domingo, 24 de agosto de 2008









my heart is broken

it is worn out at the knees

hearing muffled

seeing blind

soon it will hit the deep

freeze












Suzanne Vega | Cracking






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posted by saturnine | 23:41 | 8 Comentários


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por muito que a lição do Cohen esteja bem presente, a evidência maior da Suzanne Vega assoma na casa, invade todos os espaços, ocupa todo o ar todo que eu tinha para respirar.













something is cracking,
I don't know where
















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posted by saturnine | 22:14 | 2 Comentários


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sábado, 23 de agosto de 2008



o ponto de vista dos demónios: edição especial


«Ana Teresa Pereira é um caso único na literatura portuguesa. Ao longo de quase vinte anos, de vários livros de crónicas e contos, romances e histórias policiais, aquilo que poderia inicialmente ter sido confundido com um sistemático recurso às mesmas soluções literárias, inclusive à repetição objectiva de enredos e personagens, pode afigurar-se como um denso e grandioso projecto literário, possivelmente sem par na literatura contemporânea portuguesa, ainda que a sua escrita seja despretensiosa, acessível, de uma simplicidade ora desconcertante ora irritante, sem grandes artifícios estilísticos. Como um iceberg do qual nos primeiros tempos só nos foi dada a conhecer a ponta emersa à superfície da água, e cujo corpo gigantesco submerso só muito depois nos começa finalmente a ser revelado. Mas os livros de Ana Teresa Pereira não se prestam a ser em absoluto deslindados. São dotados de uma atmosfera peculiar, em que tudo se vislumbra mas nada se ilumina claramente, e por isso seguimos apaixonadamente pela perpétua recriação de cenários, personagens, sentimentos, obsessões. Ler Ana Teresa Pereira terá também necessariamente que ser um projecto de vida, que não se esgota num determinado tempo previsto, passível de ser circunscrito. É um mistério no qual o leitor não poderá evitar envolver-se, enredar-se, e que vai desvendando pouco a pouco, livro a livro. Qual é ao certo a natureza do projecto literário de Ana Teresa Pereira, ainda não sabemos. Mas pelo menos aqui, aguardamos com fascínio e entusiasmo. (...)»

também n'a orgia literária










Ana Teresa Pereira é o meu amor maior. é a minha torre imaginária junto ao mar, o mês de Abril perfumado de lilases, os meus anjos e demónios à solta em quadros e versos de tempos inomináveis. eu nasci para ser uma história dentro de um livro. suster a respiração, preparar, mergulhar a fundo.





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posted by saturnine | 12:18 | 4 Comentários


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quinta-feira, 21 de agosto de 2008



fruta esquisita, menina aflita


sou, segundo dizem, a rapariga menos romântica que existe. tem no fundo uma explicação muito simples: é que eu acho que o amor é um assunto demasiado sério para arruiná-lo com a estucha do romance. mas não me interpretem mal: eu sou capaz de me comover. até choro baba e ranho com qualquer episódio da Anatomia de Grey e quando bato no fundo gosto de personificar cenas (solitárias) ridículas ao jeito de uma Bridget Jones. mas aí é que está o problema. esse tipo de comoção esgota-se-me na ficcção. ficcionalmente, a ideia de viver um amor arrebatador com um final feliz, é-me muito apelativa. mas não suporto gente demasiado próxima, demasiado necessitada, que faz sempre grandes demonstrações de elaborado afecto. é postiço e - convenhamos - aborrecido. na vida real, não funciona. sou um bicho-do-mato acossado, pouco disponível para as lides de uma socialização excessiva. se precisam de uma imagem, eu sou a casa onde há o aviso 'CUIDADO COM O CÃO'. depois, claro, há a memória de Ossanha Traidor e a frase de Rilke:

"Todas as coisas assustadoras não são mais, talvez, do que coisas indefesas que esperam que as socorramos."



estou à espera de um bandido que me salve.






