sábado, 31 de janeiro de 2004



:: magnólias para a Sandra ::




moderato cantabile #2

no interior da casa
o cheiro antigo dos livros
e o quadrado azul do verão
a claridade densa na janela
e um odor conhecido
invade o quarto desde o jardim
é agosto coroado de sol
na cidade que arde no silêncio
das tardes assim brancas
voltadas para o mar

existe uma mulher nessa casa
um piano velho que murmura
e o perfume das magnólias
como se não houvesse outro no mundo.





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posted by saturnine | 16:23 |


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:: o que é a noite afinal ::

ninguém lhes pergunta. mas eles respondem. porque pertencem à raça dos que conhecem a noite que nos habita.



Edward Hopper | Night Hawks

«Já lá vem a noite
com seu abandono
com suas sandálias
tão mortas de sono.
A noite imperfeita
nos ramos mais altos
perdida nas áleas
cinzentas do outono

Já lá vem a noite
talhada na cólera
num rumor de pálpebras
que a sombra demora (...)»


um pouco mais de sul


«peço pela manhã que inscrevamos neste dia a marca indelével do que temos de melhor. da noite, esse enorme túnel escuro que nos fez arrear as velas, pouco mais temos que manchas de café. é agora tempo de procurar o norte e soltar amarras.»

um mundo imaginado





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posted by saturnine | 12:33 |


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:: vermeer e a poética da luz ::

recebi hoje um presente que veio do sul. ao jeito de quem sabe que é no sul que as vozes dos deuses habitam, que é desse lugar longínquo que chega a luz feita poesia:



Jan Vermeer | The Geographer



«Mesmo quando, como na jovem rapariga
do turbante, Vermeer deixa adivinhar a paz das
coisas que, incessantemente, o percorrem,
é ainda o apelo antigo do coração, um
anónimo fulgor sobressaltado, o que regressa
aos seus pincéis de muito longe. Nessas
margens raramente cabem a tranquilidade e
o repouso que aparentemente o definem.
No mais claro e leve olhar de rapariga
um movimento estranho nos transporta a escusos
e insuspeitos nomes e lugares. Para
repor o equil?brio do mundo bastam agora
os objectos da casa, a janela só um pouco
aberta, o pequeno espaço do geógrafo.»





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posted by saturnine | 12:09 | 0 Comentários


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sexta-feira, 30 de janeiro de 2004




:: apontamento ::

sabes que escrevo com as mãos frias. escrevo como quem escava, violento os dedos pálidos que desfalecem no rigor do inverno no interior deste quarto. há uma janela fechada e um telefone que hoje não toca. recordo vagamente este lugar, noutros tempos. recordo o mesmo frio, o mesmo canto escuro que tudo sabe de mim, este mesmo aperto no peito que é a minha respiração interna, e sempre sempre sempre a falta de alguma coisa, de um suspiro teu, um sopro, um afago, ou um vento quente pela noite, qualquer coisa que me acolha. há-de passar. a noite longa não durará para sempre. há já cheiro a pêssegos nos teus cabelos.





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posted by saturnine | 23:15 | 0 Comentários


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:: frosti ::


*Who would have known
That a boy like him
Would have entered me lightly
Restoring my blisses

Who would have known
That a boy like him
After sharing my core
Would stay going nowhere*


Björk | Vespertine


está frio. e este álbum é uma caixinha de inverno. perfeito para os dias que se aproximam. pequenos cristais de gelo brilham e tilintam sob a pele, e intui-se que é possível que a noite seja já menos longa, um pequeno ponto de azul palpita já um pouco além do arrepio de Fevereiro.






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posted by saturnine | 12:06 |


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quinta-feira, 29 de janeiro de 2004



:: música para o dia de hoje ::


bewitched, bothered and bewildered | Silje Nergaard


e por hoje é tudo.





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:: tardes de Janeiro ::




I

No final das tardes de Janeiro
o azul possível é mais meu
inteiro como um quadro
absoluto como os mares

e eu pertenço
a esse ar mais livre
cheio de rigor e de verdade. *


* Janeiro de 2003




lembras-te que foi assim também já noutros tempos?





