will enter ports seen for the first time
with such pleasure, with such joy!
Stop at Phoenician markets,
and purchase fine merchandise,
mother-of-pearl and corals, amber and ebony,
and pleasurable perfumes as you can;
visit hosts of Egyptian cities,
to learn and learn from those who have knowledge.

Always keep Ithaca fixed in your mind.
To arrive there is your ultimate goal.
But do not hurry the voyage at all.
It is better to let it last for long years;
and even to anchor at the isle when you are old,
rich with all that you have gained all the way,
not expecting that Ithaca will offer you riches.

Ithaca has given you the beautiful voyage.
Without her you would have never taken the road.
But she has nothing more to give you.

And if you find her poor, Ithaca has not defrauded you.
With the great wisdom you have gained, with so much experience,
you must surely have understood what Ithacas mean.


Ithaca | Konstandinos Kavafis

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004




:: da fatalidade ::

há em mim qualquer coisa de Carlos Eduardo da Maia. o excesso de dramatismo, a tendência para a fatalidade, o diletantismo. qualquer coisa que me faz pesar excessivamente o mundo em cima dos ombros. qualquer coisa excessivamente aguda para o meu peito exasperado. não conheço o sossego senão em breves lampejos. tendo para os amores impossíveis. mas não esqueço nunca que os meus infernos são de minha própria criação.




Quando abalares, de ida para Ítaca,
Faz votos por que seja longa a viagem,
Cheia de aventuras, cheia de experiências.
E quanto aos Lestrigões, quanto aos Ciclopes,
O irado Poséidon, não os temas,
Disso não verás nunca no caminho,
Se o teu pensar guardares alto, e uma nobre
Emoção tocar tua mente e corpo.
E nem os Lestrigões, nem os Ciclopes,
Nem o fero Poséidon hás­‑de ver,
Se dentro d'alma não os transportares,
Se não tos puser a alma à tua frente.

Konstatinos Kavafis
tradução de Manuel Resende






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segunda-feira, 26 de janeiro de 2004




:: Ítaca ::

eis que vieste.
mas não saberei dizer se voltaste
porque é sepre outro que regressa
diferente daquele que partiu
esse que fica para sempre na bruma

mas pode ser
que também eu seja outra
- que menos saiba do que dói -
não aquela que espera
mas a que fez das noites longas
o seu ofício.





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quinta-feira, 22 de janeiro de 2004



:: o que dói :: retalhos e recortes #8




O que dói
É não poder apagar a tua ausência
e repetir dia após dia os mesmos gestos

O que dói
É o teu nome que ficou como mendigo
Descoberto em cada esquina dos meus versos

O que dói
É tudo mais aquilo que desteço
Ao tecer para ti novos regressos

Ítaca | Daniel Faria



o poema roubei-o daqui. era necessário. o ano anterior passei-o no deslumbramento de Ítaca, precariamente debruçada sobre A Odisseia, e ainda agora não transporto comigo maior vertigem do que o devaneio sobre esta ilha.
a Deda conseguiu no seu post encontrar as palavras para o que eu só ousei esgravatar e encarcerar no peito: se penso em Ítaca não penso imediatamente na glória dos regressos, muito menos nas promessas cumpridas, mas sempre naquilo que dói, na 'traição' de Ulisses ao tardar-se na viagem ao encontro de Penélope, na agudez do abandono daquela que sozinha espera...


«Gostei deste poema por vários motivos. Primeiro porque se trata de uma Ítaca feminina. Explico melhor: a terra mítica e pedregosa, nestes versos, não é aquela que Ulisses almeja saudosamente rever, mas sim o espaço onde Penélope resiste sem notícias. O ponto de vista não é daquele que parte, mas sim de quem fica. Então a poesia não está no tom épico de aventuras de mares desbravados, pelo contrário, está na dor da permanência, no compasso de espera, na repetição dos gestos, na angústia da espera. "O que dói".
Há quem diga que Ulisses fez um belíssimo negócio. Viajou loucamente, fez amor com várias mulheres e, vinte anos depois, passou por ser o bonzinho que regressava para o lado da sua amada. Não foi cobrado pelas suas traições. Enquanto isso, a Penélope ficou que nem uma idiota a recusar pretendentes e a destecer uma manta inacabável. Há quem diga. (...)»



o resto do post é extremamente rico em ideias que vale a pena considerar. pela minha parte, só posso agradecer por este cais me ter trazido notícias da ilha distante com que sonho, ansiando compreender.







o que dói
é aguardar-te por entre as sombras

tu que te demoras
enquanto a eternidade
se me acaba nas mãos

diz-me agora desses desertos azuis
por onde te perdeste noutros braços
eu que só conheço esta noite longa
em que na espera me desfaço.