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posted by saturnine | 15:31 | 8 Comentários


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terça-feira, 19 de agosto de 2008



já dizia o outro: all work and no play makes Jack a dull boy


«Discipline is the distinctively diabolical modern mode of control, it is an innovative intrusion which must be interdicted at the earliest opportunity.
Such is "work." Play is just the opposite.»











eu e o Samuel andámos (além de ler umas coisas esquisitas na net) a ter umas conversas sobre os malefícios do trabalho. a investigação para a fundamentação científica é toda dele. eu só me ofereci para estudo de caso: eu sou nitidamente muito infeliz por causa do trabalho. não é uma questão de não gostar do que faço (gosto), é só não gostar de fazê-lo durante tanto tempo, quando há outras tantas coisas infinitamente mais importantes à minha espera. os livros, os passeios, as tardes de ócio absoluto, o cinema, até - caraças - os amores e as paixões. o meu problema é de raiz: eu não encaixo neste sistema (para mim era a abolição do trabalho, claro), mas não há muito como escapar-lhe. é a guerrilha ou a fuga para Pasárgada. como eu me vejo mais depressa de margarita do que de kalashnikov na mão (e estou certa que o Samuel também), algo me diz que o nosso escape passa mais pela fuga hedonista. bora para Pasárgada!













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posted by saturnine | 01:24 | 10 Comentários


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7 dias (6 noites)








(those were the best 18 years over miss you over & out)






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posted by saturnine | 00:50 | 16 Comentários


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domingo, 17 de agosto de 2008



na senda de Mefistófeles


na pré-história dos blogs, havia um certo e determinado Mefistófeles que espingardava muito em todas as direcções (como qualquer bom diabo deve fazer). um certo dia, calhou-me na rifa ser chamada para esgrimar. quando acontece que o próprio Mefisto se retira, vencido, com um inesperado touché!, sabe-se que se ganhou um lugar especial no inferno. e assim foi. fui nomeada mafarrica oficial. entretanto Mefisto demitiu-se, passou o cargo, tirou licença sem vencimento. mas eu não menosprezei jamais as minhas funções. por isso mesmo, uma das minhas compras mais recentes recai sobre um bem essencial, de que não era ainda possuidora:









«CARRUAGEM DO DIABO: Num subúrbio de Paris, no começo do século XVII, foi vista durante várias noites uma carruagem negra, puxada por cavalos negros, conduzida por um cocheiro igualmente negro, que passava a galope sem fazer o menor barulho. Parecia sair todas as noites da casa de um senhor que expirara havia pouco tempo. O povo convenceu-se de que era sem sombra de dúvida a carruagem do diabo que desse modo transportava o morto. Veio a saber-se depois que aquela brincadeira era obra de um patife que intentava apoderar-se da casa do fidalgo. Tinha atado almofada à volta das rodas da carruagem e aos pés dos cavalos, para assim dar ao seu passeio nocturno a aparência de uma obra de magia.»







depois não resisti e, se bem que se refere a um outro tipo de cornudo (o dito empalitado), arrecadei também esta linda pérola:










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posted by saturnine | 00:30 | 0 Comentários


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Os nomes do diabo e seus derivados


Diabo: (do latim diabolus, por sua vez do grego antigo διάβολος, transl. diábolos, "aquele que separa") é o nome mais comum atribuído à entidade sobrenatural maligna da tradição judaico-cristã. É a representação do mal, com a sua suposta forma original de um anjo querubim, mas com o seu aspecto ainda desconhecido. Muitas são as tentativas de reproduzi-lo, a tradição popular dota-o de uma cor vermelha, com feições humana, mas com chifres, rabo pontiagudo e um tridente na mão, remetendo para um ceptro.



