sábado, 14 de maio de 2011



Viver narrativamente (um post ultra-congelado)


Tinha para aqui isto perdido. À distância, já não me lembro onde pretendia chegar. Mas não faz mal, sempre gostei de histórias sem moral.



* * *




Um pequeno bicho habitua-se às histórias. Cria histórias como quem empreende uma fuga. Fabrica-as afincadamente com um tão fino e intrincado tecido, que não consegue distinguir já a matéria original que revestem, camada após camada. Um pequeno bicho de tal modo se habitua às suas histórias, que pouco a pouco se dilui nelas. Os seus pensamentos são construções das personagens que encarna, as suas acções resultam do movimento invisível dos fios de marioneta que ele próprio controla, e nos quais inevitavelmente se enreda. A narrativa confere-lhe o dom da existência, ao mesmo tempo que se converte na sua própria pele.





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sexta-feira, 4 de setembro de 2009



um capítulo aqui, outro capítulo ali


uma amiga minha deu o salto corajoso e vai cumprir um sonho: vai ter as suas próprias estantes para escalar, e como é ela que manda nelas, está garantido que há-de haver sempre Ana Teresa Pereira, e Nora Roberts só se ela não o puder evitar. o little black spot dá as boas-vindas à Livraria Capítulos Soltos em Braga:





inauguração: 12 de Setembro






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segunda-feira, 8 de junho de 2009



dúvidas existenciais


sim, eu também gostava de saber quem arruinou a tua estante na Fnac de Braga! bem, na verdade eu tendo a mexer em tudo. é que posso perfeitamente ter sido eu. qual é a tua estante?





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domingo, 17 de maio de 2009



planos para dominar o mundo #7


o personagem principal de Uma Solidão Demasiado Ruidosa vive atormentado pelo peso de duas toneladas de livros suspensos sobre a sua cabeça, ameaçando diariamente a sua derrocada iminente, numa adivinhada queda em avalanche do baldaquim suspenso sobre a sua cama. o mesmo pesonagem também acredita que somos com as azeitonas: só sendo esmagados damos o melhor de nós.
pelo sim, pelo não, este bicho prefere escalar a escavar - os livros que pesem antes sobre o chão, erguendo-se em escada, até erigir uma torre altíssima, de onde seja possível abarcar com a vista o mundo inteiro. estes degraus revelados têm tanto de exibicionista como de fúria obsessiva organizadora. é que um bicho não sabe o que há-de fazer à vida. os planos para dominar o mundo ainda vão levar-me à pobreza:




"Rayuela", Júlio Cortázar [Cátedra Letras Hispanicas]

"Estrela Distante", Roberto Bolaño [Teorema]

"Estudos Sobre o Amor", Ortega y Gasset [Relógio d' Água] ♠

"Escuta, Zé Ninguém!", Wilhelm Reich [BIS: Leya]

"Manifesto Contra o Trabalho", Grupo Krisis [Antígona]

"Aviso aos Alunos do Básico e do Secundário", Raoul Vaneigem [Antígona]

"A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson Através da Suécia", Selma Lagerlöf [Relógio d' Água]

"Moby Dick", Herman Melville [Relógio d' Água]

"Rumo ao Farol", Virginia Woolf [Relógio d' Água]

"O Diabo e Outros Contos", Lev Tolstoi [Relógio d' Água]

"O Feiticeiro de Oz", Frank L. Baum [Relógio d' Água]

"A Harpa de Ervas", Truman Capote [Relógio d' Água]

"A Volta no Parafuso", Henry James [Relógio d' Água]

"Dicionário Infernal", Collin de Plancy [Cavalo de Ferro]

"Manuscrito Encontrado em Saragoça (vols. 1 e 2)", Jan Potocki [Cavalo de Ferro]

"Coração Duplo (vols. 1 e 2)", Marcel Schwob [Cavalo de Ferro]

"Assombrações", Vernon Lee [Cavalo de Ferro]

"Corbaccio", Giovanni Boccaccio [Cavalo de Ferro]

"Dos Cornudos: suas espécies e tipos", Charles Fourier [Cavalo de Ferro] ♠

"O Galo de Ouro e outros textos dispersos", Juan Rulfo [Cavalo de Ferro]

"Contos da Selva", Horácio Quiroga [Cavalo de Ferro]

"Contos de Amor, Loucura e Morte", Horácio Quiroga [Cavalo de Ferro]

"Amores Feiticeiros", Tahar Ben Jelloun [Cavalo de Ferro]

"Trold: Contos do Extremo Norte vol. 2", Jonas Lie [Cavalo de Ferro]

"Aventura na Ilha", Enid Blyton [Relógio d' Água]

"A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça", Washington Irving [Tinta da China]

"O Vento nos Salgueiros", Kenneth Grahame [Tinta da China]

