domingo, 26 de julho de 2009



a história começa assim:


há vários anos descobri fortuitamente um pequeno livro de seu nome Lunar Caustic. ora, como se sabe (ou se não se sabe o prefácio esclarece-o), lunar caustic é nitrato de prata e mancha a pele de negro. isto faz logo pensar em Salinger e em como em Raise High The Roof Beam Carpenters se podia ficar com as mãos manchadas para sempre por tocar em certas pessoas. quer dizer, percebe-se logo que é coisa da pesada, criação de cabeças ligeiramente ou bastante torcidas. o que eu ainda não sabia é que iria, uns 10 anos depois, chegar finalmente à sombra inclemente do vulcão de Malcolm Lowry, apenas para confirmar quão importante é ler Chatwin e como necessariamente isto anda tudo ligado, e às vezes ainda mais do que se pensa, porque afinal de todos os lados me cerca a evidência: há que ler, de uma vez por todas, Melville e o seu "Moby Dick", e Conrad e o seu "Nostromo", e Jack London e o seu "Lobo do Mar". tudo isto acaba sempre por reconduzir-me ao coração das trevas, à pedra de Sísifo, ao sonho da Patagónia, enfim... até ao Corto Maltese. maldito coração vagabundo, que, medricas, nunca sai do sítio.





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posted by saturnine | 22:53 | 0 Comentários


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espreitando o fim do mundo


para qualquer bicho escala-estantes, com dignidade que se preze, há umas três editoras em compasso acelerado que constituem a Santíssima Trindade da edição livreira: Relógio d'Água, Quetzal, Cavalo de Ferro. mas o problema das edições extraordinariamente bonitas e cuidadas, com um catálogo irrepreensível (ou quase), é que provocam uma ansiedade e uma angústia tremendas. é que um bicho não tem vida nem espaço (nem orçamento) que chegue para tantos livros, nem para tanto amor: um dia o coração salta-lhe, colapsado, pela boca, desgostoso, em suicídio, não mais aguentando a pressão de não saber como abrandar.

das muitas e várias coisas que tenho pendentes para ler nos tempos mais próximos (e nos longínquos também, vá, que a pilha cresce como o feijoeiro mágico do João e a escalada não tem progredido a um ritmo muito vertiginoso), há uma meia dúzia com a chancela da Quetzal que honestamente me tem tirado o sono em antecipação: vêm num eco transatlântico, dos lados do fim do mundo, lembrando o desejo de fugir para a Patagónia ou para outro lugar qualquer, para ver essa paisagem (natural e mental) onde os abismos olham directamente para o interior da Terra, tanto quanto para dentro de nós. há lugares (como há livros) que nos lembram que o paraíso e o inferno são lugares terrenos, muito próximos, equlibrando-se, dissimulados, numa estranha tensão, por vezes entrechocando-se, provocando leves desmoronamentos: é quando dizemos não sei se viva se morra. eu, por agora, viajo em mergulho directo. interiormente. tenho continentes inteiros à espera de desabrochar num abrir de braços, uma vastidão inimaginável contida nesta concha que eu sou. king of infinite space, não era o que dizia o outro?












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segunda-feira, 8 de junho de 2009



O Desenho no Tapete #3


para terminar o ciclo, uma afirmação: sou o tipo de leitora que aprecia e procura o desenho no tapete. não é uma particular afeição pelos enigmas, mas antes pelos labirintos: gosto da ideia da busca, da incerteza de um caminho certo, da incerteza de uma saída. e gosto dos passos, da ideia dos passos, e dos caminhos que se entre cruzam, e dos que nos levam durante algum tempo em círculos, mas essencialmente dos que subitamente nos levam a outros caminhos e quando damos conta estamos já num lugar completamente diferente. gosto da magia das histórias e da subtileza com que as mais distintas por vezes se interligam.

o meu fascínio literário paralelo tem um nome, e é também uma tag deste blog: heart of darkness. o apelo da selva. uma certa forma de ouvir a pedra de Sísifo rolar, montanha abaixo, montanha acima. o instinto que reúne na minha afectividade escritores como Malcolm Lowry, Joseph Conrad, André Malraux, Bruce Chatwin e mais recentemente Jack London e Paul Theroux. instinto que me aproxima cada vez mais da leitura do Moby Dick de Herman Melville (obra fulcral na construção literária e identitária de autores como Lowry ou Conrad), da Tempestade de Shakespeare (obra que terá já inspirado esse colosso fundamental que é O Mar, O Mar, de Iris Murdoch), e da Viagem do Beagle de Darwin - aproximação essa confirmada pelo Regresso à Patagónia, obra conjunta de Bruce Chatwin e Paul Theroux. depois da leitura ávida (quase sôfrega) deste pequeno ensaio, há duas coisas de que tenho absoluta certeza:


1) quero ir ao fim do mundo, quero ver a terra do fogo, quero conhecer a Ushuaia das minhas histórias da infância para ver se encontro o Holandês Voador.