Satanás ou Satã: (do hebraico שָטָן Shai'tan, adversário/acusador, no koiné Σατανάς Satanás; no aramaico צטנא, em árabe شيطان) é um termo originário da tradição judaico-cristã e geralmente aplicado à encarnação do Mal em religiões ditas monoteístas. Detentor de uma legião de Demónios fiéis que seriam cerca de 1/3 do número de Anjos de Deus em tempos primordiais, a sua história é caracterizada por ter-se rebelado contra Deus, unindo uma legião de seguidores contra Ele, tendo, posteriormente, sido expulso do Céu pelo Senhor.



Lúcifer: (em hebraico, heilel ben-shachar, הילל בן שחר; em grego na Septuaginta, heosphoros) significa o que leva a luz, representando a estrela da manhã (a estrela matutina, o planeta Vénus), mas também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Arcanjos. A aparência de Lúcifer pode variar; acredita-se que ele (chamado agora de Diabo), pode assumir a forma que desejar, podendo passar-se por qualquer pessoa. Durante a baixa Idade Média, foi-lhe atribuída a hedionda aparência com a qual o conhecemos hoje: asas de morcego, pés de bode, olhos de fogo, chifres enormes na cabeça, olhar aterrorizante, etc.



Mefistófeles: Deriva do grego e significa aquele que odeia a luz. Desde a Idade Média, o nome refere-se a uma das muitas entidades demoníacas.



Belzebu: é o tenente dos exércitos infernais, estando directamente sob a autoridade de Lúcifer, o imperador do Inferno. É o demónio que, por excelência, proporciona os mais famosos e acertados oráculos. Preside à «Ordem da Mosca», e encontra-se entre os mais famosos anjos caídos. Dizem alguns estudos demonologistas, que Belzebu é uma das três entidades que constituem profana a trindade dos infernos, aquela que se opõem à santa trindade dos céus: Lucifer, Astaroth e Belzebu.



Azazel: (em aramaico: רמשנאל, hebraico: עזאזל, Aze'ezel árabe: عزازل Azazil) é um nome enigmático das escrituras hebraicas, que se acredita tanto poder significar Deus era forte, ou rebelado contra Deus. Azazel é comummente reconhecido como O Anjo da Morte, ou o Anjo Caído.



Outros nomes populares: Aquele que Desvia, Azarape, Cabrunco, Cão, Canhoto, Capa-Verde, Capeta, Capiroto, Chifrudo, Coisa-Ruim, Cramulhão, Crinado, Danado, Demo, Dos Quintos, Encardido, Espírito-de-Porco, Excomungado, Ferra-Brás, Indesejado, Lá de baixo, Mau, Mefisto, Pastor Negro, Pé-de-Bode, Pé-Preto, Pedro Botelho, Peneireiro, Príncipe, Rei ou Senhor das Trevas, Príncipe, Rei ou Senhor dos Infernos, Rabo-de-Seta, Rabudo, Ranheta, Renegado, Sarnento, Satanás, Sete-peles, Temba, Tinhoso, Tranca-Rua, Zarapelho.



aceitam-se (e agradecem-se) contribuições com outros nomes populares não mencionados na lista.





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posted by saturnine | 00:28 | 9 Comentários


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sábado, 16 de agosto de 2008



I don't know what I have done: I'm turning myself to a demon *


duas coisas de que eu gosto muito muito muito: dos pintores marginais do gótico e pré-renascimento, da sensação de absoluta surpresa e novidade ao escutar um primeiro disco de alguém. quando as duas coisas aparecem juntas, é o paraíso. ou é o inferno. ou são as delícias terrenas ** , não sei bem. é qualquer coisa para tranformar este blog novamente numa chafarica sonorizada e ilustrada:






Pieter Bruegel, o Velho | Provérbios



Fleet Foxes| He doesn't know why






* Fleet Foxes
** Hyeronimus Bosch

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posted by saturnine | 23:32 | 4 Comentários


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terça-feira, 12 de agosto de 2008



miles to go before I sleep #22


a sombra da morte a rondar tão perto, pelos corredores de uma casa, é a filhadaputice-mor, a pedra de Sísifo a rolar, desenfreada, montanha abaixo, montanha abaixo, e ninguém a pode parar.





