Uma pequenina menina tangerina sabe que cresceu quando deixa de querer saborear o fascínio agridoce do que dói. Há uma coisa pior do que as dores de crescimento: as dores de ter crescido. Um fruto anseia ser a totalidade daquilo que é, e a sobrevivência não se cumpre à custa de morder cada gomo até que sangre. Eu, por exemplo, dispensei o antigo ofício de encantadora de demónios. Não mais regressarei às velhas músicas que os despertam, de livre vontade, para poder simular uma presença familiar, ainda que assombrada. A domesticação constrói-se com a paciência de alguma indulgência, mas nunca com a subjugação. Eu sou um pequenino fruto que possui o conhecimento do inferno, mas que não mais regressará, por ora, às
canções que evocam velhos rostos. O tempo é escasso, e há ainda tanto mundo, à superfície, por descobrir...
Etiquetas: cinema, exercícios de sobrevivência, fruta esquisita menina aflita, fruto saturnino (conhecimento do inferno)
2 Comentários:
sabes uma coisa que me disseram uma vez, há uns anos, daquelas que se cravam com cavilhas fundo na memória:
"procura na vida aquilo e só aquilo que ela te pode oferecer: ser".
esperar da/na vida aquilo que uma árvore espera da Terra; simplesmente, existir, com tudo o que temos, porque mais não precisamos.
é difícil, mas aos poucos começo a achar que vale a pena. é um excelente ponto de partida, sobretudo porque é também, O ponto de chegada.
*
pensamento interessante esse. :)*
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