"A Serpente", Stig Dagerman [Antígona]

"A Quinta dos Animais", George Orwell [Antígona]

"Os Homens Esquecidos de Deus", Albert Cossery [Antígona]

"Mendigos e Altivos", Albert Cossery [Antígona] ♠

"Mandriõs no Vale Fértil", Albert Cossery [Antígona] ♠

"A Casa da Morte Certa", Albert Cossery [Antígona]

"As Cores da Infâmia", Albert Cossery [Antígona]

"A Violência e o Escárnio", Albert Cossery [Antígona]

"Conversas com Albert Cossery", Michel Mitrani [Antígona]

"Mocidade", Joseph Conrad [Gato Maltês: Assírio & Alvim]

"Livro dos Seres Imaginários", Jorge Luís Borges [Teorema]

"Livro do Céu e do Inferno", Jorge Luís Borges e Adolfo Byoy Casares [Teorema]

"Crimes Exemplares" [edição ilustrada], Max Aub [Antígona] ♠

"O Canto Nómada", Bruce Chatwin [Quetzal]

"A Anatomia da Errância", Bruce Chatwin [Quetzal] ♠

"Na Patagónia", Bruce Chatwin [Quetzal]

"Uma Solidão Demasiado Ruidosa", Bohumit Hrabal [Afrontamento] ♠

"O Festim da Aranha", VA [Beltenebros: Assírio e Alvim]

"A Casa das Belas Adormecidas", Yasunari Kawabata [Assírio e Alvim]

"Henry e Cato", Iris Murdoch [Cotovia]

"Frankie e o Casamento", Carson McCullers [Cotovia]

"The Bloody Chambers", Angela Carter [Vintage]

"A Capote Reader", Truman Capote [Penguin Modern Classics]

"Negotiating With The Dead: A Writer on Writing", Margaret Atwood [Virago Press]

"Wide Sargasso Sea", Jean Rhys [Penguin Modern Classics]

"The Portable Edith Wharton", Edith Wharton [Penguin Modern Classics]

"Generation X", Douglas Coupland [Abacus] ♠

"Sad Cypress", Agatha Christie [Harper Collins]

"The House of Mirth", Edith Wharton [Wordsworth Classics]

"Tha Man Who Was Thursday", G.K. Chesterton [Penguin Red Classics]

"Great Horror Stories", VA [Bounty]

"Great Ghost Stories", VA [Bounty]

"Lolita", Vladimir Nabokov [Penguin Classics]

"Le dernier Jour Dans la Vie d'un Condamné", Victor Hugo [Relógio d' Água]

"Daisy Miller", Henry James [Penguin Popular Classics]

"Jane Eyre", Charlotte Brontë [Gramercy Classics]

"The Sea-Wolf", Jack London [Dover]

"Confessions of an Opium Eater", Thomas De Quincey [Dover]

"História Primeiro Feliz, de Depois Dolorosa e Funesta", Pietro Citati [Cotovia]

"Chapéus para Alice", Juan Ríos [Teorema]

"O Bosque da Noite", Djuna Barnes [Relógio d' Água]

"A Comédia do Diabo", Balzac [Teorema]

"O Terror", Arthur Machen [Vega]

"Travessia de Verão", Truman Capote [D. Quixote]

"Ilhas na Corrente", Ernest Hemingway [Livros do Brasil]

"A Tempestade", Shakespeare [Campo das Letras]

"Verdade e Política", Hannah Arendt [Relógio d' Água]

"O Monstro", Stephen Crane [Antígona]

"O Vento e Outros Contos", Eudora Welty [Antígona]

"As Cariátides", Karen Blixen [Relógio d' Água]

"A Noite da Iguana e Outras Histórias", Tenessee Williams [Assírio e Alvim]

"Verão", Edith Wharton [Relógio d' Água]

"História Universal da Infâmia", Jorge Luís Borges [BIS: Leya]

"Pequenas Grandes Infâmias", Panos Karnezis [Cavalo de Ferro]

"O Olho de Apolo", G.K. Chesterton [Biblioteca de Babel: Presença]

"Histórias de Cronópios e de Famas", Júlio Cortázar [Estampa]

"Peregrinação (2 vols.)", Fernão Mendes Pintos [Relógio d' Água]

"Histórias Policiais", Ana Teresa Pereira [Relógio d' Água]

"O Rosto de Deus", Ana Teresa Pereira [Relógio d' Água] ♠

"Se eu Morrer Antes de Acordar", Ana Teresa Pereira [Relógio d' Água]

"O Verão Selvagem dos Teus Olhos", Ana Teresa Pereira [Relógio d' Água]