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posted by saturnine | 03:21 | 2 Comentários


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O ponto de vista dos demónios #31


aprendi logo aos 12 anos uma das mais importantes lições da minha vida: a cena da donzela ofendida não funciona. não no mundo real. era em Londres. eu queria muito que aquele rapaz ali ficasse o resto da noite e que se desfizesse em enfatuados desejos por mim, mas não ia haver cá nada de abusos. e claro, resultado: não houve cá coisa nenhuma, o gajo raspou-se. o meu ego ferido chorou baba e ranho, fez o célebre número ai eu ai eu ai eu que vou morrer de desgosto, não há por acaso por aí daquele veneno que a Julieta tomou? decidi instantaneamente que ia amuar para sempre. ou pelo menos até ele se sentir suficientemente culpado para me vir cair aos pés. durou-me uns cinco minutos. vá, uma tarde. um passeio de barco falhado pelo Tamisa (os desencontros também têm coisas boas), e a Grande Deusa dos Espíritos Mafiosos teve oportunidade de logo ali iluminar o meu pobre espírito atormentado. percebi de imeditado que provavelmente ele ficaria baralhadíssimo se, no regresso, não mais me encontrasse chorosa e ofendida, mas antes com a boa disposição e a querideza de sempre. o dito cagar no assunto. a Deusa não me enganou. um olhar incrédulo, um segundo de hesitação, um esgar de admiração, e pronto, tinha-o no meu território outra vez. nunca mais caímos aos pés um do outro, mas fomos grandes amigos (dos melhores) até a geografia nos separar.
naquela altura, naquele preciso momento de inversão de estratagema, ainda que ingenuamente, algo aconteceu. na altura eu ainda não o sabia, mas estava a assinar um pacto com o diabo. ao assumir um despudor absoluto em passar por cima de qualquer desconsideração, em nome de um interesse afectivo maior que pretendia orquestrar, abraçava oficialmente a minha sina de mulher de bandido. nunca mais pude escapar-lhe, nunca mais me foi fácil gostar de alguém que gostasse de mim. passei a viver sempre no lado errado da noite, buscando consolo em bocas proibidas, impossíveis. não é, de todo, uma apologia do sofrimento inútil. é só assim que as coisas são. as pessoas são más. eu sou uma pessoa má. e como em tudo, há conforto no reconhecimento, e há a impossibilidade da fuga a uma natureza comum. metade de mim, pertence ao reino dos infernos. também me habituei a conviver, portanto, com os lugares errados da minha cabeça. as minhas leis são mais epidérmicas que morais. o corpo é como um habitáculo gigantesco para toda a porcaria que somos capazes de fazer. e o que somos capazes de fazer é coisa para nos transformar, moldar a forma do nosso corpo.
(i suppose i should be happy to be misread, better be that than some of the other things i have become. aimee mann.)
há uma certa dose de cinismo a que não se pode escapar. acredita-se menos na limpeza das almas, muito pouco na pureza das matérias, quase nada em asceses e histórias felizes. mas por outro lado, não se foge à maldição do amor, à violência da paixão, ao castigo da solidão. uma lição mal aprendida, ou um fascínio desmesurado pela aceleração em queda no abismo, eu sei que vou cair, e caio de bom grado, onde eu toco tudo se transforma em ferida, o amor é uma maldição que eu procuro, porque eu tenho milhas para andar antes de dormir mas espero um dia ainda adormecer, tenho três grandes desgostos, que precisam de três grandes esgotos, quem me dera ter três ventrículos no coração. o cinismo convém à idade adulta, quando não nos podemos furtar à convivência. eu, que tenho um coração elástico, sou capaz das mais inacreditáveis acrobacias. elasteço, endureço, morro uma pequena morte e regresso, com aquela forma mansa de gostar que resiste à decepção. o meu rosto, que eu achava que ia envelhecer demasiado cedo, demasiado depressa, como o de Duras, não envelheceu. mas o fruto da minha boca é tão amargo quanto doce. quando eu mordo, é para matar. tudo me dói, muito em particular o estar viva, e o mundo inteiro é a minha expiação. confesso que gosto cada vez menos de pessoas, ao passo que gosto mesmo muito de algumas, bandidas, filhas da puta. sou capaz de gostar infinitamente de quem me faz mal.
à margem, cresce uma certa magnanimidade desconcertante. tenho 12 anos outra vez e aprendi uma lição. uma vida fodida vale aquilo que vale. o perdão é uma coisa fátua, um mito judaico-cristão semelhante ao da culpa. mas poderia dizer que a capacidade para o perdão aumenta na proporção directa do desejo em questão. por isso é tão complicado justificar-me (e por isso tão raramente o faço). poucos compreendem a capacidade de gostar além da decepção. os meus melhores e mais antigos amigos sabem que jogamos sempre um jogo de harmónio, como a respiração do universo: ora inspiramos, ora expiramos, ora próximos, íntimos, ora afastados, distantes. é um ciclo que precisa de poucas palavras. é uma lição que demorou um pouco mais a ser aprendida. a certa altura, sabemos, apenas. como o ritmo cadente das marés. vai-se, mas volta-se. eu aprendi, como Penélope, o nobre ofício da espera. enquanto encosto ao lado errado da noite, entre bocas e corpos proibidos, tenho três grandes desgostos que não saram, que não poderão nunca sarar, e uma série de amores emergentes, algumas noites de insónia, alguns momentos breves de estar perto de qualquer coisa, como quando respira perto do meu pescoço um certo homem moreno, que diz que gosta de Boris Vian.





