sexta-feira, 10 de junho de 2011



A thing of beauty is a joy forever


Sendo verdade que o little black spot nunca foi um blog político, por outro lado sempre quis ser um blog espacial - não é especial, é mesmo espacial. Como eu, que quando fosse grande queria ser astronauta (o que nunca foi uma boa solução para a agorafobia).


Uma das grandezas do Tree of Life, de Terrence Malick, reside na eloquência do indizível. A certeza de uma transcendência, que pode ser traduzida em fábula religiosa, ou em puro espanto cósmico. Eu prefiro o caminho do silêncio reverente. A mera existência espanta-me. A improbabilidade de eu ter um corpo, que respira, que pulsa, que pensa, e que é feito exactamente da mesma matéria que todo o resto do universo. Muito antes de me ter interessado sobre os factos da vida quotidiana, já sabia de cor o nome de meia dúzia de objectos do catálogo de Messier. Ainda hoje, a mera contemplação de algo assim só me faz ter vontade de chorar:






M42, NGC 1977 (Orion Nebula)
© Antonio Torres






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domingo, 24 de janeiro de 2010



where the wild things are





quase não tenho palavras para explicar a adoração que sinto pela pequenina história de Maurice Sendak, que se transformou já no meu filme do ano (se calhar por alguns anos). há poucas coisas tão dolorosas como o dedo sobre a ferida da infância, e qualquer pessoa que já tenha consultado o psicanalista deve sabê-lo.
e como ter um dedo que carrega lenta mas insistentemente sobre um lugar que dói não mata, mas mói, saí do cinema incapaz de falar, lavada em lágrimas. os monstros - que não são monstros, mas uma coisa bem diferente, wild things, que se perdeu na tradução - olham-nos secretamente como memórias de algo remoto, que conhecemos bem. são ferozes, mas fofinhos, agressivos, mas amorosos. têm tantos conflitos interiores que são até demasiado humanos. uma coisa excepcional, que me deixou reduzida a um silêncio cuja natureza não é possível descrever.
a comoção surgiu como numa erupção, com a força de uma torrente de lava, sem explicação. a empatia gerada por um Carol rufião, que tem algo de Tony Soprano, desconcertou-me. literalmente. preciso de qualquer coisa que me concerte outra vez. porque não parece de bom tom andar por aí a chorar, tendo que trabalhar e fazer coisas de gente grande e ter que responder, se me perguntam, que "foi uma coisa selvagem de uma história que me fez lembrar das dores de crescimento".





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segunda-feira, 19 de outubro de 2009



heads up display:



© ~miezeTatze



chegamos à red line dos níveis mínimos de suporte de vida. sinto que passou por cima de mim um comboio de carga, daqueles que fazem demasiado barulho e demoram demasiado a passar, a meio de uma conversa, deixando as frases em suspenso. agora, é a lenta subida de regresso. man, dá tanto trabalho divertirmo-nos.



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domingo, 18 de outubro de 2009



man, it was really fast!


não dormi durante quarenta e oito trinta e seis horas (e a prova disso é que ainda não recuperei a habilidade para fazer contas). passei o limbo da directa e sobrevivi - não sem a difusa memória de me ter metamorfoseado em abóbora e em zombie e num ser vagamente alucinado com lentes de contacto pregadas aos olhos. andei pelas ruas com sapos príncipes e lagostas, OVNI's e joaninhas voa-voa, rãs saltitonas e cogumelos gigantes. estive no meio de uma alucinação colectiva com o Darth Vader, mas o Darth Vader perdeu-se e não apareceu. corremos pela rua fora em direcção à Velha-a-Branca de computador na mão ainda a renderizar um filme. conseguimos entregar o filme, mas esquecemo-nos da cena final. no fim da noite, a exibição dos filmes transformou-se num fiasco devido a uma série de problemas técnicos e assim pudemos culpar a organização. no meio disto tudo, comprovou-se que a Lei de Murphy e seus corolários são uma das únicas verdades universas incontestáveis, e ao longo de cerca de 24 horas pudemos perceber que, não só


If anything can go wrong, it will go wrong



mas também que


If anything simply cannot go wrong, it will anyway




e acima de tudo que


If there is a worse time for something to go wrong, it will happen then




sim, estivemos no Fast Forward e foi a puta da loucura. thumbs up, voltamos para o ano.



