sexta-feira, 22 de julho de 2011



Tríptico: the story of my life is short and keeps playing inside my head





Hello darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence


In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence

"Fools", said I, "You do not know
Silence like a cancer grows
Hear my words that I might teach you
Take my arms that I might reach you"
But my words, like silent raindrops fell
And echoed
In the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon god they made
And the sign flashed out its warning
In the words that it was forming
And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls"
And whispered in the sounds of silence








Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass, they slip away across the universe
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my open mind,

Possessing and caressing me.
Jai guru de va om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world
Nothing's gonna change my world.

Images of broken light which dance before me like a million eyes,
That call me on and on across the universe,
Thoughts meander like a restless wind inside a letter box they
Tumble blindly as they make their way
Across the universe
Jai guru de va om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world.

Sounds of laughter shades of earth are ringing
Through my open ears inciting and inviting me
Limitless undying love which shines around me like a
million suns, it calls me on and on
Across the universe
Jai guru de va om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world.

Jai guru de va, jai guru de va...








Nobody feels any pain
Tonight as I stand inside the rain
Everybody knows
That baby's got new clothes
But lately I see her ribbons and her bows
Have fallen from her curls
She takes just like a woman, yes she does
She makes love just like a woman, yes she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.

Queen Mary, she's my friend
Yes, I believe I'll go see her again
Nobody has to guess
That Baby can't be blessed
Till she finally sees that she's like all the rest
With her fog, her amphetamine and her pearls
She takes just like a woman, yes she does
She makes love just like a woman, yes she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.

It's was raining from the first
And I was dying there of thirst
So I came in here
And your long-time curse hurts
But what's worse
Is this pain in here
I can't stay in here
Ain't it clear that.

I just can't fit
Yes, I believe it's time for us to quit
When we meet again
Introduced as friends
Please don't let on that you knew me when
I was hungry and it was your world
Ah, you fake just like a woman, yes you do
You make love just like a woman, yes you do
Then you ache just like a woman
But you break just like a little girl.






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posted by saturnine | 22:40 | 0 Comentários


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sábado, 29 de janeiro de 2011



Post ultra-congelado #2 (21.01.2009)


Acontece-me frequentemente: escrevo, planeio, componho, mas não publico. Às vezes propositadamente, às vezes por traição da memória, atropelada pelas urgências do quotidiano. Mas este post merecia ter vivido. E agora faço-lhe o meu Frankenweenie juju, porque antes era triste, e agora é só bonito:








i'd like to touch you
but i've forgotten how
and said i didn't need you
but look at me now

sometime in the summmer
when we're lying in the breeze
the breeze will kill me
the breeze will kill me

i tried to follow
the path that you're on
something in me is stubborn
i keep going wrong

if you can forgive me now
we'll meet up in another land
when the breeze has killed me
when the breeze has killed me

some time in the summer
when we're lying in the grass
and the breeze
and the breeze

oh my baby cries
when he's tired
mu puppy howls
with the moon

you can never be sure of
the people that you know
they don't wanna show you
their sadness

yesterday i talked with
my father
he said that we could
never win

it's so hard to tell
where i end
and my father begins

so if you see me passing by
please hold me deep
in your heart/arms
and just remember i wanna help you
i don't wanna hurt you

just remember i wanna help you
i don't wanna hurt you
so don't tear it apart

my baby cries
when he's tired
my puppy howls
with the moon


Bill Callahan | The Breeze/My Baby Cries






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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009



hold on, magnolia **




© Threadless




um exercício de sobreviência. status quo: estado de emergência latente. alerta laranja, ou as luzes da rua a invadir o quarto, ou a memória demasiado presente d' Os Passos em Volta. resoluções: voltar a Panélope, à aprendizagem do grande ofício da paciência. respirar, abrandar, respirar, manter o coração amordaçado para o seu próprio bem, dominá-lo, domá-lo, torná-lo um orgão manso, obediente, generoso - fugir aos males crónicos da existência para fugir aos acidentes cardiovasculares. considerações avulsas: o avanço das horas é perigoso como um poço escondido, a noite chega como uma gigante boca aberta que tudo devora, e eu também tenho um espécie de fome, que não se contenta com o passar das horas, a olhar pela janela, à espera do tempo, esse grande escultor. estou na companhia da María Zambrano * e do Jason Molina, e o que pode correr mal numa noite assim? nada. só a catástrofe do silêncio.