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posted by saturnine | 00:46 | 9 Comentários


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segunda-feira, 11 de agosto de 2008



of course it hurts when buds burst *




©




quando dormia, e se por acaso o sono se lhe agitava, revirando-se na cama em busca do lugar mais propício ao sossego, acontecia-lhe por vezes uma dor fina, aguda, ora quase imperceptível, ora dilacerante, vinda de lugar nenhum que lhe fosse conhecido, do fundo das entranhas. como se de algo extremamente improvável se tratasse, uma adaga que explorasse a fundo os meandros do seu corpo, nenúfares que desabrochassem no interior do peito.** um dia, uma dor grave, funda, levou-a ao médico, acreditando que se tratava de uma angina. angor pectoris.
o resultado da investigação provou ser bem outro: um coração de vidro. frio, translúcido, frágil. por vezes, durante a noite, uma agitação profunda provoca um desequilíbrio, um estremecimento. o corpo tomba inadvertidamente, desastrosamente, sobre o lado esquerdo. o coração desfaz-se em mil cristais afiados como estiletes. é por isso que, nessas noites, o peito dói e sangra e geme, como se mãos invisíveis cortassem, fio a fio, o tecido vivo do tórax.
a tarefa das manhãs é a da reconstrução. aprender, porque não pode ser de outro modo, o ofício de costureira: refazer, fio a fio, o tecido desfeito da caverna torácica. como quem reconstrói um templo devastado, lentamente, pedra a pedra, suportando a agrura. depois, o ofício de vidreiro: fundir a matéria vítrea do coração, juntar os cacos, liquefazê-los, ter esperança na fidelidade da réplica. executar, passo a passo, a metódica tarefa de aprender a morrer, para depois (re)nascer. ao longo dos anos, o coração de vidro adquiriu uma coloração avermelhada, sanguínea. a cada noite, parece que a mancha vermelha cresce, aumenta, quase ocupa o espaço todo. diz o médico que é vidro tingido, recozido, manchado, ping, ping, uma gota por cada ferida, uma ferida por cada estilhaço, nas noites em que uma agitação profunda fez revolver um corpo numa cama jogando-o em inevitável desequilíbrio, por fim tombando sem cuidado sobre o lado esquerdo, onde o peso inteiro esmaga um pequeno orgão frágil como uma jóia, que se estilhaça, cortando a fundo pela substância do sono com uma dor fina, aguda, de flor nocturna que desabrocha no espaço insuficiente de um peito.