"O Fim de Lizzie", Ana Teresa Pereira [Bilioteca dos Editores Independentes] ♠

"A Neve", Ana Teresa Pereira [Relógio d' Água] ♠

"A Casa dos Penhascos", Ana Teresa Pereira [Caminho] ♠

"A Casa da Areia", Ana Teresa Pereira [Caminho] ♠

"A Casa dos Pássaros", Ana Teresa Pereira [Caminho] ♠

"A Casa do Nevoeiro", Ana Teresa Pereira [Caminho] ♠

"Num Lugar Solitário", Ana Teresa Pereira [Caminho]

"Matar a Imagem", Ana Teresa Pereira [Caminho] ♠

"Casa na Duna", Carlos de Oliveira [Assírio e Alvim]

"Finisterra", Carlos de Oliveira [Assírio e Alvim]

"Depoimentos Escritos", Mário Henrique Leiria [Estampa]

"Pacheco Vs. Cesariny", Luiz Pacheco [Estampa]

"A Viagem do Elefante" [edição especial numerada e autografada], José Saramago [Caminho]

"Cultura: tudo o que é preciso saber", Dietrich Scwaritz [D. Quixote]

"O Silêncio dos Livros", George Steiner [Gradiva] ♠

"A Conquista da Felicidade", Bertrand Russell [Guimarães] ♠

"O Banquete", Kierkegaard [Guimarães]

"Viva o Ano 1000!", Jacques Le Goff e Outros [Teorema]

"O Rapaz Que Chutava Porcos", Tom Baker [Teorema]

"A Odisseia de Penélope", Margaret Atwood [Teorema]

"A Chama Dupla", Octavio Paz [Assírio e Alvim]

"El Laberinto de la Soledad", Octavio Paz [Cátedra Letras Hispanicas]

"Sob Um Falso Nome", Cristina Campo [Assírio e Alvim]

"A Metáfora do Coração e Outros Escritos", Maria Zambráno [Assírio e Alvim]

"O Labirinto do Medo: Ana Teresa Pereira", Rui Magalhães [Angelus Novus]

"A Potência de Existir", Michel Onfray [Campo da Comunicação] ♠

"Teoria da Viagem", Michel Onfray [Quetzal] ♠

"A Batalha das Termópilas", Heródoto [Babel]

"O Povo do Abismo", Jack London [Antígona]

"Poesia", Álvaro de Campos [Assírio & Alvim]

"A Faca Não Corta o Fogo", Herberto Helder [Assírio & Alvim]

"8 Ícones", Arsenii Tarkovski [Assírio & Alvim]

"A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock", T.S. Eliot [Assírio & Alvim]






- one down, hundreds to go







primeiro tomo:

"Bartleby/ A Escrita da Potência", Herman Melville/ Giorgio Agamben [Assírio & Alvim]
"O Pátio Maldito", Ivo Andric [Cavalo de Ferro]
"God explained in a taxi ride", Paul Arden [Penguin]
"Crónica de uma serva", Margaret Atwood [Europa-América]
"O Inominável", Samuel Beckett [Assírio & Alvim]
"Derrubar Árvores: Uma Irritação", Thomas Bernhard [Assírio & Alvim]
"A sul de nenhum norte", Charles Bukowski [Relógio d'Água]
"O deserto dos tártaros", Dino Buzzati [Cavalo de Ferro]
"O avesso e o direito", Albert Camus [Livros do Brasil]
"A morte feliz", Albert Camus [Livros do Brasil]
"O primeiro homem", Albert Camus [Livros do Brasil]
"Alice nos País das Maravilhas/ Alice do Outro Lado do Espelho" (ilustrações originais), Lewis Carroll [Relógio d'Água]
"A Caça ao Snark", Lewis Carroll / ilustrações de Henry Holiday [Assírio & Alvim]
"O Grande Fedor", Clare Clark [Paralelo 40º]
"Histórias Inquietas", Joseph Conrad [Assírio & Alvim]
"The Virago Book of Ghost Stories", edited by Richard Dalby [Virago]
"Teatro Completo", Ésquilo [Estampa]
"O homem e o rio", William Faulkner [Europa-América]
"As dioptrias de Elisa", António Gancho [Assírio & Alvim]
"Contos de S. Petersburgo", Nikolai Gógol [Biblioteca Independente/Assírio & Alvim]
"Grimm's Fairy Tales", Brothers Grimm [Vintage]
"Hipérion ou O Eremita da Grécia", Friedrich Hölderlin [Assírio & Alvim]
"Terra de Neve", Yasunari Kawabata [Dom Quixote]
"Debaixo do Vulcão", Malcolm Lowry [Relógio d'Água]
"Através do Canal do Panamá", Malcolm Lowry [Relógio d'Água]
"As velas ardem até ao fim", Sandor Márai [Dom Quixote]
"The cat who came in from the cold", Joeffrey Moussaieff Masson [Ballantine Books]
"A Estrada", Cormac McCarthy [Relógio d'Água]
"O Guarda do Pomar", Cormac McCarthy [Relógio d'Água]
"No Country for Old Men", Cormac McCarthy [Picador]
"A Balada do Café Triste", Carson McCullers [Relógio d'Água]
"Coração, Solitário Caçador", Carson McCullers [Europa-América]
"Aulas de Literatura", Vladimir Nabokov [Relógio d'Água]
"Convite para uma decapitação", Vladimir Nabokov [Assírio & Alvim]
"Por que escrevo e outros ensaios", George Orwell [Antígona]
"Quando atravessares o rio", Ana Teresa Pereira [Relógio d'Água]
"A coisa que eu sou", Ana Teresa Pereira [Relógio d'Água]
"The Complete Illustrated Works", Edgar Allan Poe [Chancellor Press]
"Uncle Montague's Tales of Terror", Chris Priestley [Bloomsbury Publishing]
"Pantagruel", François Rabelais / ilustrações de Gustave Doré [Frenesi]
"Antígona", Sófocles [Gulbenkian]
"O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde", Robert Louis Stevenson [Assírio & Alvim]
"Walden (ou a Vida nos Bosques)", Henry David Thoreau [Relógio d'Água]
"A morte de Ivan Ilitch", Leo Tólstoi [Booket]
"Pais e Filhos", Turgueniev [Relógio d'Água]
"O Arranca-Corações", Boris Vian [Estampa]
"A festa de Mrs. Dalloway", Virginia Woolf [Relógio d'Água]
"O combate com o demónio", Stefan Zweig [Antígona]
"Carta sobre a felicidade/ Da vida feliz", Epicuro/ Séneca [Biblioteca Independente/ Assírio & Alvim]
"O Caso Mental Português/ A Loucura Universal", Fernando Pessoa/ Raul Leal [Padrões Culturais]
"Só o sangue cheira a sangue", Ana Akhmátova [Assírio & Alvim]
"O meu coração é árabe", Adalberto Alves [Assírio & Alvim]
"Poesia" (obra completa), Eugénio de Andrade [Fundação Eugénio de Andrade]
"Eating Fire: Selected Poetry", Margaret Atwood [Virago]
"Antologia", Manuel Bandeira [Relógio d'Água]
"Cantigas da inocência e da experiência" (ilustrações originais), William Blake [Antígona]
"A ferida aberta", Jorge Sousa Braga [Assírio & Alvim]
"Pétalas negras ardem nos teus olhos", Luís Falcão [Assírio & Alvim]
"Uma Faca nos Dentes", António José Forte
"Um mover de mão", Vasco Gato [Assírio & Alvim]
"Os Animais Antigos", João Habitualmente [Objecto Cardíaco]
"A Neo-Penélope", Ana Hatherly [& etc]
"Cartas de aniversário", Ted Hughes [Relógio d'Água]
"Primeira neve", Issa Kobayashi [Assírio & Alvim]
"As Cantinas e Outros Poemas do Mar e do Álcool", Malcolm Lowry [Assírio & Alvim]
"A noite abre meus olhos", José Tolentino de Mendonça [Assírio & Alvim]
"Trabalho Poético", Carlos de Oliveira [Assírio & Alvim]
"Nada tão importante que não possa ser dito", José Alberto Oliveira [Assírio & Alvim]
"Tanto Fogo e Tanto Frio: O último sonho de Olímpio", Alberto Pimenta [& etc]
"A mão ao assinar este papel", Dylan Thomas [Assírio & Alvim]
"A noite, o que é?", Francisco José Viegas [Quasi]
"Walkmen", José Miguel Silva/ Manuel de Freitas [& etc]
"Amphigorey", Edward Gorey
"Amphigorey Again", Edward Gorey
"The Happless Child", Edward Gorey
"The Sobbing Thursday", Edward Gorey
"Donald Has a Difficulty", Edward Gorey
"The Twelve Terrors of Christmas", John Updike / illustrations by Edward Gorey
"Men and Gods: Myths and Legends of the Ancient Greeks", Rex Warner / illustrations by Edward Gorey
"Corto Maltese: La Ballade de la Mèr Salée" (edição especial comemorativa do 40º aniversário), Hugo Pratt [Casterman]
"Dante's Divine Comedy", Dante Alighieri / illustrations by Gustave Doré
"John Milton's Paradise Lost", John Milton / illustrations by Gustave Doré






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posted by saturnine | 20:47 | 6 Comentários


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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008



miles to go before I sleep #23


bichinho que tens medo das alturas, por que escalas tu? do alto da minha estante, há mais céu e menos chão, e onde há mais céu um bicho respira melhor. a sós com uma impressão de silêncio, pode fechar os olhos e imaginar-se pleno de super-poderes intangíveis. meio segundo antes de os voltar a abrir, um segundo antes de voltar a descer, com as unhas descoladas do sabugo, uma dor fina e persistente, em cada ponta de cada dedo a marca inequívoca de um grande amor levado até às últimas consequências.