2) o meu projecto de vida há-de passar pela redacção de uma tese sobre o apelo dos livros. mesmo que seja uma tese mental, imaginária. posso perfeitamente construir castelos no ar. dentro das histórias, tudo é possível. e a minha cabeça também é uma história.








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quarta-feira, 22 de abril de 2009



o apelo dos livros: parte i


há pelo menos duas categorias de livros: o livro-símbolo e o livro-objecto. a primeira categoria, referente ao imaterial, necessariamente corresponde ao livro que se dispõe a ser apropriado exclusivamente pela leitura, cuja relação que se estabelece com o leitor é fundamentalmente a do afecto pela história, pelo intangível do imaginário. a segunda, referente ao material, corresponde ao livro que encanta plenamente pelo objecto que é, para além da(s) narrativa(s) que encerra; é o livro que, através dos mecanismos da familiaridade e do reconhecimento, activa no leitor os seus botões internos que fazem aceder à comoção; dito de outro modo, trata-se do livro que nos fala nas várias dimensões de uma linguagem subjectiva que não é mais do que o mapa da nossa afectividade, e que desperta um desejo de apropriação, que tanto se refere a um desejo de posse do objecto físico, como a um desejo de integração simbólica do seu conteúdo.

tudo isto para afirmar, com pompa e circunstância, por que não me é possível, na maioria das vezes, ler livros emprestados, que pertencçam a um terceiro. é verdade que admiro em certa medida aqueles que se relacionam com os seus livros com um certo desprendimento. não sou capaz.
há temas que necessariamente procedem dessa tal linguagem subjectiva da nossa afectividade, que não é mais do que dizer que há assuntos que nos fascinam e apaixonam porque provocam o reconhecimento de uma identidade (a nossa), ao falarem-nos daquilo de que estamos predispostos a gostar. como se cada indivíduo tivesse inscrito um código genético do imaginário, que o faz reagir a estímulos específicos. o referencial da minha infância traz imprimido no seu âmago a imagem dos desertos: Sahara, A Lagoa Azul, por coincidência, dois filmes em que a Brooke Shields é protagonista.

sem que o soubesse, estava a plantar a semente que viria a favorecer, no futuro, o reconhecimento de uma ideia que os desertos simbolicamente encerram: a desolação magnífica de Buzz Aldrin, trazer a vastidão por dentro. este fascínio pelo deserto não exclui a sua parte de fascínio pelo desconhecido e pelo exótico, que necessariamente define a tendência para um certo nomadismo: o gosto pela viagem. por esse motivo, caminhei desde a infância construindo um imaginário que me preparava para me apaixonar por Bruce Chatwin, do mesmo modo que me predispunha para me apaixonar agora por Michel Onfray, hedonista convicto que, com a sua Teoria da Viagem (uma poética da geografia) resgata a filosofia do nomadismo de Chatwin e constrói ele próprio, de certo modo, uma anatomia da errância.

trata-se de um pequeno ensaio brilhante, que se saboreia e devora enquanto se lê, e que, falando dessa tal poética da geografia como uma geografia sentimental que é "o grande poema do mundo", me comoveu e apaixonou ao ponto de me deixar rendida. uma escrita de tom sensorial favorece a poética que despoleta os mecanismos do imaginário. aperitivo:


"Assim, num primeiro momento, é preciso aceitar os odores de um mercado oriental, os aromas do incenso, do açafrão ou do sândalo de um templo budista, desejar as cores alaranjadas, azuis e violeta de um pôr-de-sol no cume das dunas sarianas, acolher com benevolência o calor seco, brutal e dessecante de um deserto africano, escutar com deslumbramento os gritos dos pássaros raros ou dos macacos-uivadores, o coaxar dos sapos lerdos ou os zunidos dos élitros dos insectos tropicais, descobrir a sombra das ruelas, a frescura das ruas, a obscuridade dos túneis das cidades mediterrânicas, beber a água gelada de uma fonte medieval perdida numa cidade contemporânea, deixar a boca ser invadida pelo sabor de uma papaia, pela violência verde de um limão, pelo gosto amargo contudo caramelizado de um café do Kanyan, ou mesmo pelo tabaco egípcio perfumado com maçã ou pelo ópio chinês, sentir a textura e a porosidade das pedras tombadas de um templo siciliano por onde deambularam filósofos pré-socráticos - sentir violentamente o seu corpo existir na doçura de um instante vivido de uma forma mágica e magnífica."