* Karin Boye
** Boris Vian, A Espuma dos Dias

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posted by saturnine | 22:49 | 0 Comentários


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sexta-feira, 8 de agosto de 2008



O ponto de vista dos demónios #30


mas que não haja enganos. sou, de nascença, um ser do outono. a vida na terra é emprestada, eu pertenço aos subterrâneos. o meu demónio dorme, mas não me deixa. sinto o seu bafo quente no meu pescoço. a sua respiração soa compassada com a minha. rejubilo pela liberdade temporária do verão, pelo sabor do sal e das algas na boca ao primeiro mergulho no mar, mas continuo a carregar por dentro o fruto saturnino e as pequenas mortes. é certo que há uma intacta ferida, que sangra suspensa. é certo que me encosto sempre ao lado errado da noite. é certo que regressarei às sombras, ao submundo. mas não hoje.





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posted by saturnine | 16:16 | 3 Comentários


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sábado, 2 de agosto de 2008



The sea, the sea








o título acima é do livro que estou a ler, de Iris Murdoch. acompanhou-me na viagem rumo ao sul, mas só no regresso se me ofereceu o momento de lhe pegar. ante a enfermidade, há que antes preparar o corpo para a cura (coisa que aprendi com Ossanha Traidor).
de partida para o sul, eu fugi para o mar. fugi como a quem urge embrenhar-se sozinho no mato e encontrar-se com deus. a mim urgia mergulhar, nadar, limpar, curar, regenerar. eu sou um ser do verão. a minha única e verdadeira vocação é deambular pelos lugares onde se pode viver do sol. parti, sequiosa, seguindo o rasto da minha sede - e a minha sede põe-me o travo do sal na boca, leva-me para o sul, onde o azul é estupidamente desconcertante e onde o vento frio da noite traz o azul-negro do céu crivado de estrelas. andei por terras onde os mouros passaram. lugares pouco mais que desolados, pequenos, onde a civilização chega só em doses muito moderadas, onde é possível esquecer que há tempo e coisas mundanas - ali, é só a presença da terra. a terra dura e árida, escarpada, impressionantes falésias ao fundo das quais se estendem silenciosos oásis de brisa fresca. a terra chama, e eu vou. ajoelho e estendo o corpo no solo quente. vergo ante o jugo implacável de um sol castigador, arde-me a pele no excesso de luz, e depois chega a redenção: um reino subitamente descoberto, a recompensa pelo esforço da sobrevivência ao caminho árduo, como uma gloriosa coroação quando a manhã vai alta, ao fundo, o mar.
o alívio que é seguir pela estrada que arde, descer 285 degraus escavados na rocha, chegar à praia quase deserta. o mar, do lado ocidental da costa (na verdade é o oceano) tem o tom atlântico característico, vagamente assustador, encapelado, ruge e rebenta violentamente antes de chegar ao areal, e a brisa salpica o corpo de água muito salgada carregada de iodo, em que não é possível nadar. do lado sul, é mar mediterrâneo, baías calmas e verdes que enchem as praias de algas e conchas, onde se nada como se não houvesse amanhã, como se se pudesse nadar até ao fim do mundo - e de lá regressar ao princípio. naturalmente (e felizmente), o lado ocidental é o menos civilizado. é quase possível não ter que articular palavra um dia inteiro. as pessoas circulam ao longe, vemo-las, ouvimos, mas fazem parte de uma história distinta e distante, não nos dizem respeito. o interesse está única e exclusivamente concentrado na paisagem, na planície queimada, os montes verdejantes, as casas caiadas de branco em silêncio absoluto, de cujas varandas e terraços mouriscos emergem cachos de buganvílias numa explosão de cor. ao fundo, o mar.
tenho no mundo um lugar de eleição, que se chama Vale dos Homens. tenho no corpo um bronzeado bonito e saudável. um dia, quando for grande, hei-de ter uma casa branca junto ao mar, com cachos de buganvílias a pender dos arcos das varandas mouriscas, algures numa rua estreita, na qual incide o sol a pique ao meio-dia e onde à noite se sente o ar perfumado, num lugar a sul, só moderadamente civilizado, algo como Aljezur.















