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terça-feira, 21 de outubro de 2003




«Musa, fala-me do herói dos mil estratagemas, que tanto errou depois de a sua astúcia ter feito saquear a acrópole sagrada de Tróade, que visitou as cidades e conheceu os costumes de tantos homens! Quão grandes tormentos o seu coração padeceu por sobre o mar, quando ele lutava pela sua vida e pelo regresso dos seus companheiros! Mas não conseguiu salvá-los apesar do seu desejo: o desvario deles perdeu-os, insensatos que devoraram os bois de Hélios Hiperíon. E este não os deixou ver o dia do regresso. Conta-nos a nós também estas aventuras, deusa nascida de Zeus, começando por onde te aprouver.»

A Odisseia | Homero


assim começa o livro que tenho em mãos. imagino um magnífico poema original, que me é inacessível. imagino as leituras e releituras, os avanços e retrocessos, o que vai exigir de mim este mergulho numa história que ainda por cima me é dolorosa. é que, de onde estou, vejo que Ítaca desapareceu na bruma, Ulisses não mais regressou, Penélope foi tomada pelo cansaço e dorme uma noite permanente.





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domingo, 12 de outubro de 2003




chegou-me por mail o primeiro conjunto de traduções de Kavafis para português. a autoria da tradução não sei, mas aproveito para deixar aqui o poema que me levou à descoberta de Kavafis:


Ítaca

Quando abalares, de ida para Ítaca,
Faz votos por que seja longa a viagem,
Cheia de aventuras, cheia de experiências.
E quanto aos Lestrigões, quanto aos Ciclopes,
O irado Poséidon, não os temas,
Disso não verás nunca no caminho,
Se o teu pensar guardares alto, e uma nobre
Emoção tocar tua mente e corpo.
E nem os Lestrigões, nem os Ciclopes,
Nem o fero Poséidon hás­-de ver,
Se dentro d'alma não os transportares,
Se não tos puser a alma à tua frente.

Faz votos por que seja longa a viagem.
As manhãs de verão que sejam muitas
Em que o prazer te invada e a alegria
Ao entrares em portos nunca vistos;
Hás­-de parar nas lojas dos fenícios
Para mercar os mais belos artigos:
Ébano, corais, âmbar, madrepérolas,
E sensuais perfumes de todas as sortes,
E quanto houver de aromas deleitosos;
Vai a muitas cidades do Egipto
Aprender e aprender com os doutores.

Ítaca guarda sempre em tua mente.
Hás­-de lá chegar, é o teu destino.
Mas a viagem, não a apresses nunca.
Melhor será que muitos anos dure
E que já velho aportes à tua ilha
Rico do que ganhaste no caminho
Não esperando de Ítaca riquezas.

Ítaca te deu essa bela viagem.
Sem ela não te punhas a caminho.
Não tem, porém, mais nada que te dar.

E se a fores achar pobre, não te enganou.
Tão sábio te tornaste, tão experiente,
Que percebes enfim que significam Ítacas.





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quarta-feira, 24 de setembro de 2003



desfaço durante a noite o meu caminho*


somos constantemente atraiçoados pelo subconsciente. tudo o que de dia precariamente construo, a noite audaciosa destrói. nisto percebo o que em mim há de Penélepe. contra minha vontade, a minha manta se desfaz. aquilo que esqueço e enterro durante o dia, o sono desenterra e traz à luz. não se consegue contrariar os sonhos, mesmo quando Ítaca é já uma ilusão distante.


* de Penélope | Sophia de Mello Breyner Andresen





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segunda-feira, 15 de setembro de 2003




When you start on your journey to Ithaca,
then pray that the road is long,
full of adventure, full of knowledge.
Do not fear the Lestrygonians
and the Cyclopes and the angry Poseidon.
You will never meet such as these on your path,
if your thoughts remain lofty, if a fine
emotion touches your body and your spirit.
You will never meet the Lestrygonians,
the Cyclopes and the fierce Poseidon,
if you do not carry them within your soul,
if your soul does not raise them up before you.



este é um excerto do poema Ithaca de Konstantin Kavafis. a parte que eu já compreendo. que trago comigo. e escrevo agora porque afinal me enganei, afinal a Charlotte tinha deixado junto com o poema a pista para o encontrar, e eu tonta que não procurava. estou contente. está encomendado. teoricamente, teria agora apenas uma coisa a perturbar-me: mas não. o que substitui a falta de Kavafis é uma falta ainda maior. a incapacidade de ler. acumulam-se pilhas de livros no meu quarto. duas linhas já me cansam. estou esgotada. :|





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segunda-feira, 25 de agosto de 2003





Ítaca, Grécia

é uma densidade que de súbito
se faz aérea e livre
os caminhos ausentes de passos
constroem o lugar comum
e uma transparência inesperada
emerge do caos das sombras

a teia dos desencontros desfaz-se
na primeira areia que inicia a ilha
e um manto ébrio de significados
revela-se no espelho claro das águas

o lugar converte-se em pressentimento
que em Ítaca qualquer coisa fará sentido.




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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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