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posted by saturnine | 02:53 | 1 Comentários


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segunda-feira, 15 de setembro de 2008



think of me as a place #2












© little black spot 2008




up, up, up: but still:
would the fall never come to an end? *






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posted by saturnine | 23:50 | 10 Comentários


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sábado, 21 de junho de 2008



planos para dominar o mundo #3


desde Novembro do ano passado, uma fome dominou o espaço todo. uma febre, que lança o bicho numa corrida em perseguição dos demónios que o movem. as estantes cresceram metros, mergulhando o quarto no caos da desordem (gosto de redundâncias). a cada noite, um ponto mais alto, mais um centímetro de mar, mais um centímetro de horizonte. em sete meses, subitamente todos estes degraus para escalar:



"Bartleby/ A Escrita da Potência", Herman Melville/ Giorgio Agamben [Assírio & Alvim]

"O Pátio Maldito", Ivo Andric [Cavalo de Ferro]

"God explained in a taxi ride", Paul Arden [Penguin]

"Crónica de uma serva", Margaret Atwood [Europa-América]

"O Inominável", Samuel Beckett [Assírio & Alvim]

"Derrubar Árvores: Uma Irritação", Thomas Bernhard [Assírio & Alvim]

"A sul de nenhum norte", Charles Bukowski [Relógio d'Água]

"O deserto dos tártaros", Dino Buzzati [Cavalo de Ferro]

"O avesso e o direito", Albert Camus [Livros do Brasil]

"A morte feliz", Albert Camus [Livros do Brasil]

"O primeiro homem", Albert Camus [Livros do Brasil]

"Alice nos País das Maravilhas/ Alice do Outro Lado do Espelho" (ilustrações originais), Lewis Carroll [Relógio d'Água]

"A Caça ao Snark", Lewis Carroll / ilustrações de Henry Holiday [Assírio & Alvim]

"O Grande Fedor", Clare Clark [Paralelo 40º]

"Histórias Inquietas", Joseph Conrad [Assírio & Alvim]

"The Virago Book of Ghost Stories", edited by Richard Dalby [Virago]

"Teatro Completo", Ésquilo [Estampa]

"O homem e o rio", William Faulkner [Europa-América]

"As dioptrias de Elisa", António Gancho [Assírio & Alvim]

"Contos de S. Petersburgo", Nikolai Gógol [Biblioteca Independente/Assírio & Alvim]

"Grimm's Fairy Tales", Brothers Grimm [Vintage]

"Hipérion ou O Eremita da Grécia", Friedrich Hölderlin [Assírio & Alvim]

"Terra de Neve", Yasunari Kawabata [Dom Quixote]

"Estudos do Labirinto", Károly Kerényi [Assírio & Alvim]

"Debaixo do Vulcão", Malcolm Lowry [Relógio d'Água]

"Através do Canal do Panamá", Malcolm Lowry [Relógio d'Água]

"As velas ardem até ao fim", Sandor Márai [Dom Quixote]

"The cat who came in from the cold", Joeffrey Moussaieff Masson [Ballantine Books]

"A Estrada", Cormac McCarthy [Relógio d'Água]

"O Guarda do Pomar", Cormac McCarthy [Relógio d'Água]

"No Country for Old Men", Cormac McCarthy [Picador]

"A Balada do Café Triste", Carson McCullers [Relógio d'Água]

"Coração, Solitário Caçador", Carson McCullers [Europa-América]

"Aulas de Literatura", Vladimir Nabokov [Relógio d'Água]

"Convite para uma decapitação", Vladimir Nabokov [Assírio & Alvim]

"Por que escrevo e outros ensaios", George Orwell [Antígona]

"Quando atravessares o rio", Ana Teresa Pereira [Relógio d'Água]

"A coisa que eu sou", Ana Teresa Pereira [Relógio d'Água]

"The Complete Illustrated Works", Edgar Allan Poe [Chancellor Press]

"Uncle Montague's Tales of Terror", Chris Priestley [Bloomsbury Publishing]

"Pantagruel", François Rabelais / ilustrações de Gustave Doré [Frenesi]

"Everyman", Philip Roth [Vintage]

"The Dying Animal", Philip Roth [Vintage]

"Antígona", Sófocles [Gulbenkian]

"O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde", Robert Louis Stevenson [Assírio & Alvim]

"Walden (ou a Vida nos Bosques)", Henry David Thoreau [Relógio d'Água]

"A morte de Ivan Ilitch", Leo Tólstoi [Booket]

"Primeiro Amor", Turgueniev [Relógio d'Água]

"Pais e Filhos", Turgueniev [Relógio d'Água]

"O Arranca-Corações", Boris Vian [Estampa]