Conhecias o verão pelo cheiro,
o silêncio antiquíssimo
do muro, o furor das cigarras,
inventavas a luz acidulada
a prumo, a sombra breve
onde o rapazito adormecera,
o brilho das espáduas.
É o que te cega, o sol da pele.


Eugénio de Andrade, Matéria Solar






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posted by saturnine | 14:00 | 6 Comentários


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diz que é uma espécie de current mood:
pré-congelado #3




© Gil Elvgren



a praia tem destas coisas. não, não falo deste ar saudável e bronzeado e oops!, estou pouco vestida, é? que agora me domina. falo das implicações de viver secretamente para a Santíssima Trindade: mar, sol, areia.

foi há uns anos largos que, numa colecção antiga de policiais do meu pai, descobri o célebre "Rebecca" de Daphne du Maurier. já o li mais que uma vez, o que é mais do que posso dizer sobre a maioria dos livros mais marcantes da minha vida. isso deve dizer qualquer coisa sobre o livro em questão. o que me agrada no género do romance policial inglês é o tom de um certo requinte macabro que o percorre. mais do que suspense e terror, há mistério, obscuridade, um pouco de sobrenatural. a presença constante das brumas, do mar cinzento encapelado, a bater contra as rochas, das grandes casas de férias onde algo de estranho acontece... a ambiência de fascínio que rodeia os enredos de Daphne du Maurier, e o carácter fortemente visual das suas descrições tornaram os seus contos e romances frequentes fontes de inspiração para incursões no cinema.

bem, contra todas as manias filosofico-existencialistas, o verão relembra-me que "Rebecca" é mesmo um dos livros da minha vida. há definitivamente algo que me agrada na presença de fantasmas antigos que reclamam o seu lugar nas casas inglesas. este verão, voltei a levar a Daphne du Maurier comigo em férias, desta vez "Os Pássaros e Outros Contos Macabros". no que ao título principal, que inspirou o filme de Hitchcock, diz respeito, é certo que o contexto da história e a narrativa sofreram alterações na passagem ao cinema, mas o tom de um certo terror fino, subliminar, contido mas crescente, emerge claramente em ambos. o que é mais terrível: equanto o filme de Hitchcock nos deixa com um final em aberto, suficientemente ambíguo para podermos acreditar que o pior já passou, que com a fuga terá terminado a catástrofe, o conto de Daphne du Maurier abandona a narrativa em pleno auge, a meio dos ataques sanguinários, quando sabemos perfeitamente que o pior há-de estar para vir e que não há fuga possível. é um conto sufocante, que ainda hoje me causa arrepios. a única certeza que tenho é que hoje irei rever "Os Pássaros" de Hitchcock.





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posted by saturnine | 12:27 | 2 Comentários


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sexta-feira, 1 de agosto de 2008



sob o signo do sol:
pré-congelado #2


quando habitualmente em Junho começa a cumprir-se a promessa anual do reino glorioso do verão, acontece qualquer coisa que me transfigura: o corpo instintivamente entra em interna movimentação. como se de uma metamorfose se tratasse, de dentro para fora, vai sendo expulso o inverno, o desaparecimento contínuo, a depressão. é uma purga. temporária, mas possível, necessária. tudo começa quando a linguagem se torna estranha, um excesso. o verão começa quando já só consigo ouvir coisas que não consigo compreender.
há música que me faz sonhar com uma Terra que eu não posso saber de todo se existe mesmo. uma visão romântica dos desertos, das plantações de café, da dureza dos lugares inóspitos onde a presença humana diz pouco da civilização, onde a água é, mais que uma benção, uma religião. mas a música leva-me a essa terra que trago dentro da cabeça, dentro do corpo, à espera de desabrochar.
entre Junho e Setembro, a única música possível é essencialmente árabe e africana. o fascínio do exotismo está claramente marcado, sempre foi assim para o homem ocidental. mas há qualquer coisa de extremamente maravilhoso em escutar aquelas vozes, como cânticos vindos do princípio e do fim do mundo, não conseguir inteligir, e sentir que assim é que está bem, tudo está no seu lugar, que é a própria terra antiga que nos fala, e que é tempo de nos entregarmos ao abandono do sofrimento excessivo.





