«A frase que vos proponho para compreensão do meu modo de ler e do reconhecimento e gratidão que devo à Literatura, foi-me inspirada pelo belíssimo título de um livro de Stig Dagerman – “A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer”. Nesse pequenino livro o escritor fala-nos de um irremissível sentimento de perda que carregamos dentro de nós e para o qual tentamos, continuamente, descobrir um bálsamo apaziguador. Nos livros podemos encontrar refúgio, porque são uma morada de acolhimento para as nossas dores e onde o mar das nossas mágoas pode sempre desaguar e receber o conforto que demandamos. Essa qualidade, mágica e redentora, fica-se a dever ao entretecimento das palavras que poetas e prosadores nos oferecem quando escrevem, às ideias que essas palavras tantas vezes carregam como flechas luminosas e às personagens que habitam as páginas dos livros, com os seus enredos, as suas vidas e os seus sonhos. Palavras, ideias e personagens, feita a revelação e ocorrido o encontro com quem as lê, conseguem muitas vezes atravessar para o outro lado do espelho e instalar-se no interior do leitor. Dessa generosa travessia pode acontecer (numa “hora muito rara” como Rilke anunciou) florescerem em nós, leitores, novos pontos de luz, de cintilação. É deles que falo, ao falar de consolação.
Maria João Seixas»o post roubei-o, inteirinho,
daqui. não só porque subscrevo na totalidade cada uma das palavras deste texto - é assim a minha forma de ler - mas também para, desta forma, tentar encontrar algum consolo possível por não poder hoje estar presente na sessão de discussão sobre a
Antígona de Sófocles, em Serralves. ah, os negritos são meus (salvo seja!).
Etiquetas: filosofia e metafísica quotidiana, fruto saturnino (conhecimento do inferno), heart of darkness, o ponto de vista dos demónios, os livros
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