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posted by saturnine | 12:26 |


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:: os livros são acolhedoras moradas para a nossa necessidade de consolo ::


«A frase que vos proponho para compreensão do meu modo de ler e do reconhecimento e gratidão que devo à Literatura, foi-me inspirada pelo belíssimo título de um livro de Stig Dagerman – “A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer”. Nesse pequenino livro o escritor fala-nos de um irremissível sentimento de perda que carregamos dentro de nós e para o qual tentamos, continuamente, descobrir um bálsamo apaziguador. Nos livros podemos encontrar refúgio, porque são uma morada de acolhimento para as nossas dores e onde o mar das nossas mágoas pode sempre desaguar e receber o conforto que demandamos. Essa qualidade, mágica e redentora, fica-se a dever ao entretecimento das palavras que poetas e prosadores nos oferecem quando escrevem, às ideias que essas palavras tantas vezes carregam como flechas luminosas e às personagens que habitam as páginas dos livros, com os seus enredos, as suas vidas e os seus sonhos. Palavras, ideias e personagens, feita a revelação e ocorrido o encontro com quem as lê, conseguem muitas vezes atravessar para o outro lado do espelho e instalar-se no interior do leitor. Dessa generosa travessia pode acontecer (numa “hora muito rara” como Rilke anunciou) florescerem em nós, leitores, novos pontos de luz, de cintilação. É deles que falo, ao falar de consolação.

Maria João Seixas»






o post roubei-o, inteirinho, daqui. não só porque subscrevo na totalidade cada uma das palavras deste texto - é assim a minha forma de ler - mas também para, desta forma, tentar encontrar algum consolo possível por não poder hoje estar presente na sessão de discussão sobre a Antígona de Sófocles, em Serralves. ah, os negritos são meus (salvo seja!).





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:: viagem ao norte da Europa #3 ::


Jan Vermeer | The milkmaid


Jan Vermeer | Woman holding a balance


Jan Vermeer | The astronomer


Jan Vermeer | The girl with the pearl earring



o que há de absolutamente genial em Vermeer é a dualidade entre interior e exterior sugerida por um brilhantismo insuperável no trabalho de luz e cor. é verdade que o pintor holandês se especializou na pintura de interiores domésticos, mas a sua expressão única reside numa poética da luz e num sentido muito sereno de equilíbrio compositivo que não nega de modo algum a presença de um exterior pressentido, imbuindo as cenas de uma aura de quase atemporalidade. Vermeer não é, de todo, obsceno no seu realismo. exibe, quanto muito, o que há de dramático na simplicidade.
não deixa de ser também curioso que em todos os seus quadros a fonte de luz seja uma janela no canto superiro esquerdo. em termos de simbologia compositiva, isto quer dizer qualquer coisa. o quê, já não me lembro. investigarei.





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:: dos rostos desconhecidos #3 ::


Modigliani | Madame Zborowska


mas há ainda os lugares pacíficos
os escolhos do silêncio
ou um hábito de serenidade
sobre a face

os lugares escritos
por entre paredes brancas
os corredos tranquilos
onde os monstros
- ou os astros -
dormem.





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:: dos rostos desconhecidos #2 ::


Jean Delville | Madame Stuart Merrill


o último lugar possível da palavra
no negro contorno
dos lugares impossíveis da terra
uma floresta de sombras
um reino de espectros de luz
preenchem as horas mortas
do meu olhar ausente.





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:: dos rostos desconhecidos #1 ::


Remedios Varo | Cazadora de Astros


dos lugares ensombrados
espessos do negro da noite
fiz o meu reino
e viajo
próxima do murmúrio dos deuses
em fragmentárias explosões de luz
semelhantes
aos ritmos do silêncio.





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quarta-feira, 28 de janeiro de 2004




:: está comprovado ::

fervo em pouca água. onde quer que vá, está-me o coração ao pé da boca. dou cabo de mim neste vício de me exaltar. bolas!