Sines



este ano, renunciei (não sem alguma angústia) aos festivais de verão habituais. fiz a minha estreia no Festival Músicas do Mundo em Sines. de lá, trago uma injecção de boas vibrações (que conseguiu felizmente superar a minha crescente fobia de multidões e freaks e espíritos de festival), e o espanto e a alegria de dois momentos: Faiz Ali Faiz (Paquistão) e Rokia Traoré (Mali). no primeiro, levitei para outra dimensão, quase hipnotizada, como uma cobra encantada; no segundo, dancei como se não houvesse amanhã, e viajei, viajei para longe, tão longe quanto a minha cabeça me conseguiu levar. as vozes, as vozes. como se o tom de pele conferisse dignidade ao espírito: quanto mais escuro melhor. durante dias a fio, andei com um refrão paquistanês que não compreendo de todo na cabeça. músicas longuíssimas, seguramente com 10, 15, 20 minutos. cheias de cambiantes, avanços e recuos, mas sempre guiadas por uma harmonia subtil que as encerrava dentro de uma unidade implícita. ou seja: regressávamos sempre ao ponto onde algo era reconhecido, mesmo se não soubéssemos que rumo tomávamos.
sobre a voz de Rokia Traoré consigo dizer pouco, a não ser que parece trazer a África toda dentro. ia deixar aqui umas amostras, mas não sou capaz. não faz jus ao que vi e ouvi. é partir em busca, se faz favor, ver para crer (querer).





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posted by saturnine | 23:56 | 0 Comentários


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I came so far for beauty:
pré-congelado #1




Leonard Cohen. 19 de Julho, Passeio Marítimo de Algés. primeiro dia oficial de férias, rumo ao sul. há seguramente 10, 12 anos, que este grande amor se fermenta aqui. a concretização veio finalmente, antes que fosse tarde demais, como um grande e esrondoso e arrebatador hallelujah! o facto de o momento marcar a viragem de página necessária, ao fim de meses de inferno, rumo à liberdade - temporária, mas plena - acentua o seu efeito balsâmico, reparador, diria mais: regenerador. uma vez por outra, numa vida, há uma partida rumo a qualquer coisa que implica uma lavagem, uma purificação necessária para que seja possível continuar. permanecer neste mundo, viver socialmente, suportar o inferno das pessoas e dos objectos civilizados. este foi possivelmente o melhor (e maior) concerto de toda a minha vida. houve a emoção avassaladora a rachar-me ao meio, a quebrar-me em mil pedaços, a exceder a luz que os meus olhos são capazes de suportar. um fogo imenso, a arder ora manso ora violento, ali mesmo à minha frente. e eu de bom grado me queimava nesse fogo. junto de mim, um séquito de demónios e fantasmas, bons e maus. permanecemos todo o tempo em silêncio, voltados para dentro. era uma dor aguda, mas libertadora. em dois ou três momentos, achei que poderia ser mais do que conseguiria suportar. sussurrei entredentes umas quantas blasfémias, uns quantos filho-da-puta! aqui e ali, sobrevivi. I came so far for beauty. a emoção rachava-me e eu quebrava. mas não poderia esquecer a primeira lição de vida que aprendi com o sr. Cohen: everybody has a crack in them, that's how the light gets in.





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posted by saturnine | 21:57 | 3 Comentários


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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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