Michel Onfray
Teoria da Viagem (uma poética da geografia)






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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008



às voltas com os passos em volta


«Se eu quisesse enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio... Enfim, às vezes já não consigo arrumar isso tudo.Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã, acende-se um cigarro... Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa vida... compreende?... a nossa vida, a nossa vida inteira, está ali como... como um acontecimento excessivo. Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e a violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida



Herberto Helder | Estilo in Os Passos em Volta



aqui, neste lugar impossível, ainda tento saber quem é esse homem Max Hughes, ainda procuro saber como se vai para Singapura. algo me diz que parta como se fosse em busca de Mr. Kurtz. que a resposta soaria a qualquer coisa como "the horror... the horror...".





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domingo, 10 de fevereiro de 2008



She's keeping busy, yeah she's bleeding stones #3


doem essas pedras, pretas, polidas, a aflorar a superfície da pele, onde outrora riscos azulados asseguravam o fluxo vivo de um líquido quente, vermelho. o bicho recolhe-se, evita a escalada. não há glória quando não há unhas. há apenas a queda e o esconderijo, o inesperado, o encontro súbito, não previsto, de Malcom Lowry e do seu Vulcão num livro longamente esperado do Carlos de Oliveira.



*


VIII


os índios passam,
bebo, ficam
na sombria
pauta musical,
e o vulnerável cão
do amor
sossega pelo menos
um instante,
enquanto os índios
sobem, descem
esguiamente
os degraus
das pirâmides.


de Micropaisagem. Carlos de Oliveira, Trabalho Poético.






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terça-feira, 11 de julho de 2006




soon to be


something wicked this way comes. alguma coisa fermenta, não sei o que é, mas tem o peso deste calor excessivo, do inferno que é esta terra onde nenhum sopro é possível. desumano não é o silêncio, é a inimutabilidade.



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domingo, 17 de julho de 2005




"I love the smell of napalm in the morning"


«Going up that river was like travelling back to the earliest beginnings of the world, when vegetation rioted on the earth and the big trees were kings. An empty stream, a great silence, an impenetrable forest. The air was warm, thick heavy, sluggish. There was no joy in the brillince of sunshine. The long stretches of the waterway ran on, deserted, into the gloom of overshadowed distances.»



(...)



«The offing was barred by a black bank of clouds, and the tranquil waterway leading to the uttermost ends of the earth flowed sombre under an overcast sky - seemed to lead into the heart of an immense darkness.»


The heart of darkness | Joseph Conrad




>>>








"The horror... the horror..."





«O ar pesado da noite colava-se à pele de Claude como uma mão mole, assim que ele se calava».


(...)


«Na sua frente, a floresta terrestre, o inimigo, como um punho fechado


A Estrada Real | André Malraux




Kurtz torna-se, subitamente, um conceito altamente simbólico, pleno de significados, no enredo da minha vida. depois da metáfora da metamorfose kafkiana, subir o rio em direcção ao fim da terra, em busca de um homem cujo fascínio se exerce pelo horror, é do que se ocupa agora o meu espírito, sequioso de aventuras.



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domingo, 1 de maio de 2005




>>> miles to go befores I sleep #17


«The great wall of vegetation (...) was like a rioting invasion of soundless life, a rolling wave of plants, piled up, crested, ready to topple over the creek, to sweep every little man of us out of his little existence. And it moved not. (...)

Going up that river was like travelling back to the earliest beginnings of the world, when vegetation rioted on the earth and the big trees were kings. An empty stream, a great silence, an impenetrable forest. The air was warm, thick heavy, sluggish. There was no joy in the brilliance of sunshine. (...)

