quarta-feira, 22 de dezembro de 2010



From Hell (and back)


Uma pequenina menina tangerina sabe que cresceu quando deixa de querer saborear o fascínio agridoce do que dói. Há uma coisa pior do que as dores de crescimento: as dores de ter crescido. Um fruto anseia ser a totalidade daquilo que é, e a sobrevivência não se cumpre à custa de morder cada gomo até que sangre. Eu, por exemplo, dispensei o antigo ofício de encantadora de demónios. Não mais regressarei às velhas músicas que os despertam, de livre vontade, para poder simular uma presença familiar, ainda que assombrada. A domesticação constrói-se com a paciência de alguma indulgência, mas nunca com a subjugação. Eu sou um pequenino fruto que possui o conhecimento do inferno, mas que não mais regressará, por ora, às canções que evocam velhos rostos. O tempo é escasso, e há ainda tanto mundo, à superfície, por descobrir...




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quinta-feira, 11 de março de 2010



por outras palavras


against the growing pains, count on the growing days.

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posted by saturnine | 12:33 | 0 Comentários


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quarta-feira, 21 de outubro de 2009



x. mark.


durante muitos anos a maior parte de mim esteve demasiado colada a um sentimento desolador de desconcerto total - eram os Demónios Interiores do Jorge Palma, que também eram os meus, raios os partam, eram os Passos em Volta do Herberto Helder e eu que, se quisesse, enlouquecia, por não aguentar a desordem estuporada da vida. era todo o cansaço do mundo e uma rotina de nervos esfrangalhados. man, era a história da minha vida, desastrada e sem rumo, uma tragicomédia em seis actos, na qual eu poderia meter qualquer Dama das Camélias num bolso. hoje, tenho poucas saudades dessa parte de mim que poderia estar toda traduzida num dicionário de metáforas líricas doridas, compiladas ao longo de quase sete anos de little black spot. vai-se ao inferno e volta-se. certo, nunca se pode voltar ao desconhecimento do inferno. seja. o que eu não quero é ser a vida toda uma little trouble girl *. pago contas e tenho que fazer o meu próprio jantar, não há tempo para essas coisas.




* Sonic Youth




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quinta-feira, 18 de setembro de 2008



in the joy division we're all really depressed




and you can feel her madness
she will call you out
watch out for her dark side
you'll soon will figure out
so run on

The Black Angels | Manipulation




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domingo, 24 de agosto de 2008









my heart is broken

it is worn out at the knees

hearing muffled

seeing blind

soon it will hit the deep

freeze












Suzanne Vega | Cracking






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posted by saturnine | 23:41 | 8 Comentários


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por muito que a lição do Cohen esteja bem presente, a evidência maior da Suzanne Vega assoma na casa, invade todos os espaços, ocupa todo o ar todo que eu tinha para respirar.













something is cracking,
I don't know where
















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quinta-feira, 21 de agosto de 2008



fruta esquisita, menina aflita


sou, segundo dizem, a rapariga menos romântica que existe. tem no fundo uma explicação muito simples: é que eu acho que o amor é um assunto demasiado sério para arruiná-lo com a estucha do romance. mas não me interpretem mal: eu sou capaz de me comover. até choro baba e ranho com qualquer episódio da Anatomia de Grey e quando bato no fundo gosto de personificar cenas (solitárias) ridículas ao jeito de uma Bridget Jones. mas aí é que está o problema. esse tipo de comoção esgota-se-me na ficcção. ficcionalmente, a ideia de viver um amor arrebatador com um final feliz, é-me muito apelativa. mas não suporto gente demasiado próxima, demasiado necessitada, que faz sempre grandes demonstrações de elaborado afecto. é postiço e - convenhamos - aborrecido. na vida real, não funciona. sou um bicho-do-mato acossado, pouco disponível para as lides de uma socialização excessiva. se precisam de uma imagem, eu sou a casa onde há o aviso 'CUIDADO COM O CÃO'. depois, claro, há a memória de Ossanha Traidor e a frase de Rilke:

"Todas as coisas assustadoras não são mais, talvez, do que coisas indefesas que esperam que as socorramos."



estou à espera de um bandido que me salve.