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posted by saturnine | 22:05 | 0 Comentários


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:: viagem ao norte da Europa #2 ::

About 'dutch light': It is understandable that the artist attends to the light in a country with so often cloudy skies. It is the change that intrigues the constant variation of the light and therefore the colour, which changes the landscape again and again. Not the paint, but the quality of natural light is the most important material of the painter. (Edy de Wilde, former managing director Het Stedelijk Museum in Amsterdam).

encontrei isto nas minhas buscas recentes. curiosamente, vem muito a propósito: aborda a questão da luminosidade característica na pintura holandesa. e foi essa a questão que a descoberta de Hammershøi levantou. um filme/documentário para ver, 'Ducth Light', caso o encontrem.





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posted by saturnine | 13:04 |


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:: Hendrik Mesdag ::




fui à procura, encontrei. confesso que não fiquei entusiasmada. tem explosões de luz tocantes, é verdade, mas a insistência nos seus barquinhos não me agrada. destes dois gostei o suficiente. mas Mesdag é de um realismo quase obsceno. o mar, os barcos, para mim, pertencem a Turner.





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posted by saturnine | 12:33 |


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:: viagem ao norte da Europa #1 ::


Arnold Böcklin | Isle of the dead



Arnold Böcklin | Sacred Wood



Arnold Böcklin | Medusa


Arnold Böcklin | Ruins in a moonlit landscape


o cais de partida foi a descoberta recente deste (para mim) desconhecido Vilhelm Hammershøi. vergonhosamente, desleixei-me do estudo da História da Arte. vergonhosamente. desleixei-me também do prazer da contemplação. hoje inicio este ciclo de 'viagens' em busca dos nomes esquecidos da arte do norte da Europa. esta primeira imagem já a conhecia há muito. só hoje descobri o nome do seu autor.



Self-portrait with Death playing the fiddle


Arnold Böcklin (1827-1901), pintor suíço com sentimento tipicamente germânico da natureza, segundo os cânones do Romantismo.





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posted by saturnine | 11:53 |


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terça-feira, 27 de janeiro de 2004





Edvard Munch



Safe in the womb
Of an everlasting night
You find the darkness can
Give the brightest light


Fruit Tree | Nick Drake





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:: o pintor dinamarquês da solidão e da luz ::



Vilhelm Hammershøi | Sunbeams or Sunlight


Vilhelm Hammershøi | White doors/Open doors


Vilhelm Hammershøi | Interior [with young woman
seen from behind, Strandgade 30]



fui descobri-lo aqui e impressionou-me a luminosidade deste interior, que me faz lembrar os interiores de Hopper, a nostalgia da luz sobre as paredes, sobre o chão. parece que me voltarei novamente para os nomes desconhecidos.


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Hammershøi também aqui:

guggenheim
ordrupgaard
hamburger kunsthalle





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:: cortar a dor. deixar as facas ::

«Em Bissaque, um dos muitos bairros de Bissau, o sol queima como só em África pode queimar. A humidade entranha-se no corpo e embacia os olhos. As gotas de suor brilham nos rostos das 215 fanadozinhos (nome dado às iniciadas) que saem da Baraca Malgóss (crioulo para barraca amarga, lugar sagrado interdito a pessoas alheias ao fanado, o ritual de iniciação). (...)»





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segunda-feira, 26 de janeiro de 2004




:: do politicamente (in)correcto ::

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

...

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

Senhas | Adriana Calcanhotto




e serve-me isto para dizer que também eu - e tu - pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos / e reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor. *

* Minotauro | Sophia de Mello Breyner





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posted by saturnine | 20:07 | 0 Comentários


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:: about favourite movies #4 ::




para este filme não tenho citações, nem muitas palavras, tenho apenas uma história, a do dia em que eu aprendi a chorar. e desde então nunca mais parei.
não, não, não me ficou marcado o célebre «E.T. phone home...». foi depois, no limite do (in)suportável, que se constituiu a minha memória do filme. se me perguntarem alguma vez sobre a minha infância, bastar-me-á apenas dizer que foi assim:

«Elliot - Stay...
E.T. - Come...»






