segunda-feira, 4 de janeiro de 2010



O fim do mundo, claro, só podia chegar no ano novo


é da Lhasa um dos discos da minha vida. e não, apesar de o epíteto me assentar bem, não se trata de La Llorona, mas de The Living Road. não me lembro quem mo mostrou, mas era capaz de apostar que foi o Luís. coincindiu mais coisa menos coisa com o nascimento deste blog e foi a coisa mais feliz e mais triste do mundo. causa-me transtorno o desaparecimento de Lhasa. uma tristeza mais permanente. quando soube da notícia, só me ocorria esta música, irónica. O fim do mundo só podia ter chegado no ano novo:






Lhasa | Para el fin del mundo el año nuevo



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sábado, 27 de dezembro de 2008



morto amado nunca mais pára de morrer #2



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domingo, 21 de dezembro de 2008



morto amado nunca mais pára de morrer




© Edward Gorey




And death shall have no dominion.
Dead men naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.


And death shall have no dominion.
Under the windings of the sea
They lying long shall not die windily;
Twisting on racks when sinews give way,
Strapped to a wheel, yet they shall not break;
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through;
Split all ends up they shan't crack;
And death shall have no dominion.


And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores;
Where blew a flower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain;
Though they be mad and dead as nails,
Heads of the characters hammer through daisies;
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion.

Dylan Thomas






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terça-feira, 10 de junho de 2008



subitamente :


eu teria esperado um dia inteiro
agora não resta senão o vazio dos bolsos
o Al Berto diria que era
a dor de todas as ruas vazias

e há também quem diga
que te perderei algures
numa dessas ruas
em que já não passa ninguém
senão eu

ao dobrar uma esquina
qualquer coisa podia acontecer
se apenas um vento breve soprasse
se ao menos um vento brando soprasse
e qualquer coisa acontecesse

mas as esquinas estão cheias
de acidentes imprevisíveis
uma pedra desajeitada
um cão abandonado
um transeunte apressado

e aquele que caminha
de olhos pregados no chão
inadvertidamente inevitavelmente
tropeça
cai
afoga-se
porque de nenhum lugar emergem
braços salvadores estendidos
para a respiração boca a boca


inesperadamente -
a noite é um poço.


(subitamente -
o corpo é um túmulo)






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quarta-feira, 16 de abril de 2008



morto amado nunca mais pára de morrer *


aquilo que nos acontece, nunca simplesmente aconteceu. é perpetuum mobile, nunca mais pára de acontecer. Abril dura para sempre. não nos separamos do tempo que passa. uma ferida passada é um nenúfar no peito. diariamente desabrocha as suas pétalas de estilete.



* Mia Couto











What you did to me made me
See myself something different
Though I try to talk sense to myself
But I just won't listen

Won't you go away
Turned yourself in
You're no good at confession
Before the image that you burned me in
Tries to teach you a lesson

What you did to me made me see myself somethin' awful
A voice once stentorian is now again meek and muffled
It took me such a long time to get back up the first time you did it
I spent all I had to get it back, and now it seems I've been outbidded

My peace and quiet was stolen from me
When I was looking with calm affection
You were searching out my imperfections


What wasted unconditional love
On somebody
Who doesn't believe in the stuff

You came upon me like a hypnic jerk
When I was just about settled
And when it counts you recoil
With a cryptic word and leave a love belittled

Oh what a cold and common old way to go
I was feeding on the need for you to know me
Devastated at the rate you fell below me

What wasted unconditional love
On somebody
Who doesn't believe in the stuff

Oh, well


Fiona Apple






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quarta-feira, 2 de abril de 2008



April was the cruelest month #2




© lbs | sintra | 2008





era o Rui Pires Cabral que dizia, nas minhas mãos, numa música antológica (& onze cidades), num café da rua de Ceuta, num Abril passado: "sem deixar eco qualquer coisa ruía." desde então, alguns dias antes, um sopro mais aflito, uma respiração mais dificultada, um vago torpor só muito subtilmente pressentido. começa a doer-me Abril lentamente por todo o corpo. até hoje, nunca mais parei de ressentir-me do eco dessa qualquer coisa que ruía sem eco num Abril passado. se olho para dentro, constato: tenho uma nódoa negra no coração.