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terça-feira, 12 de agosto de 2008



O ponto de vista dos demónios #31


aprendi logo aos 12 anos uma das mais importantes lições da minha vida: a cena da donzela ofendida não funciona. não no mundo real. era em Londres. eu queria muito que aquele rapaz ali ficasse o resto da noite e que se desfizesse em enfatuados desejos por mim, mas não ia haver cá nada de abusos. e claro, resultado: não houve cá coisa nenhuma, o gajo raspou-se. o meu ego ferido chorou baba e ranho, fez o célebre número ai eu ai eu ai eu que vou morrer de desgosto, não há por acaso por aí daquele veneno que a Julieta tomou? decidi instantaneamente que ia amuar para sempre. ou pelo menos até ele se sentir suficientemente culpado para me vir cair aos pés. durou-me uns cinco minutos. vá, uma tarde. um passeio de barco falhado pelo Tamisa (os desencontros também têm coisas boas), e a Grande Deusa dos Espíritos Mafiosos teve oportunidade de logo ali iluminar o meu pobre espírito atormentado. percebi de imeditado que provavelmente ele ficaria baralhadíssimo se, no regresso, não mais me encontrasse chorosa e ofendida, mas antes com a boa disposição e a querideza de sempre. o dito cagar no assunto. a Deusa não me enganou. um olhar incrédulo, um segundo de hesitação, um esgar de admiração, e pronto, tinha-o no meu território outra vez. nunca mais caímos aos pés um do outro, mas fomos grandes amigos (dos melhores) até a geografia nos separar.
naquela altura, naquele preciso momento de inversão de estratagema, ainda que ingenuamente, algo aconteceu. na altura eu ainda não o sabia, mas estava a assinar um pacto com o diabo. ao assumir um despudor absoluto em passar por cima de qualquer desconsideração, em nome de um interesse afectivo maior que pretendia orquestrar, abraçava oficialmente a minha sina de mulher de bandido. nunca mais pude escapar-lhe, nunca mais me foi fácil gostar de alguém que gostasse de mim. passei a viver sempre no lado errado da noite, buscando consolo em bocas proibidas, impossíveis. não é, de todo, uma apologia do sofrimento inútil. é só assim que as coisas são. as pessoas são más. eu sou uma pessoa má. e como em tudo, há conforto no reconhecimento, e há a impossibilidade da fuga a uma natureza comum. metade de mim, pertence ao reino dos infernos. também me habituei a conviver, portanto, com os lugares errados da minha cabeça. as minhas leis são mais epidérmicas que morais. o corpo é como um habitáculo gigantesco para toda a porcaria que somos capazes de fazer. e o que somos capazes de fazer é coisa para nos transformar, moldar a forma do nosso corpo.
(i suppose i should be happy to be misread, better be that than some of the other things i have become. aimee mann.)
há uma certa dose de cinismo a que não se pode escapar. acredita-se menos na limpeza das almas, muito pouco na pureza das matérias, quase nada em asceses e histórias felizes. mas por outro lado, não se foge à maldição do amor, à violência da paixão, ao castigo da solidão. uma lição mal aprendida, ou um fascínio desmesurado pela aceleração em queda no abismo, eu sei que vou cair, e caio de bom grado, onde eu toco tudo se transforma em ferida, o amor é uma maldição que eu procuro, porque eu tenho milhas para andar antes de dormir mas espero um dia ainda adormecer, tenho três grandes desgostos, que precisam de três grandes esgotos, quem me dera ter três ventrículos no coração. o cinismo convém à idade adulta, quando não nos podemos furtar à convivência. eu, que tenho um coração elástico, sou capaz das mais inacreditáveis acrobacias. elasteço, endureço, morro uma pequena morte e regresso, com aquela forma mansa de gostar que resiste à decepção. o meu rosto, que eu achava que ia envelhecer demasiado cedo, demasiado depressa, como o de Duras, não envelheceu. mas o fruto da minha boca é tão amargo quanto doce. quando eu mordo, é para matar. tudo me dói, muito em particular o estar viva, e o mundo inteiro é a minha expiação. confesso que gosto cada vez menos de pessoas, ao passo que gosto mesmo muito de algumas, bandidas, filhas da puta. sou capaz de gostar infinitamente de quem me faz mal.
à margem, cresce uma certa magnanimidade desconcertante. tenho 12 anos outra vez e aprendi uma lição. uma vida fodida vale aquilo que vale. o perdão é uma coisa fátua, um mito judaico-cristão semelhante ao da culpa. mas poderia dizer que a capacidade para o perdão aumenta na proporção directa do desejo em questão. por isso é tão complicado justificar-me (e por isso tão raramente o faço). poucos compreendem a capacidade de gostar além da decepção. os meus melhores e mais antigos amigos sabem que jogamos sempre um jogo de harmónio, como a respiração do universo: ora inspiramos, ora expiramos, ora próximos, íntimos, ora afastados, distantes. é um ciclo que precisa de poucas palavras. é uma lição que demorou um pouco mais a ser aprendida. a certa altura, sabemos, apenas. como o ritmo cadente das marés. vai-se, mas volta-se. eu aprendi, como Penélope, o nobre ofício da espera. enquanto encosto ao lado errado da noite, entre bocas e corpos proibidos, tenho três grandes desgostos que não saram, que não poderão nunca sarar, e uma série de amores emergentes, algumas noites de insónia, alguns momentos breves de estar perto de qualquer coisa, como quando respira perto do meu pescoço um certo homem moreno, que diz que gosta de Boris Vian.