** Songs Ohia
* A Metáfora do Coração e Outros Escritos






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current mood




Songs Ohia | Hold on, Magnolia






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sábado, 3 de janeiro de 2009



self-portrait after midnight


She takes just like a woman, yes, she does
She makes love just like a woman, yes, she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl

Bob Dylan






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quinta-feira, 30 de outubro de 2008



massagem cardíaca


o outono entra pela casa dentro galopando com a sua luz fria pela janela. o cheiro do meu corpo é outro cheiro. Cat Power e Richard Hawley cantam um para o outro em lugares opostos do meu quarto, solitários, buscando-se. a minha cabeça está cheia de imagens em movimento, quase uma vertigem. como cair no vazio de olhos fechados, atirando o corpo contra a memória de outro corpo. uma canção - tal como um corpo - encerra subitamente todas as coisas do princípio e do fim do mundo.


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domingo, 5 de outubro de 2008



ferro em brasa


Juan Rulfo arrebata de um fôlego só. ao fim de 10 páginas, já é um dos mais apaixonantes escritores de sempre. não será, pois, de admirar que não precise de mais do que 2 ou 3 livros para conquistar o lugar justo que a literatura universal lhe atribui, e a que a Cavalo de Ferro nos serve de porta de acesso: entre os melhores.
Planície em Chamas e Pedro Páramo, na despedida do verão, chegaram-me como uma epifania: dois livros absolutamente perfeitos, em harmoniosa consonância com espírito e momento. e depois da Flannery O'Connor a fasquia do arrebatamento estava demasiado elevada. há qualquer coisa que se me revolve no estômago quando penso para mim: "é isto, ser uma obra representativa da humanidade". revolução de comoção, naturalmente. não são assim tantas as vezes, nem tantos os escritores, em que um livro me faz sentir vontade de ajoelhar.



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quinta-feira, 18 de setembro de 2008



O céu é dos violentos está a caminho


o Daniel Faria dizia que há homens que são como lugares mal situados. à parte isso, há homens que são duros como a terra árida, que racha de secura sob um sol castigador. há homens que são como desertos. é por isso que a chegada a Flannery O'Connor é um soco no estômago que nos deixa na boca o sabor acre de um pós abalroamento Faulkner. sem complacências, crua, incisiva, retorcida: a terra implacável e a natureza humana sob o seu jugo.


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segunda-feira, 8 de setembro de 2008



too much is not enough


I used to have a heart
now I guess it's just a stone

.






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domingo, 24 de agosto de 2008









my heart is broken

it is worn out at the knees

hearing muffled

seeing blind

soon it will hit the deep

freeze












Suzanne Vega | Cracking






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posted by saturnine | 23:41 | 8 Comentários


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por muito que a lição do Cohen esteja bem presente, a evidência maior da Suzanne Vega assoma na casa, invade todos os espaços, ocupa todo o ar todo que eu tinha para respirar.













something is cracking,
I don't know where
















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sexta-feira, 1 de agosto de 2008



I came so far for beauty:
pré-congelado #1




Leonard Cohen. 19 de Julho, Passeio Marítimo de Algés. primeiro dia oficial de férias, rumo ao sul. há seguramente 10, 12 anos, que este grande amor se fermenta aqui. a concretização veio finalmente, antes que fosse tarde demais, como um grande e esrondoso e arrebatador hallelujah! o facto de o momento marcar a viragem de página necessária, ao fim de meses de inferno, rumo à liberdade - temporária, mas plena - acentua o seu efeito balsâmico, reparador, diria mais: regenerador. uma vez por outra, numa vida, há uma partida rumo a qualquer coisa que implica uma lavagem, uma purificação necessária para que seja possível continuar. permanecer neste mundo, viver socialmente, suportar o inferno das pessoas e dos objectos civilizados. este foi possivelmente o melhor (e maior) concerto de toda a minha vida. houve a emoção avassaladora a rachar-me ao meio, a quebrar-me em mil pedaços, a exceder a luz que os meus olhos são capazes de suportar. um fogo imenso, a arder ora manso ora violento, ali mesmo à minha frente. e eu de bom grado me queimava nesse fogo. junto de mim, um séquito de demónios e fantasmas, bons e maus. permanecemos todo o tempo em silêncio, voltados para dentro. era uma dor aguda, mas libertadora. em dois ou três momentos, achei que poderia ser mais do que conseguiria suportar. sussurrei entredentes umas quantas blasfémias, uns quantos filho-da-puta! aqui e ali, sobrevivi. I came so far for beauty. a emoção rachava-me e eu quebrava. mas não poderia esquecer a primeira lição de vida que aprendi com o sr. Cohen: everybody has a crack in them, that's how the light gets in.