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domingo, 10 de maio de 2009



diz que é uma espécie de current mood



My Neighbour Totoro, Hayao Miyazaki






descobri o filme da minha vida















e uma alma gémea...





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domingo, 8 de março de 2009



current mood:



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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009



dos polígonos e do espaço infinito entre as coisas finitas





gostei assim-assim do Vicky Cristina Barcelona enquanto filme. coisa morna, saborosa, primaveril, agradável, ligeira. mas morna. passou por mim como se não tivesse começado nem acabado. uma coisa tipo assim.







em compensação, vou gostando cada vez mais daquilo que ficou nas entrelinhas.

qual é a distância mínima entre dois pontos? é o espaço infinito, onde cabem todos os outros pontos do universo. qual é a menor distância entre tu e eu? é quando nos beijamos que estamos mais próximos de nunca termos estado tão longe?



e - boazudices scarlettianas à parte - tem a sua graça ver-me em personagem de cinema. ainda que em retrospectiva.








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domingo, 23 de novembro de 2008



sometimes the story of my life comes crashing on my head again




Aimee Mann | Wise Up




people look up. things fall down.
and when it rains, it pours.






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domingo, 28 de setembro de 2008



Things fall down. People Look up. And when it rains, it pours. ¹


há demasiados filmes quase-mais-que-perfeitos para que eu consiga dizer de um: este é o filme da minha vida. há, contudo, aqueles de que poderei dizer que são defintivos - como quem diz, claro, que definem, na medida em que se identificam em absoluto com o quadrado de mundo visível a partir desta cápsula que habito. nessa categoria estão Magnolia e American Beauty. há em ambos um tom de coisas assombroso, violento, perturbador, comovente, que que resiste à nomeação - valham-nos as metáforas. transforma-se o cinema no segmento que constitui a distância mais curta que une os pontos A e B, em que A = natureza e B = humana. todo o drama e toda a angústia e toda a alegria mansa da minha vida estão condensadas nesses dois filmes. uma absurda comoção sem raiz - ou demasiado enraizada -, inexplicável, sem palavras, dolorosa de tão exacta e evidente. do mesmo modo que será sentir as pupilas feridas pela luz quando demasiado perto são consumidos os olhos pelo fogo de uma epifania.




I guess I could be pretty pissed off about what happened to me, but it's hard to stay mad when there's so much beauty in the world. Sometimes, I feel like I'm seeing it all at once and it's too much. My heart fills up like a balloon that's about to burst. And then I remember to relax and stop trying to hold on to it. And then it flows through me like rain, and I can't feel anything but gratitude for every single moment of my stupid little life. ²






¹ Magnolia
² American Beauty

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quinta-feira, 29 de maio de 2008



more news from nowhere #2




o meu amor incondicional pelo Indiana Jones não é segredo para ninguém, mas se calhar nunca tinha posto as coisas nestes termos: trata-se de algo entre o meu herói da infância e o amor da minha vida. é preciso que se note que o primeiro filme que eu vi na vida num cinema foi precisamente o Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida (passando à frente as Brancas de Neve e afins mariquices habituais), e que isso me valeu até aos dias de hoje uma paixão assolapada pelo Harrison Ford, em todas as suas formas. ainda hoje, coiso e tal.




este Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não é um filme para ter mudado a minha vida, provavelmente nem sequer para ter acrescentado muito mais. não é um filme brilhante, e é seguramente um filme menor que os 3 primeiros (dos quais o primeiro e o segundo são claramente os meus predilectos, com dezenas de visionamentos cada um), mas é tão comovente ter o Indy de volta, e em tão boa forma nos seus 65 anos, que não pude deixar de sair rendida. é um bom filme de entretenimento e aventura, apesar de tudo, e serve o seu propósito.

e claro, há todas as subtilezas de devoção à causa. a cumplicidade de olharmos um para o outro, quando poucos o perceberam, e comentarmos ao mesmo tempo: "olha a Arca!"... brilhante. valeu pelo tempo todo no escurinho bom do cinema.