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segunda-feira, 11 de agosto de 2008



of course it hurts when buds burst *




©




quando dormia, e se por acaso o sono se lhe agitava, revirando-se na cama em busca do lugar mais propício ao sossego, acontecia-lhe por vezes uma dor fina, aguda, ora quase imperceptível, ora dilacerante, vinda de lugar nenhum que lhe fosse conhecido, do fundo das entranhas. como se de algo extremamente improvável se tratasse, uma adaga que explorasse a fundo os meandros do seu corpo, nenúfares que desabrochassem no interior do peito.** um dia, uma dor grave, funda, levou-a ao médico, acreditando que se tratava de uma angina. angor pectoris.
o resultado da investigação provou ser bem outro: um coração de vidro. frio, translúcido, frágil. por vezes, durante a noite, uma agitação profunda provoca um desequilíbrio, um estremecimento. o corpo tomba inadvertidamente, desastrosamente, sobre o lado esquerdo. o coração desfaz-se em mil cristais afiados como estiletes. é por isso que, nessas noites, o peito dói e sangra e geme, como se mãos invisíveis cortassem, fio a fio, o tecido vivo do tórax.
a tarefa das manhãs é a da reconstrução. aprender, porque não pode ser de outro modo, o ofício de costureira: refazer, fio a fio, o tecido desfeito da caverna torácica. como quem reconstrói um templo devastado, lentamente, pedra a pedra, suportando a agrura. depois, o ofício de vidreiro: fundir a matéria vítrea do coração, juntar os cacos, liquefazê-los, ter esperança na fidelidade da réplica. executar, passo a passo, a metódica tarefa de aprender a morrer, para depois (re)nascer. ao longo dos anos, o coração de vidro adquiriu uma coloração avermelhada, sanguínea. a cada noite, parece que a mancha vermelha cresce, aumenta, quase ocupa o espaço todo. diz o médico que é vidro tingido, recozido, manchado, ping, ping, uma gota por cada ferida, uma ferida por cada estilhaço, nas noites em que uma agitação profunda fez revolver um corpo numa cama jogando-o em inevitável desequilíbrio, por fim tombando sem cuidado sobre o lado esquerdo, onde o peso inteiro esmaga um pequeno orgão frágil como uma jóia, que se estilhaça, cortando a fundo pela substância do sono com uma dor fina, aguda, de flor nocturna que desabrocha no espaço insuficiente de um peito.






* Karin Boye
** Boris Vian, A Espuma dos Dias

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008



O ponto de vista dos demónios #30


mas que não haja enganos. sou, de nascença, um ser do outono. a vida na terra é emprestada, eu pertenço aos subterrâneos. o meu demónio dorme, mas não me deixa. sinto o seu bafo quente no meu pescoço. a sua respiração soa compassada com a minha. rejubilo pela liberdade temporária do verão, pelo sabor do sal e das algas na boca ao primeiro mergulho no mar, mas continuo a carregar por dentro o fruto saturnino e as pequenas mortes. é certo que há uma intacta ferida, que sangra suspensa. é certo que me encosto sempre ao lado errado da noite. é certo que regressarei às sombras, ao submundo. mas não hoje.