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posted by saturnine | 19:46 | 0 Comentários


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Angel come on down from heaven yesterday
Stayed with me just long enough to rescue me
And she told me a story yesterday
About the love between the moon
And the deep blue sea
Then she spread her wings high above me
And she said she gonna come back tomorrow

And I said
Fly on by, sweet angel
Fly on through the sky
Fly on, my sweet angel
Tomorrow I will be right by your side

Sure enough, this woman came home to me
Silver wings, silhouette against a child's own prize
Oh, angel, she said unto me
Today is the day for you to rise
Take my hand, take my hand
You're gonna rise
And then, she took me high over yonder

And I said
Fly on by, sweet angel
Fly on through the sky
Fly on, my sweet angel
Forever I will be right by your side

Angel | Fiona Apple [Jimmy Hendrix]





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posted by saturnine | 13:57 | 0 Comentários


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[moderato cantabile]

aquele vulto além no cais
ou a sombra que se estende
pela avenida em brasa
o perfume estonteante das magnólias
transpirado no ar do verão
talvez os meus passos incertos
arrastando qualquer coisa pelas ruas
ou a tarde que cai sobre os muros
alheia ao murmurar das casas
por entre os jardins

o tom atlântico das palavras
os dedos que ardem sobre os livros.





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posted by saturnine | 13:12 | 0 Comentários


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:: Ítaca ::

eis que vieste.
mas não saberei dizer se voltaste
porque é sepre outro que regressa
diferente daquele que partiu
esse que fica para sempre na bruma

mas pode ser
que também eu seja outra
- que menos saiba do que dói -
não aquela que espera
mas a que fez das noites longas
o seu ofício.





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posted by saturnine | 13:06 | 0 Comentários


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:: do silêncio interior ::

pesam-me as pálpebras e os ombros
porque a noite é longa
e as árvores que morrem
não sopram qualquer rumor
que certifique a presença dos deuses
no vento que corre pelos desertos.





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posted by saturnine | 13:03 | 0 Comentários


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:: depois de Spirit, Opportunity no planeta vermelho::











depois do desânimo perante o fracasso das anteriores missões a Marte, há um novo fôlego nesta missão de procura de sinais de vida (potencial) no planeta vermelho: ora acontece que a Opportunity aterrou no Meridiani Planum, que não é nem mais nem menos do que uma extensa paisagem plana de hematite - o mais importante minério de ferro que, na Terra, de forma na presença da água.
mas na superfície seca e árida de Marte, com constantes tempestades e ventos ciclónicos de dimensão inimaginável na Terra, não se consegue (ainda) imaginar para onde poderá ter ido a água de que supostamente se encontram vestígios. a ver vamos. serve-me, para já, o consolo de que depois isto não mais falaremos das fraudes dos 'homenzinhos verdes' (espero eu).



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take a tour across the Martian System


mars exploration rover mission | JPL NASA
opportunity lands | chronicle
mais uma oportunidade | sic online
opportunity já transmite imagens de Marte | Público






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posted by saturnine | 12:00 |


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:: chove no Porto e chove cá dentro também ::

embora não seja grande apreciadora de futebol, sou benfiquista de alma e coração. e ainda que não fosse. acima de tudo sou uma sentimentalóide incorrigível. comovo-me com a vida, e comovo-me com os seus desastres. apertou-se-me o coração de tristeza com a morte relâmpago de Fehér.

não só pela tragédia em si, mas também pelo que estas tragédias implicam - recordam-nos constantemente que habitamos este mundo onde nada nos pertence, que a qualquer momento a natureza reclama o seu privilégio, com a brutalidade devastadora da ausência de explicações e de consolo.





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posted by saturnine | 11:09 |


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2004



:: post scriptum ::




Limitless undying love which shines around me
Like a million suns, it calls me on and on across the universe







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posted by saturnine | 14:25 |


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:: someone to love :




Heaven please send to all mankind
Understanding and peace and mind
But if it's not asking too much
Please send me someone to love
Someone to love


Please send me someone to love | na voz de Fiona Apple






Words are flowing out like endless rain into a paper cup
They slither while they pass, they slip away across the universe
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my open mind
Possessing and caressing me
Jai guru de va om

Nothing's gonna change my world


Across the universe | na voz de Fiona Apple




este é para ti, Lídia, não desisti de procurar e agora encontrei. digam o que disserem dos originais, esta mulher faz umas versões de arrepiar.