Sempre que eu abrir as portas
para o teu tempo, comerei o pó dos dólmens
nos cantos da tua boca, em julho
entre o arvoredo.

Mais valia que não me tivesses salvo
nessa altura, o coração não me basta
e ainda se ressente
.


Rui Pires Cabral | Boo Boo's Gone Mambo






© lbs | sintra | 2008






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segunda-feira, 24 de março de 2008



April was the cruelest month #1






This is just to say "hello"
And to let you know
I think of you from time to time
I know I never really knew you
But somehow I miss you
And wish that you'd stayed in my life

Making contact gets harder
As the silence grows longer
And isn't it only me
Who'd like us to see each other?
How I would hate to be a bother
The way we left it was you'd ring

I'm under no illusion
As to what I meant to you
But you made an impression
And sometimes I still feel the bruise
Sometimes I still feel the bruise


Now and then I stumble on
What I've misplaced but never lost
An ache I first felt long ago
Though you've appeared and disappeared
Throughout these past few years
I'd be surprised if you now showed

Making contact gets harder
As the silence grows longer
And why would you think of me
When you were not the one in love?
When you were not the dreamer?
When you were just the dream?


The Mountain Goats | Sometimes I still feel the bruise







«Se for consultar o psicanalista, confio em Deus que ele permita que se sente também ao nosso lado um dermatologista, pois sinto que tenho cicatrizes nas mãos por tocar em certas pessoas.»

J.D. Salinger






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domingo, 9 de março de 2008




The tears are welling in my eyes again
I need twenty big buckets to catch them in
And twenty pretty girls to carry them down
And twenty deep holes to bury them in


Nick Cave | Hallelujah

















© Joana Linda








J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai
Le coeur sec et les yeux gonflés


Les Chansons d'Amour | Ma Memoire Sale





havia uma camisola de lã bege e uma camisola de algodão cinzenta. uma queda em mergulho que as misturou num abraço. havia também uns olhos verdes circundados de surpresa e um coração inflamado que eles olhavam. uma queda inevitável para dentro desses olhos. um disco, uma morte anunciada que não se soube antever. desde então, há algo que morre em mim todos os dias. os anos desmentem-nos. havia mais mentira que esperança nas promessas, e só eu não sabia. foda-se. tu disseste e eu acreditei, Nick. para quê? no such troubled cure for this troubled mind.

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sábado, 16 de fevereiro de 2008



de uma enfermidade mortífera


um pequeno ponto preto em processo de desaparecimento contínuo.

o que eu queria era uma fímbria de resolução para o meu coração arruinado. não há mãos que bastem para aplacar uma tão honesta fúria.




Um dia hei-de pensar no teu rosto
Com um dedo que feche pálpebras
E direi
Extinguiu-se a minha adoração
E nunca mais procurarei
Os vestígios dos teus passos no mundo.


Luís Falcão






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terça-feira, 15 de janeiro de 2008



She's keeping busy, yeah she's bleeding stones


chovia desalmadamente.* um semáforo tinha-me feito parar bem no meio do Largo do Senhor dos Aflitos. No rádio, a Marisa Monte sussurrava que ia fazer uma canção para inventar o nosso amor. terá ela falado com o Daniel Filipe? coisa triste, esse tal de amor, que precisamos inventá-lo de cada vez que um corpo suspira por outro corpo. coisa triste, meu deus, a falha da memória. porque não há-de ser senão por reincidente esquecimento que necessitamos inventar o amor a cada passo, como se aprendessemos de novo o que até então nos era desconhecido - como se não soubéssemos que um homem e uma mulher que se encontraram num bar de hotel numa tarde de chuva tinham já inventado o amor com carácter de urgência.

e tu, através dos anos ainda não cresceste. ainda não aprendeste que nós não tínhamos um quarto de hotel nem uma tarde de chuva, mas tínhamos a luz de Lisboa e os passeios junto ao Tejo, e inventamos um dia o amor com carácter de urgência. não aprendeste que o Nick Drake tinha razão, e entretanto a espera esgota-se e esgota-me e esgota-nos. tu ficas desse outro lado de dentro das coisas onde eu não chego, e esse amor que inventamos outrora fica suspenso, pendurado como um bacalhau seco que ninguém come, como roupa esquecida no estendal, à mercê da chuva, do vento e do sol. enquanto dormes, nos meandros do medo, a noite abre meus olhos:



A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reuno baldes, estes vasos guardados
* mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração.