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sexta-feira, 18 de julho de 2008



I'm really trying to shine here, I'm really trying **


sou uma pessoa extremamente inconveniente. se fosse um ogre, estaria a falar em cebolas e camadas, e no mar de lágrimas que implica remover uma atrás de outra até chegar ao centro. bonecas russas. dentro de dentro de dentro de dentro - down, down, down, would the fall never come to an end? *
mas nunca se chegou ao centro, ao dentro mais dentro, ao fundo mais fundo. era preciso que houvesse um Fernão de Magalhães dos assuntos internos, que é como quem diz que se soubesse como se faz a circunavegação do coração.
eu, por exemplo, falo demais. um inconveniente extremo, para os outros. falo sempre demais, mas digo muito pouco do que devo. crescer como aprendizagem de tudo aquilo que não pode ou não deve ser pronunciado. as coisas que sufoco, afogo, amarfanho, à boca da garganta, formam por vezes uma bola compacta que não consigo mover e me torna quase impossível a respiração. um inconveniente extremo para mim.
desaprendi o gesto da subtracção: desaprendi a remoção das camadas. e como eu queria, como eu queria saber despir despir despir, até estar só o coração à mostra, e o coração então que falasse por si.
isto de ser má rês tem muito que se lhe diga. é só vagamente fixe, e só quando a podridão vem de dentro para fora: os outros, esses de quem se diz serem o inferno, são mero pretexto para a purga. mas até a criatura perversa tem os seus princípios, se a prodridão ameaça do exterior - este calo não pisas tu. assim, pouco resta senão os pequenos inconvenientes: falar demais, dizer de menos. circular, cruzar de passagem, sem nunca tocar, sem nunca confrontar, sem nunca perder tempo para olhar nos olhos, não fosse cair o Carmo e a Trindade se tivessemos que supôr que os princípios frequentemente valem tanto como um balde de merda. hoje em dia, não temos tempo para respirar, como poderíamos esperar ter tempo para aprender que dói gostar de pessoas? eu cá, resigno-me, com a minha bola compacta na garganta, respirando a custo. anseio, mas em vão: _____, believe me you just haven't seen my good side yet. **








* Alice's Adventures in Wonderland, Lewis Carroll
** The National

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domingo, 13 de julho de 2008



preferia amar uma pedra*


há dias em que está o mundo todo ao contrário. e de pernas para o ar, sobe-nos o sangue à cabeça, falta o oxigénio no cérebro, nenhum dos sinais vitais está onde deve estar. o corpo resiste, mas sucumbe. o que eu queria era ir-me embora para Pasárgada. lá sou amiga do rei e os amigos não são uma ficção credível, mas distante.
em dias assim, todos ao contrário, eu preferia ser uma história, uma personagem dentro de uma história. o Mário Rui de Oliveira diz que "um amigo é uma história que nos salva". e eu sei nadar muito bem, mas em dias assim, todos ao contrário, o assombro do mar leva a melhor e apetece deixar-me ir: afogar, porque não. em dias assim, os amigos, as histórias, embarcações inatingíveis, só o sal na boca, o sal nos olhos, o cansaço nos membros, a derrota a puxar para o fundo como uma âncora.




* referência a António Lobo Antunes





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quarta-feira, 14 de maio de 2008



não há duas sem três


resta ainda dizer que houve bons pensamentos e bons desejos e uma ou outra impossibilidade fodida e muita gente em que pensei e entre as que conheço e as que não, não perdi oportunidade para cumprir um pedido e suspirar para dentro:



«serve me the sky with a big slice of lemon»

The National






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sábado, 29 de março de 2008



Da selecção natural


há coisas que não resistem à passagem do tempo, ao excesso de silêncio.
outras sim, até demais, e fazemos por não acercar-nos delas.




while you make pretty speeches
i'm being cut to shreads
*




* Radiohead






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domingo, 9 de março de 2008




The tears are welling in my eyes again
I need twenty big buckets to catch them in
And twenty pretty girls to carry them down
And twenty deep holes to bury them in


Nick Cave | Hallelujah

















© Joana Linda








J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés


Les Chansons d'Amour | Ma Memoire Sale





havia uma camisola de lã bege e uma camisola de algodão cinzenta. uma queda em mergulho que as misturou num abraço. havia também uns olhos verdes circundados de surpresa e um coração inflamado que eles olhavam. uma queda inevitável para dentro desses olhos. um disco, uma morte anunciada que não se soube antever. desde então, há algo que morre em mim todos os dias. os anos desmentem-nos. havia mais mentira que esperança nas promessas, e só eu não sabia. foda-se. tu disseste e eu acreditei, Nick. para quê? no such troubled cure for this troubled mind.