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posted by saturnine | 14:19 |


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:: exercício de auto-estima ::

a prova de que só o tempo é preciso e algum empenho, é que com uma imperceptível manobra de sedução tornamo-nos a estrela brilhante de um quadrado de céu.
[narcisismo é preciso. se eu não gostar de mim, quem gostará?]





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posted by saturnine | 01:01 | 0 Comentários


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quinta-feira, 22 de janeiro de 2004



:: o que dói :: retalhos e recortes #8




O que dói
É não poder apagar a tua ausência
e repetir dia após dia os mesmos gestos

O que dói
É o teu nome que ficou como mendigo
Descoberto em cada esquina dos meus versos

O que dói
É tudo mais aquilo que desteço
Ao tecer para ti novos regressos

Ítaca | Daniel Faria



o poema roubei-o daqui. era necessário. o ano anterior passei-o no deslumbramento de Ítaca, precariamente debruçada sobre A Odisseia, e ainda agora não transporto comigo maior vertigem do que o devaneio sobre esta ilha.
a Deda conseguiu no seu post encontrar as palavras para o que eu só ousei esgravatar e encarcerar no peito: se penso em Ítaca não penso imediatamente na glória dos regressos, muito menos nas promessas cumpridas, mas sempre naquilo que dói, na 'traição' de Ulisses ao tardar-se na viagem ao encontro de Penélope, na agudez do abandono daquela que sozinha espera...


«Gostei deste poema por vários motivos. Primeiro porque se trata de uma Ítaca feminina. Explico melhor: a terra mítica e pedregosa, nestes versos, não é aquela que Ulisses almeja saudosamente rever, mas sim o espaço onde Penélope resiste sem notícias. O ponto de vista não é daquele que parte, mas sim de quem fica. Então a poesia não está no tom épico de aventuras de mares desbravados, pelo contrário, está na dor da permanência, no compasso de espera, na repetição dos gestos, na angústia da espera. "O que dói".
Há quem diga que Ulisses fez um belíssimo negócio. Viajou loucamente, fez amor com várias mulheres e, vinte anos depois, passou por ser o bonzinho que regressava para o lado da sua amada. Não foi cobrado pelas suas traições. Enquanto isso, a Penélope ficou que nem uma idiota a recusar pretendentes e a destecer uma manta inacabável. Há quem diga. (...)»



o resto do post é extremamente rico em ideias que vale a pena considerar. pela minha parte, só posso agradecer por este cais me ter trazido notícias da ilha distante com que sonho, ansiando compreender.







o que dói
é aguardar-te por entre as sombras

tu que te demoras
enquanto a eternidade
se me acaba nas mãos

diz-me agora desses desertos azuis
por onde te perdeste noutros braços
eu que só conheço esta noite longa
em que na espera me desfaço.





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:: para duas indiscretas* que também acreditam nas árvores ::




[estas são as árvores das ruas da minha infância]



estas são as árvores
das ruas da minha infância
são estes os corredores
onde aprendi o amor e o medo
o negro da noite
o sol do inverno
sob uma cúpula de ramos

são estas as árvores que guardam
o que resta da minha infância
silenciosas desde então
desde que se acabaram
os meus passos sobre o granito
das ruas.






Não é crescendo à toa,
Como as árvores, que alguém se aperfeiçoa;
Não como o roble, em pé trezentos anos,
E ser madeiro enfim, calvo, seco sem ramos.
Esse lírio de um dia,
Em Maio, tem mais valia,
Mesmo que à noite caia já sem cor:
Foi a planta da luz, era o sol a flor.

Em justas proporções a beleza se ajeita,
E só num ritmo breve é que a vida é perfeita.

A vida perfeita | Ben Jonson



*Ana e Cristina. os outros indiscretos terão que aguardar. B)






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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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