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quinta-feira, 29 de maio de 2008



more news from nowhere #3


i keep a close watch on this heart of mine: ainda estou a 8,566 bilhetes de distância de perder o Leonard Cohen em Lisboa. no fundo, eu sei que não vou perder. gosto só de me assegurar diariamente que esta bomba ainda bate compassada com os meus desejos.





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segunda-feira, 19 de maio de 2008



O ponto de vista dos demónios #29




Bonnie "Prince" Billy | The Letting Go



nesta noite algo de extraordinário aconteceu. estávamos num camarote, num balcão, a uma distância que a memória (turva) torna cada vez mais funda, mais imprecisa - mais distante. eu quis gritar qualquer coisa. um pedido, um suspiro, um anseio. mas havia um assombro que tomava secretamente conta de todos os espaços, de imediato me pôs a mão crispada no braço, segurou-me pela garganta: onde pensas que vais, criatura? eu pensava que ia nas asas do desejo. mas fui atirada contra um precipício sem fundo, algo só muito vagamente parecido com as pessoas no chão abaixo de mim, e não, não é a isto que deve saber o voo. era mais uma pequena morte, eu juro que morri ali durante 2 minutos e ainda hoje não sei que sopro me devolveu à vida. caí, circularmente, interminavelmente, até não saber mais por onde cair. quando a dor é grande, os nervos são os primeiros a evadir-se em colapso instantâneo. depois é a vez dos músculos, que petrificam, atraiçoam o gesto previsto. o coração dispara, olha como corre furioso em direcção a lugar nenhum. quem poderia sustê-lo, assim em fuga? pára, regressa, onde vais, coração? subitamente, o corpo é um túmulo. a música, por momentos, eclipsa-se. só com muita dificuldade poderia ousar recordar o que ouvi. a respiração, suspensa, regressa em súbitas emergentes sôfregas golfadas. must - have - a-i-r. o que aconteceu ali (se não foi um encontro com deus ou os seus demónios), pode ter sido o que Bonnie "Prince" Billy cantava:


"Turning half the heart into something hard and dark"



The Letting Go
é um disco extraordinário. demorou a conquistar-me. precisei de estar naquela sala, a ouvir aquelas canções, para me convencer que a voz de Dawn McCarthy era uma benção. da matéria das coisas inexplicáveis, miraculosas, próximas da impossibilidade da perfeição, o título deste disco tem origem num poema. e não pode ser por acaso - não pode - que seja um poema sobre colapso dos nervos, músculos que atraiçoam, corpo que se faz túmulo:



After great pain, a formal feeling comes —
The Nerves sit ceremonious, like Tombs —
The stiff Heart questions was it He, that bore,
And Yesterday, or Centuries before?

The Feet, mechanical, go round —
Of Ground, or Air, or Ought
A Wooden way
Regardless grown,
A Quartz contentment, like a stone —

This is the Hour of Lead —
Remembered, if outlived,
As Freezing persons, recollect the Snow —
First — Chill — then Stupor — then the letting go


Emily Dickinson






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domingo, 18 de maio de 2008



and then the demons strike back


isto de sobreviver aos dias é uma negociação. uma trégua, um espaço conquistado a custo. que é como quem diz: eu vou, mas volto. a própria Perséfone, coitada, cujo crime maior foi não ter resistido à sedução de uma romã, sabe-o melhor do que ninguém. aceitar uma dádiva de primavera é, ainda assim, aceitar deixar a casa sempre de mesa posta: diz que regressam logo no tempo previsto, eles, os demónios. e um amuleto é só uma trégua de estação: logo à hora marcada todo o inferno nos vem à boca.*

desafio-vos a encontrarem canção mais triste que esta. a canção tem o dom de ser, por si, triste. sabemo-lo pelo tom melancólico, dramaticamente contido, como uma valsa soturna em tom de despedida. e depois sabemos o que está dentro da canção: Robert Forster perdeu um irmão. um irmão que deixara a canção quase escrita e morreu antes que ela visse a luz do dia. em tudo na voz de Forster transparece essa herança, essa perda descomunal, impossível de conceber, essa falha grave do mundo. a canção, portanto, carrega toda a tristeza impossível de nomear e, ironicamente, afigura-se demoníaca. desafio-vos. não há nada mais assombrado do que isto, numa noite assombrada assim por tantos demónios e tantas perdas.