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quinta-feira, 6 de março de 2008



I wear black on the inside





manifesto: I'm so happy I could die.






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Ces amours indigestes *





«Se for consultar o psicanalista, confio em Deus que ele permita que se sente também ao nosso lado um dermatologista, pois sinto que tenho cicatrizes nas mãos por tocar em certas pessoas.»

J.D. Salinger







* Ma Memoire Sale [Les Chansons d'Amour]





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Puta que pariu




© lbs | 2008






um silêncio devastador que circunscreve a noite, o medo, todos os lugares onde é impossível sossegar.






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quarta-feira, 5 de março de 2008



carta obscena


mes jours en hiver passés a t'oublier
ou chaque seconde
est une poigneé de terre
ou chaque minute
est un sanglot
vois comme je lutte
vois ce que je perds en sang et en eau
en sang et en eau
*



como olharia um homem para a terra devastada? como olharia para o solo negro de cinza, uma morte ampla e duradoura entranhada no silêncio. para as suas mãos, sujas de culpa. como olharia esse homem para o rosto devastado de uma mulher, para os seus olhos apagados, afogados, devorados bocado a bocado pela feroz boca da tristeza?


devo confessar que fugi à pressa. evadi-me da cidade antes do previsto, acossada, querendo escapar a esses grandes braços espremendo o sossego da minha respiração. não tinha esperado um confronto assim, de peito aberto. fugi, portanto, de coração nas mãos e tórax escancarado. naturalmente, fugi para evitar a progressão do ataque. o rasto insistente das tuas mãos a abrir-me este espaço entre as costelas. é que um dia eu não aguento mais a desordem estuporada da vida. esse dia que pode ser um dia como o de hoje. hoje, morreu categorica e desastrosamente algo na parte mais relevante de mim. algo me diz que há um lugar desta cidade a que eu não poderei nunca mais regressar. só falta que as pequenas mortes se sucedam e produzam o seu alimento primordial: ouve-me/ que o dia te seja limpo e/ a cada esquina de luz possas recolher/ alimento suficiente para a tua morte [Al Berto]. hoje, tenho um braço que sangra, de uma ferida onde eu quis inscrever a tua ausência. um dia eu não aguento mais a desordem estuporada da vida. que dos subterrâneos se diga: "morreu de prolongada infecção amorosa".


* * *


desculpa-me se numa tarde de sol nos jardins do Palácio de Cristal nunca te disse que te tinha posto o coração nas mãos. desculpa-me anoitecer demais. desculpa-me ter riscado cinco pontinhos ...-.. numa página escondida de O Rosto de Deus antes de to devolver. desculpa-me ter acreditado demasiado no Nick Drake e na certeza dos teus abraços. desculpa a recusa. não sigo em frente. fico. de qualquer das formas, o coração já estava no prego. eu tenho um grande irreparável desgosto, e nenhum ventrículo grande o bastante que o esgote.


Être un corps je suis d'accord
T'offrir mes bras pourquoi pas
Mon lit ok encore
pour rire a salir les draps
mais je crains que pour tout ça
Tu doives entendre je t'aime
Tu doives entendre je t'aime

*


Les Chansons d'Amour






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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008



lunar caustic


a tristeza tem qualquer coisa de lunar caustic - que é nitrato de prata e mancha a pele de negro. à volta dos olhos, a minha pele escurece e afunda-se, enquanto eu empalideço em olheiras vivas, palpitantes. eu desapareço dentro dessas olheiras onde a tristeza cartografa os seus lugares. de tudo o que perder, hão-de ser os olhos os primeiros a apodrecer. porque os olhos carregam a culpa de tudo o que choram e de tudo o que não choram. é como dizer: eu não aguento a desordem estuporada da vida. é como dizer: eu não aguento este buraco crescente, flor nocturna que desabrocha, mastiga, rói, que me consome toda a caverna do peito a partir do centro-esquerdo.





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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


*

calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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