"Exploradores do Abismo", Enrique Vila-Matas [Teorema]

"Histórias de Amor", Robert Walser [Relógio d'Água]

"A festa de Mrs. Dalloway", Virginia Woolf [Relógio d'Água]

"O combate com o demónio", Stefan Zweig [Antígona]

"Carta sobre a felicidade/ Da vida feliz", Epicuro/ Séneca [Biblioteca Independente/ Assírio & Alvim]

"O Caso Mental Português/ A Loucura Universal", Fernando Pessoa/ Raul Leal [Padrões Culturais]


- one down, hundreds to go





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"Só o sangue cheira a sangue", Ana Akhmátova [Assírio & Alvim]

"O meu coração é árabe", Adalberto Alves [Assírio & Alvim]

"Poesia" (obra completa), Eugénio de Andrade [Fundação Eugénio de Andrade]

"Eating Fire: Selected Poetry", Margaret Atwood [Virago]

"Antologia", Manuel Bandeira [Relógio d'Água]

"Cantigas da inocência e da experiência" (ilustrações originais), William Blake [Antígona]

"A ferida aberta", Jorge Sousa Braga [Assírio & Alvim]

"Pétalas negras ardem nos teus olhos", Luís Falcão [Assírio & Alvim]

"Uma Faca nos Dentes", António José Forte

"Um mover de mão", Vasco Gato [Assírio & Alvim]

"Os Animais Antigos", João Habitualmente [Objecto Cardíaco]

"A Neo-Penélope", Ana Hatherly [& etc]

"Cartas de aniversário", Ted Hughes [Relógio d'Água]

"Primeira neve", Issa Kobayashi [Assírio & Alvim]

"As Cantinas e Outros Poemas do Mar e do Álcool", Malcolm Lowry [Assírio & Alvim]

"A noite abre meus olhos", José Tolentino de Mendonça [Assírio & Alvim]

"Trabalho Poético", Carlos de Oliveira [Assírio & Alvim]

"Nada tão importante que não possa ser dito", José Alberto Oliveira [Assírio & Alvim]

"Tanto Fogo e Tanto Frio: O último sonho de Olímpio", Alberto Pimenta [& etc]

"A mão ao assinar este papel", Dylan Thomas [Assírio & Alvim]

"A noite, o que é?", Francisco José Viegas [Quasi]

"Walkmen", José Miguel Silva/ Manuel de Freitas [& etc]



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"Amphigorey", Edward Gorey

"Amphigorey Again", Edward Gorey

"The Happless Child", Edward Gorey

"The Sobbing Thursday", Edward Gorey

"Donald Has a Difficulty", Edward Gorey

"The Twelve Terrors of Christmas", John Updike / illustrations by Edward Gorey

"Men and Gods: Myths and Legends of the Ancient Greeks", Rex Warner / illustrations by Edward Gorey

"Corto Maltese: La Ballade de la Mèr Salée" (edição especial comemorativa do 40º aniversário), Hugo Pratt [Casterman]

"Dante's Divine Comedy", Dante Alighieri / illustrations by Gustave Doré

"John Milton's Paradise Lost", John Milton / illustrations by Gustave Doré




adenda: este é um post cheio de correcções. se Freud explicava ou não, não sei, mas tinha-me esquecido do Boris Vian e do Fernando Pessoa.





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posted by saturnine | 15:07 | 6 Comentários


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planos para dominar o mundo #2


contar, degrau a degrau, cada passo de uma escalada, inflamando a ansiedade, é ofício exaustivamente ponderado, abraçado não sem cautelas e receios silenciados. para quê a consciência do caminho, se a cada passo aumentam - infinitamente - os passos para dar? para subtrair, dentímetro a centímetro, o peso ao empecilho da distância: hoje estou mais perto de chegar ao fim do mundo.







eu tenho planos para dominar o mundo. primeiro, constrói-se um exército em segredo. depois, avança-se lentamente com o beneplácito das sombras com as tropas pelo território inimigo. àquele que não dorme compensa ter o benefício dos livros, e o bicho escala-estantes tem uma arma secreta com a qual combate, a cada dia, o desmoronamento da noite. no cimo da estante, Ítaca. uma Ítaca. e este é um ofício de Penélope, desfazendo durante a noite o seu caminho. ele conhece bem e domina o ofício da espera, que ainda assim o come, devora, abosrve como uma esponja carnívora, a partir de dentro, a partir do esterno. contra o que dói, as lombadas com letras coloridas. mas um bicho já não espera inutilmente. (eu prefiro o amor dos livros ao amor dos homens.) tinhas razão, José Miguel Silva: Ulisses já não mora aqui.