It made you feel very small, very lost, and yet it was not altogether depressing, that feeling. (...) We penetrated deeper and deeper into the heart of darkness



Heart of Darkness | Joseph Conrad



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domingo, 24 de abril de 2005




>>> miles to go befores I sleep #16


«(...) all that mysterious life of the wilderness that stirs in the forest, in the jungles, in the hearts of wild men. There's no initiation either into such mysteries. He has to live in the midsts of the incomprehensible, which is also detestable. And it has a fascination, too, that goes to work upon him. The fascination of the abomination - you know, imagine the growing regrets, the longing to escape, the powerless disgust, the surrender, the hate.»

Joseph Conrad | Heart of Darkness



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a natureza fala e eu tenho que escutar. está lá o fascínio, mergulho no livro como quem aceita embrenhar-se no deserto, encontro o assombro, descubro que o fascínio pelo abismo se encontra no coração de todos os homens.



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sábado, 23 de abril de 2005




...and we prayed!



Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
eu não sei se quereria ser um livro. ou quanto muito, queria ser um livro diferente em momenos diferentes da minha vida. assim de repente imagino-me Antígona de Sófocles ou A Metamorfose de Kafka.


Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
já, eu sei que já. mas pelos vistos não foi uma paixão assolapadamente marcante.


Qual foi o último livro que compraste?
ao mesmo tempo:
Heart of Darkness, Joseph Conrad
A Estrada Real, André Malraux
O Exílio e o Reino, Albert Camus
Os Cantos de Maldoror, Conde de Lautréamont
Uma Agulha no Palheiro, J.D. Salinger



Qual o último livro que leste?
ou O Mito de Sísifo de Camus ou A Arte de Amar de Ovídio.


Que livros estás a ler?
Heart of Darkness, Joseph Conrad


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abandonados e para retomar em breve:
O Homem Revoltado, Camus
A Pastoral Americana, Philip Roth
O Elogio da Loucura, Erasmo de Roterdão



Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
A Odisseia, Homero
O Mito de Sísifo, Camus
a antologia completa da poesia de Sophia de Mello Breyner
Raiz de Orvalho e Outros Poemas, Mia Couto
O Gosto Solitário do Orvalho seguido de O Caminho Estreito, Matsuo Bashô
Dark Moon, Terry Morgan


(sim, são seis, mas quem é que está a contar?)



A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
ao Paulo, à Sofia e ao Luís. porque sim.



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quinta-feira, 29 de janeiro de 2004



:: os livros são acolhedoras moradas para a nossa necessidade de consolo ::


«A frase que vos proponho para compreensão do meu modo de ler e do reconhecimento e gratidão que devo à Literatura, foi-me inspirada pelo belíssimo título de um livro de Stig Dagerman – “A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer”. Nesse pequenino livro o escritor fala-nos de um irremissível sentimento de perda que carregamos dentro de nós e para o qual tentamos, continuamente, descobrir um bálsamo apaziguador. Nos livros podemos encontrar refúgio, porque são uma morada de acolhimento para as nossas dores e onde o mar das nossas mágoas pode sempre desaguar e receber o conforto que demandamos. Essa qualidade, mágica e redentora, fica-se a dever ao entretecimento das palavras que poetas e prosadores nos oferecem quando escrevem, às ideias que essas palavras tantas vezes carregam como flechas luminosas e às personagens que habitam as páginas dos livros, com os seus enredos, as suas vidas e os seus sonhos. Palavras, ideias e personagens, feita a revelação e ocorrido o encontro com quem as lê, conseguem muitas vezes atravessar para o outro lado do espelho e instalar-se no interior do leitor. Dessa generosa travessia pode acontecer (numa “hora muito rara” como Rilke anunciou) florescerem em nós, leitores, novos pontos de luz, de cintilação. É deles que falo, ao falar de consolação.

Maria João Seixas»






o post roubei-o, inteirinho, daqui. não só porque subscrevo na totalidade cada uma das palavras deste texto - é assim a minha forma de ler - mas também para, desta forma, tentar encontrar algum consolo possível por não poder hoje estar presente na sessão de discussão sobre a Antígona de Sófocles, em Serralves. ah, os negritos são meus (salvo seja!).





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quarta-feira, 9 de julho de 2003




curiosamente, nenhum navio cruza hoje o horizonte do meu peito. um porto nocturno onde nenhum lamento rompe o vazio. vagueio como se navegasse. dói-me o negro destas águas, mas pressinto a quietude do seu silêncio. das raízes prossigo para a calma, para o olho no centro da tempestade. qualquer coisa. há-de acontecer qualquer coisa. há-de passar este dia de difíceis projecções. quem me manda a mim...?





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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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