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posted by saturnine | 01:29 | 2 Comentários


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sexta-feira, 14 de março de 2008



No country for old men





quando acabei de ler A Estrada, de Cormac McCarthy, lembro-me de ter pensado duas coisas: primeiro, que não sabia se conseguiria voltar a pegar noutro livro tão cedo; segundo, que era perfeito se lhe pegassem para fazer bom cinema. na altura, não fazia ideia de que não só a máquina já estava em andamento, mas que também No Country for Old Men já estava a caminho. é um gajo estranho, este McCarthy. nada me faria pressupôr, se tivesse visto o filme sem conhecer o autor e o livro, que algo me moveria para que o lesse. não percebo. não há frases geniais. não há tiradas memoráveis que eu retire para o caderno de notas. não há parágrafos avassaladores que me esmagam com o espanto da evidência da natureza humana eloquentemente apresentada. há só uma ruminação lenta, quase imperceptível, dura, cáustica, que mói e mói e mói por baixo da pele até que de um momento para o outro, sem que nos tenhamos apercebido, nos vejamos perante um buraco cavado no corpo. é isso que este gajo faz. sem grandes merdas, as pessoas mais ou menos como elas são. as interrogações, as deambulações do espírito, a constatação óbvia de que se vive e que se morre e de que não há explicação para o bem e não há explicação para o mal. um homem como outro qualquer, à hora errada no lugar errado; um bom e velho xerife existencialista; um vilão com requintes maquiavélicos a roçar a perfeição. McCarthy entrega-se mais demoradamente à descrição da terra, às angústias, aos detalhes inúteis da narrativa. instala em nós, grão a grão, o vazio. os Coen naturalmente tiveram que condensar. o que se perdeu não fez perder de vista o que importava assinalar: a terra bruta e o que faz a quem nela habita; a figura de Anton Chigurh, sem passado, sem explicação, sem futuro. tónica na densidade: e aqui se encontra a ponte que mantém unidas estas duas faces da moeda (trocadilho-referência genial, caso não tenham reparado), duas obras extraordinárias. call it! (fuck)








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sábado, 16 de fevereiro de 2008



The Demon Barber of Fleet Street




fui ver o Sweeney Todd noite adentro, num ímpeto. saí de lá com algumas coisas para dizer. as mais importantes, disse-as sem palavras na manhã seguinte: fui trabalhar vestida de preto e branco, com os olhos pintados com sombras negras. com alguma pena admito que não foi o filme perfeito que esperava que fosse. um pouco de terror a menos e alguma previsibilidade a mais confrangeram-me o coração. apesar de alguns momentos musicais brilhantes (there's a hole in the world like a great black pit/ and it's filled with people who are filled with shit/ and the vermin of the world inhabit it! - ou - because the lives of the wicked should be made brief/ for the rest of us death will be a relief/ we all deserve to die.), sem o Danny Elfman a coisa soube-me a pouco. não é fácil a herança de Nightmare Before Christmas.




ainda assim, num filme que não foi perfeito, reside a aura escarlate, sanguínea, de uma história terrível e perfeita; além do que o Johnny Depp é um actor absolutamente perfeito, a Helena Bonham-Carter é perfeita, as personagens são perfeitas, a cidade suja e sombria é perfeita, os sons, as pronúncias fechadas, as vozes, tudo perfeito, as imagens do barbeiro e da confeiteira nos seus sonhos pela praia são perfeitas e, caso ainda não o tenha mencionado, a boca do Johnny Depp também é perfeita. portanto, serve-me. estou outra vez a habitar dentro de um filme do Tim Burton. and you say 'psycho!' like it's a bad thing...







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sábado, 24 de novembro de 2007



Fruta esquisita, menina aflita



will you please hold me?



o Closer é um dos filmes da minha vida. enquanto que de um Magnolia eu falaria sobre abalroamento, deste eu diria arrebatamento. gosto de histórias sobre pessoas que são como pessoas. defeituosas, estragadas, sofridas. gosto de histórias sobre pessoas que são como os poemas do Daniel Faria, homens que são como lugares mal situados. curiosamente, o amor ao Jude Law aqui é puramente acidental. é a Natalie Portman que me desconcerta. é nela que está concentrada toda a minha atenção, arrebatadoramente, como uma cabeleira vermelha que emerge no meio da multidão, inesquecível, da qual eu não consigo desviar o olhar, e cujo olhar me desarma. que é como quem diz, if you believe in love at first sight, you never stop looking.



I can't take my eyes off you



And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her skies


Damien Rice






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quarta-feira, 31 de outubro de 2007



5 + 5


chega-me a batata quente da Rita. o que eu tenho em comum com a limão: sou péssima em tops (mas não de top, ok?), não sei determinar a ordem dos afectos, e o tempo é um grande desconstrutor por natureza. o que tenho em comum com o Pedro: do que, por impulso, me ocorre agora destacar, repito-lhe dois filmes.