Robert Forster | Demon Days


In these demon days
We’re pulling our pay
The lights on the hill
Are freezing us still
The fingers of fate
Stretch out and take
Us to a night
But something’s not right
Something’s gone wrong


The half whispered hopes
The dreams that we smoked
Puffed up and ran
As only dreams can
Dreamt by the young
Sparks to be sung
In places so bright
But something’s not right
Something’s gone wrong







________________________
* Mia Couto





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segunda-feira, 24 de março de 2008



April was the cruelest month #1






This is just to say "hello"
And to let you know
I think of you from time to time
I know I never really knew you
But somehow I miss you
And wish that you'd stayed in my life

Making contact gets harder
As the silence grows longer
And isn't it only me
Who'd like us to see each other?
How I would hate to be a bother
The way we left it was you'd ring

I'm under no illusion
As to what I meant to you
But you made an impression
And sometimes I still feel the bruise
Sometimes I still feel the bruise


Now and then I stumble on
What I've misplaced but never lost
An ache I first felt long ago
Though you've appeared and disappeared
Throughout these past few years
I'd be surprised if you now showed

Making contact gets harder
As the silence grows longer
And why would you think of me
When you were not the one in love?
When you were not the dreamer?
When you were just the dream?


The Mountain Goats | Sometimes I still feel the bruise







«Se for consultar o psicanalista, confio em Deus que ele permita que se sente também ao nosso lado um dermatologista, pois sinto que tenho cicatrizes nas mãos por tocar em certas pessoas.»

J.D. Salinger






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sexta-feira, 7 de março de 2008



I'm so happy I could die




© Kurt Halsey







Richard Hawley, mestre de cerimónias neste festival de demónios que desfilam no meu quarto, The Ocean em repeat. o que este cinquentão arruinado faz é provocar estragos. um arremesso contra a distância, contra o poço sem fundo da noite. caio e quebro como quem embate contra um muro invisível. quando, chegado o auge, soa "here comes the wave", entro em queda vertiginosa, o coração acelera e subitamente pára, eu morro. depois lembro-me de alguém com quem estive num outro festival, para gente sentada: "quando ele tocar a The Ocean, ressuscitem-me".







post-it: «Habituar-se a impor-se regras, limites, fronteiras, na convicção plana de tudo se ir tornando mais simples a cada prova subjugada, para depender menos a cada dia, para deixar de tomar garantes das pessoas e das expectativas e das coisas. Embalar um striptease lento e gradual, exfoliando as camadas que deixámos acumular sobre a derme. Reduzir ao singelo, ao seminal, ao seminu. Não possuir para não perder, não experimentar para não precisar. Respirar apenas, sem apneias ou aplestias.» o Mark Sandman acreditava, Alice: someday there'll be a cure for pain.





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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008



O ponto de vista dos demónios #edição especial


agora párem. sentem-se, ouçam e leiam. em simultâneo.


«If... if by any chance you would make the mistake to try to come in and take any one of us... we will not let you, you will die, you will have to take anybody over all of our dead bodies.

*

Love is the only weapon, shit! Bullshit! Martin Luther King died with love! Kennedy died talking about something he couldn't even understand, some kind of generalized love, and he never even backed it up... He was shot down! Bullshit! Love is the only weapon with which I've got to fight... I've got a hell of a lot of weapons to fight! I got my claws, I got cutlasses, I got guns, I got dynamite, I got a hell of a lot to fight! I'll fight! I'll fight! I will fight!»




e agora já temos um rosto



Jim Jones, directamente de Freaktown, os demónios acordados e acossados, indomáveis, antevisão de um espectáculo macabro de loucura e morte massificada.






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domingo, 24 de fevereiro de 2008



I'll smoke you later


Richard Hawley foi uma descoberta tardia, durante o ano passado. um arrasador amor assolapado à primeira audição. o que eu gosto no desconhecido é o paradoxo do reconhecimento imediato, anterior ainda ao conhecimento. um hábito, uma aptidão para o reconhecimento de uma tristeza familiar, antiga, primordial, que não se conhece senão de nascença, e se aprende a nomear quando se compreende o significado íntimo dos desertos que nos habitam por dentro:

porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
e conhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor


Sophia de Mello Breyner

não é preciso mais nada, nenhum sentido para a falta de sentido do mundo, quando há uma voz como a do Richard Hawley, que nos envolve como se longos braços nos alcançassem peito adentro. dói-me esta mão que manténs através das minhas costelas. mas não a removas, mantém a tua mão afogada na minha caixa toráxica e contém assim o sangramento. tudo se resume a isto: se há Richard Hawley numa sala, e eu não consigo perceber mais nada, eu suporto por instantes a desordem estuporada da vida.

no fim, eu queria ter ouvido "Baby, you're my light". disse-lhe que ele era a minha luz e ele fez-se desentendido, nomeou-me cigarro, e disse que me fumava depois.