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posted by saturnine | 13:31 | 0 Comentários


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quarta-feira, 18 de junho de 2008



planos para dominar o mundo


quanto mais cresce a sua biblioteca, mais apertados se encolhem os seus membros. à medida que circula num espaço mais diminuto, maior e mais árdua se torna a sua escalada. mas àquele que não dorme compensa sempre ter o benefício dos livros.



quanto mais crescem as estantes, mais alto é o seu ponto de vista sobre o mundo.






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posted by saturnine | 14:41 | 2 Comentários


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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008



love is the only weapon... - shit! - bulshit!


de tanto passar o tempo no meio dos livros, um bicho escala-estantes começa a parecer-se com eles. de coloração pálida, adquire a consistência frágil das folhas. de dedos em ferida, adquire a silenciosa irreparável fúria das palavras. amarga como uma azeda, transforma-se a criatura em mulher comestível. um bracito aqui, um joelho acolá, a mulher comestível vinga-se do mundo à dentada. qual animal acossado, qual árvore cujas entranhas foram devoradas pelos bichos. dentro do seu corpo oco não se conhece a arma do amor, só uma tão irreprimível inexprimível irreparável honesta fúria.






uma explosão, uma torrente, a montanha de Sísifo inteira a derrocar dentro da caverna do peito. uma tão irreprimível inexprimível irreparável honesta fúria que um peito magoado não pode conter. os livros sustentam mas não salvam. nem Sá de Miranda conseguiu responder: que farei quando tudo arde?





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sábado, 16 de fevereiro de 2008



o destilar do veneno (ou um exercício de arrogância primordial)


o Homem é de facto o único grande mal da Humanidade. criatura que não presta. resumindo, as pessoas são más. brutas, selvagens como animais. estúpidas como bestas. bestas estúpidas. refugiam-se na breve ilusão de um dom de vertebralidade, mas que não se enganem: não há futuro para a alquimia, quando tudo o que tocam se transforma em merda, nunca em ouro.
o bicho escala-estantes vive atormentado entre as pessoas. deslocado, estrangeiro, desadaptado. a sua pele não é feita à medida da ignomínia. doem-lhe os dedos em ferida. sangram, porque os livros não perdoam os maus tratos. mudos e quedos, ruminam silenciosos uma vingança, e ripostam. tombam, mordem, agridem, arranham. debatem-se, furiosos, contra a destruição. em seu redor, a maldade geral das pessoas. o crime da ignorância. as pessoas, que destroem tudo em que tocam. movem-se como gigantescas implacáveis máquinas debulhadoras, avançando sem contemplações como se não houvesse amanhã num mundo que fosse como uma Zara em época de saldos.
ignoram a vida secreta dos livros e a profundeza das feridas da desconsideração. movem-se como forças defeituosas da natureza, cegas, imparáveis, deixando atrás de si cenários de guerra. os estilhaços cobrem as costas do bicho escala-estantes, cujo ofício é viver escavando no meio dos escombros. não há tempo para revisitar os velhos poemas, e os lugares encantados da literatura, o António Gancho e o seu ar da manhã, ou o Faulkner e do seu som e a fúria, por que ninguém pergunta. o bicho escala-estantes sente o coração insuflado porque conhece um qualquer livro especial numa estante em particular, sempre à espera que lhe perguntem por ele, porque dele saberá dizer "sim, ainda bem que me pergunta, porque ele tem estado aqui à espera que perguntem por ele". mas nunca ninguém pergunta.
as pessoas são animais brutos e feios. gostam do lixo bruto e feio à sua semelhança. o bicho escala-estantes sofre, atormentado, o insulto da estupidez. o crime da ignorância. nunca conheci um leitor amante de Nicholas Sparks que soubesse pronunciar correctamente o filha-da-puta do raio do nome do gajo. puta que os pariu. se não sabem ler, porque lêem? ah, imbecil ignorante vil criatura! recolhe a esse canto obscuro sob a pedra debaixo da qual saíste e não me aborreças. eu tenho estantes para escalar, mundos para conhecer, livros para cuidar, vidas inteiras para viver, ainda antes de o dia findar. não tenho mãos para ti, que te apertem o pescoço quando abres a boca para falar. oh, tivesse eu mãos que te suprimissem o fluxo verborreico, ou - porque não? - a própria respiração...! o meu coração ao pé da boca e os meus dedos em ferida anseiam pelo silêncio de um quarto com alguma luz, alguma música, e a companhia dos livros. dito em tempos, há um hábito de sanidade na misantropia.