Pulp Fiction | Quentin Tarantino
Lost Highway | David Lynch
Magnolia | Paul Thomas Anderson
In the mood for love | Wong Kar-Wai
Eternal Sunshine Of The Spotless Mind | Michel Gondry



ou porque não...?



2001, A space odyssey | Stanley Kubrick
25th Hour | Spike Lee
Fight Club | David Fincher
Lawrence of Arabia | David Lean
Casablanca | Michael Curtiz






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sexta-feira, 26 de outubro de 2007



Santuário: não há duas sem três


antes que se comece a suspeitar que este se tornou um blog religioso, esclareço já que este é um blog sem Deus, mas com deuses, e nas nossas orações dizemos: "in Norton we trust".

American History X: eu teria 19 anos e só saberia talvez que ia rever o puto com cara de boneca que fez o Exterminador Implacável (filme fétiche da minha pré-adolescência por causa da Linda "Bela e o Monstro" Hamilton e de Guns'n'Roses na banda sonora). eis que, sem qualquer pré-aviso, me surge isto:





duro, perverso, torcido, como um deus destituído emergindo do fundo do inferno. uma imagem que se me colou à retina e nunca mais me abandonou. de seguida, a imagem mais violenta que tenho memória de ver no cinema:









voluntarioso, implacável, demoníaco, um deus destituído. (acho particularmente curiosa a ironia do sinal "right turn only".) depois, a imagem mais crua que tenho memória de ver o cinema:









derrotado, ferido, humano. já não é um deus. é de novo um homem. duro, mas dúctil. resumindo, este gajo chega e parte logo a loiça toda. só mais tarde vi o "Everybody Says 'I Love You'", e não queria acreditar: este homem cresce e insufla-se ou retrai-se e desaparece conforme precisa, é uma singularidade, um ser esplêndido. e nós aqui amamo-lo com todo o coração, com todo o corpo.





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quinta-feira, 25 de outubro de 2007



A Santíssima Trindade




Edward Norton | Ryan Gosling | Joseph Gordon-Levitt




antes de escrever este post, não tinha ainda lido este post, nem este. não posso dizer, contudo, que me surpreenda a coincidência por vias travessas.
há quase 10 anos - desde o acutilante American History X - que Edward Norton é o meu actor preferido. foi-o instantaneamente, como um amor à primeira vista, reconhecido o signo da dureza, dos grandes silenciosos, capazes de quebrar pedra com o olhar. depois surge em Fight Club (durante muito tempo um dos meus filmes preferidos) e à dureza acrescenta-se a ductibilidade. não havia dúvidas na minha cabeça: Edward Norton instituíra-se como ícone da minha aproximação à idade adulta, enquanto actor mais talentoso de uma nova geração pós-Nicholson, pós-De Niro, pós-Pacino. e é um facto que durante estes 10 anos não houve quem tivesse corpo que o ensombrasse. nem mesmo DiCaprio, que aos poucos se afirma dentro do círculo das boas promessas. Norton leva sobre ele uma grande vantagem: é mais velho, nunca teve uma cara de boneca, e não tem um Titanic a limpar da sua reputação.
pela primeira vez, as promessas voltam a anunciar o signo da dureza dos grandes silenciosos. vejo-o mais em Joseph Gordon-Levitt do que em Ryan Gosling apenas porque conheço melhor um do que o outro, o que quer dizer muito pouco. toda a gente gosta de assistir ao nacimento de uma singularidade. a propósito de Edward Norton, posso esfregar as unhas no colarinho e dizer "eu estive lá". quanto aos outros dois meninos, bem... vou ali ver mais uns filmes e já venho.






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Beauty remains in the impossibilities of the body #2


eu percebo porque o Joseph Gordon-Levitt é uma flor selvagem.





e porque é o progressivo polimento de uma pedra (preciosa) em bruto





há aqui uma dureza que não se aprende, com que se nasce ou não se nasce. um rosto vincado, um corpo que se move de uma determinada maneira, uma certa e particular inflexão na voz que vem ou não vem de um subterrâneo sentido. Joseph Gordon-Levitt cresceu bem. mas cresceu bem porque é feito da matéria das boas promessas.