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domingo, 3 de fevereiro de 2008



no need for comfort, no need for light,


i'm hunting down demons tonight *



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se não houvesse Dostoievski, se não houvesse Kafka, se não houvesse Nietzsche, bem se poderia dizer que ninguém se lança sobre as profundezas do espírito humano como Camus. incontornáveis as linhas que respiram o pesado fardo de conhecer-se os homens:


«Como se o meu verdadeiro desejo não fosse de ser a pessoa mais inteligente ou mais generosa do mundo, mas apenas de bater em quem eu quisesse, de ser o mais forte, enfim, e da maneira mais elementar. A verdade é que todo o homem inteligente, como o senhor bem sabe, sonha em ser um gangster e em imperar sobre a sociedade unicamente pela violência. (...)
Eu descobria dentro de mim gratos sonhos de opressão.»


Albert Camus | A Queda



eis, por exemplo, o retrato perfeito de um homem, reconhecível, tangível, como se tivesse um rosto:


«Sempre achei a misoginia vulgar e estúpida, e quase todas as mulheres que conheci, julguei-as sempre melhores do que eu. No entanto, ao colocá-las tão alto utilizei-me delas mais vezes do que as servi. Como perceber isto?
Bem entendido, o verdadeiro amor é excepcional, dois ou três em cada século, mais ou menos. O resto do tempo, há a vaidade ou o tédio. (...)
Não tenho o coração seco, longe disso, mas, pelo contrário, cheio de ternura, e mais, estou sempre de lágrima ao canto do olho. Só que os meus impulsos sentimentais se dirigem sempre a mim e os meus enternecimentos a mim é que dizem respeito. É falso, no fim de contas, que eu nunca tenha amado.
Conto na minha vida um grande amor, de que fui sempre o objecto. Sob este aspecto, depois das inevitáveis dificuldades dos verdes anos, depressa me tinha fixado: a sensualidade, e só ela, imperava na minha vida amorosa. Buscava somente objectos de prazer e conquista. (...)

Sejamos indulgentes e falemos de enfermidade, de uma espécie de incapacidade congénita para ver no amor qualquer coisa mais que o acto. Esta enfermidade, no fim de contas, era confortável. Conjugada com a minha faculdade de esquecimento, favorecia a minha liberdade. Ao mesmo tempo, por um certo ar de distância e de independência irredutível que me dava, oferecia-me ocasião para novos êxitos. À força de não ser romântico, eu dava um sólido alimento romanesco. As nossas amiguinhas, com efeito, têm isto de comum com o Bonaparte, pensam sempre ter êxito naquilo em que toda a gente falhou. (...)

Quanto a discursos não estava eu mal, pois era advogado, nem quanto a olhares, pois tinha sido, na tropa, aprendiz de comediante. Mudava muitas vezes de papel, mas era sempre a mesma peça. Por exemplo, o número da atracção incompreensível, do "não sei quê", do "não há razões, eu não desejava ser atraído, estava, no entanto, cansado do amor, etc...", era sempre eficaz, posto que seja um dos mais velhos do repertório. (...)
Eu tinha aperfeiçoado, sobretudo, uma pequena tirada, sempre bem recebida, e que o senhor aplaudirá, tenho a certeza. O essencial desta tirada consistia na afirmação, dolorosa e resignada, de que eu não era nada, não valia a pena prenderem-se a mim, a minha vida estava alhures, passava ao lado da felicidade de todos os dias, felicidade que eu talvez preferisse a tudo o resto, mas, enfim, era tarde demais. Sobre as razões deste atraso decisivo, eu guardava segredo, pois sabia que era melhor dormir com o mistério. Em certo sentido, aliás, acreditava no que dizia, vivia o meu papel. Não admira, pois, que também as minhas parceiras se entusiasmassem também com o delas. As mais sensíveis das minhas amiguinhas esforçavam-se por me compreender, e este esforço levava-as a melancólicos abandonos. (...)

Acredite-me, para certos seres, pelo menos, não possuir o que não se deseja é a coisa mais difícil do mundo


Albert Camus | A Queda




it's not you, it's me.
you're damn right it's you.






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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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