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posted by saturnine | 02:24 | 3 Comentários


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domingo, 27 de janeiro de 2008



Quando ele escalava, era como quem viajava e como quem fugia


agarrado às estantes, o coração preso na boca, as pontas dos dedos em sangue, as unhas a estalar como escamas velhas. um vago murmúrio nesse lugar escuro de onde se avista o fim do mundo. ainda há homens, deste lado de cá. chuva, vento na noite, memórias inventadas de pássaros. foge dos homens, corre para os homens. mergulha no tecido impreciso das histórias, reconhece o tempo pelo cheiro dos livros. há alguma poesia aqui, escondida entre o pó das prateleiras. uma lombada escura lhe sussurra: o meu coração é árabe. dói-lhe a ferida geral do seu corpo vivo, desce, regressa, conta mentalmente o som dos seus passos. doem-lhe as mãos, precisa de umas novas mãos, de um novo coração, este está prestes a ser cuspido boca fora. no exterior, há a luz. excessiva, artificial. e as pessoas: ideal um mundo onde as pessoas existissem, mas sem que precisássemos de as ver.





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posted by saturnine | 19:34 | 5 Comentários


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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008



Put that book back on that shelf!


tendo ou não nascido para os livros, acontece por vezes um indivíduo dar-se conta de que efectivamente vive para os livros, convive com eles, deixa-os povoar todo o espaço da sua memória e dos seus afectos, deixa-os povoar ainda o espaço soçobrante dos seus sonhos, respira com eles, adoece com eles, aproxima-se e afasta-se do sentido das coisas com eles. não fossem as pessoas (impossíveis, mal acabadas, insuportáveis - porque lhes acresce esse cancro a que a que os livros são alheios: a fala), e seria um vida tranquila. uma vida de bicho escala-estantes. por vezes um indivíduo imagina-se diminuto, sabe que poderia enfiar o seu corpo em qualquer espaço entre prateleiras, percorre corredores e corredores de (des)arrumação, e escala escala escala: retira estes livros daqui, arruma outros dois acolá, muda este para ali onde estão os seus irmãos, depois talvez contemple o trabalho feito, com as mãos e a roupa cheias de pó. trepa em desequilíbrio eminente, um pé aqui, outro pé acolá, este braço puxa-me para aqui, esta mão segura-me acolá. quando toca com a ponta dos dedos o tecto, repousa. observa o mundo cá em baixo e pode ser que se dê o acaso de se achar melhor instalado, não querer regressar ao lugar mundano das vozes que não se calam. mas regressa. e desce. passa diminuto ao largo dos zumbidos impertinentes porque é uma criatura com uma missão: amanhã é preciso recomeçar tudo de novo. percorrer corredores, levar os livros de encontro aos seus irmãos, estes saem daqui, aquele volta para acolá, fazer das estantes um lugar habitado, escalar, escalar, escalar.




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em tempos a blogoesfera conheceu em tempos uma belíssima criatura, de seu nome Vincent Bengeldorff, um bicho estranho e generoso que se auto-apelidava de bicho escala-estantes, graças ao qual tenho hoje o meu exemplar em segunda mão do "Fahrenhei 451". a ele dedico este post, ainda que autobiográfico, pela saudade.





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posted by saturnine | 23:04 | 3 Comentários


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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008



You try & try to rise but you cannot: bookeeper, you hang on to your books





eu nasci para os livros. para o pó das bibliotecas, para a penumbra dos corredores entre as estantes, para o cheiro a papel velho e a papel novo, para o enamoramento das lombadas que conheço pelas pontas dos dedos, para a magia de um novo título salva-vidas. neste momento, aguarda-me o José Tolentino de Mendonça, escondido numa prateleira que só eu conheço, e diz-me: A Noite Abre Meus Olhos. poderia acreditar que nasci para livreira e posso aqui desde já garantir: são bem melhores os livros que as pessoas. o seu silêncio e o seu conforto não questionador, a sua companhia incondicional, irrevogável: um livro não nos abandona. já eu, um dia, abandonarei de vez as pessoas. entretanto, continuo em busca da mulher que não conseguia viver com o seu corpo defeituoso, cheio de impossíveis:


Your lungs fill & spread themselves,
wings of pink blood, and your bones
empty themselves and become hollow.
When you breathe in you’ll lift like a balloon
and your heart is light too & huge,
beating with pure joy, pure helium.
The sun’s white winds blow through you,
there’s nothing above you,
you see the earth now as an oval jewel,
radiant & seablue with love.
It’s only in dreams you can do this.
Waking, your heart is a shaken fist,
a fine dust clogs the air you breathe in;
the sun’s a hot copper weight pressing straight
down on the think pink rind of your skull.
It’s always the moment just before gunshot.
You try & try to rise but you cannot.


Margaret Atwood






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posted by saturnine | 01:12 | 3 Comentários


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segunda-feira, 19 de novembro de 2007



Da natureza do que dói


o que eu queria era um lugar perto de ti
onde a morte não cavasse as suas interrupções
por entre as frestas
do amor e do medo



justamente quando começava a sarar
a pele por baixo das unhas
e se afeiçoara a boca
à forma fria do vento
é cuspido o corpo
de volta para o lugar
onde se distribuem
as feridas.






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posted by saturnine | 04:46 | 9 Comentários


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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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