é inquestionável que há ali qualquer coisa de muito sexual. é por isso que é uma flor selvagem. porque é tão belo quanto violento. é tão bonito. é como um deus. o que a mim me promete é ser o próximo


Edward Norton






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quarta-feira, 24 de outubro de 2007



Beauty remains in the impossibilities of the body *


há uma sequência de coisas que me comove, depois da mais francamente inédita e bonita e comovente e escandalosamente sexy cena homossexual masculina do cinema. a descoberta de um homem na cama de Ismaël: diz-se violenta a superação do amor morto? a cumplicidade de Alice: se o procuras a ele e não a mim, posso deduzir que o amas? ainda a cumplicidade de Alice: se te encontro cambaleante, embriagado de tristeza, a meio da noite, perdido na rua, perdido de ti, não vou contigo para a casa que já não é a minha - vou entregar-te ao cuidado daquele que te ama.




Louis Garrel & Grégoire Leprince-Ringuet | J'ai cru entendre


Mon petit depuis ce matin
J'ai trainé comme un cretin
Au niveau du caniveau
de Montparnasse à Chateau d'Eau
j'ai bu des verres, des verres, et puis des verres
Zubrowska, Riesling, Piper
À court de tout à bout de moi
Je suis revenu chez toi
Moi je voulais juste un corps
je cherchais seulement des bras
un lit de reconfort des délices sous les draps
mais hélas au lieu de ça


J'ai cru entendre Je t'aime
J'ai pensé c'est son problème
J'ai cru entendre je t'aime
J'ai pensé c'est son problème
Peu importe que tu y crois
Peu importe que je sois
À bout de moi
À court de tout
Mais pas de ça entre nous

Être un corps je suis d'accord
T'offrir mes bras pourquoi pas
Mon lit ok encore
pour rire a salir les draps
mais je crains que pour tout ça
Tu doives entendre je t'aime

Tu doives entendre je t'aime

Je suis vieux, veuf et sectaire
Un pauvre imbecile secretaire

Je suis beau, jeune et breton
Je sens la pluie, l'ocean et les crèpes au citron
Tais-toi un peu petit trésor
Tu as tout faux une fois encore
J'suis très precieux epargne moi
D'accord mais entre nous pas de ça
Être un corps je suis d'accord
Je cherchais seulement des bras
Mon lit ok encore
des delices sous les draps
Mais je crains que pour tout ça
Tu doives entendre...___________





______passagem instantânea para a categoria de clássico-imediato-de-beijo-mais-sexy-do-cinema. sim, ali junto ao célebre do Spiderman e da Kirsten Dunst.







* Einstürzende Neubauten





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Sex will tear us apart (again)


empresto-te o meu corpo
mas terás que tolerar ouvir-me dizer
que te amo

























saí do cinema perfeitamente encantada com "Les Chansons d'Amour". não foi uma epifania, mas foi uma fosforescência suficiente para reviver Songs:Ohia - i cannot have seen the light_ i thought i saw the light_ i saw the light_______.

___________já amaste só pela beleza do gesto de amar? amar como se em cada corpo houvesse sexo, mas não género. aceitar um corpo que se nos oferece como um bálsamo, como quem trinca um fruto delicioso. mas o fruto alberga um bicho que nos sai pela boca e nos devora o cérebro. tenho um coração ressequido. onde ela me morreu, tu terás que entrar para matá-la outra vez. poderá o teu corpo salvar-me desses amores indigestos? poderá o teu corpo proteger-me como uma torrente de lava?



empresto-te o meu corpo
mas terás que tolerar ouvir-me dizer
que te amo



*ama-me menos, mas ama-me durante mais tempo*






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quinta-feira, 18 de outubro de 2007




THIS IS SPARTA!







ainda sem ter lido de uma ponta à outra a BD homónima de Frank Miller, e mesmo sendo grande fona de uma certa forma de dar vida às imagens, com exuberantes excessos sanguinários, posso dizer que teria gostado mais de um 300 menos hollywoodesco em certos planos, com menos gore na caracterização (leia-se 'menos bijuteria'), menos monstros e criaturas místicas.
ainda assim, é um filme que serve o seu propósito, e eu não posso deixar de confessar que me deixou satisfeita: como poderia não valer a pena um filme que nos permite ver 300 homens garbosos, espartanos, de perfil adonisino e abdominais perfeitamente definidos, combater em cuecas?










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lado B: os meus postais de Natal este ano seguirão a tendência Gerald Butler.








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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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