José Tolentino de Mendonça in A Noite Abre Meus Olhos






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quarta-feira, 24 de outubro de 2007



Sex will tear us apart (again)


empresto-te o meu corpo
mas terás que tolerar ouvir-me dizer
que te amo

























saí do cinema perfeitamente encantada com "Les Chansons d'Amour". não foi uma epifania, mas foi uma fosforescência suficiente para reviver Songs:Ohia - i cannot have seen the light_ i thought i saw the light_ i saw the light_______.

___________já amaste só pela beleza do gesto de amar? amar como se em cada corpo houvesse sexo, mas não género. aceitar um corpo que se nos oferece como um bálsamo, como quem trinca um fruto delicioso. mas o fruto alberga um bicho que nos sai pela boca e nos devora o cérebro. tenho um coração ressequido. onde ela me morreu, tu terás que entrar para matá-la outra vez. poderá o teu corpo salvar-me desses amores indigestos? poderá o teu corpo proteger-me como uma torrente de lava?



empresto-te o meu corpo
mas terás que tolerar ouvir-me dizer
que te amo



*ama-me menos, mas ama-me durante mais tempo*






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quarta-feira, 3 de outubro de 2007



ensaio: despir a pele


agora tu vais, e leva o coração nos mãos. protege-o das intempéries, que se avizinha o frio do inverno e a chuva não é um lugar feito para os músculos cardíacos. vais e depois, quando eu olhar para as tuas costas à distância, terás partido para sempre - eu que fingi não estar quando a tua sombra assomou à soleira da minha porta. vais e não mais teremos um céu que nos cubra aos dois, nem a norte nem a sul. vais, porque o nosso tempo acabou, muito cedo foi tarde demais, e esse coração que levas na mão não resistirá ao frio e à chuva, mais um ano ou dois em silêncio, até que eu sofra de novo o inconveniente de lembrar-te.

estou a aprender. mas ainda só os mortos sabem morrer.





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quinta-feira, 27 de setembro de 2007



All dressed up and nowhere to go


enquanto tu avanças, eu sou a que regressa sempre aos lugares antigos. por estes dias, entretenho-me a desejar que construas templos e palácios aos meus pés. enquanto tu não me felicitas sequer pela chegada do outono.





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Afirmação


sou girlie to the bone. tenho um blog onde me afirmo na primeira pessoa e escrevo autobiograficamente sobre tudo, mesmo sobre o que invento. sou um caterpillar. larva e escavadora, é meu ofício habitar entre os escombros. sou girlie to the bone, uma história que não existe, Lilah, a little girl lost in the woods. não tenho vergonha do meu coração defeituoso que treme nem do casaquinho de malha que me passa dos joelhos, de que preciso para que se me aqueça o corpo minúsculo, excessivo. não tenho vergonha do desejo do abraço, porque o abraço é bom, e um corpo gosta de encostar onde a respiração é mais fácil. e não tenho vergonha de afirmar que preciso de ti no meu caminho, que espero que me esperes: 'cause I can't make it on my own. eu estou ainda dentro dessa noite em frente ao Tejo, quando todas as promessas eram ainda possíveis. é a ti que eu amo ou àquele que ficou lá atrás, na noite escura, imobilizado contra o penoso arrastar da memória pelos dias?







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quarta-feira, 26 de setembro de 2007



The expected unexpected has come #2


há uma voz que chama, como dois braços estendidos naquele canto escuro que tudo sabe - e quando chama, eu vou. esperei todo o dia. poderias ter vindo. mas nem o sono vem. ainda estou nessa noite parada em frente ao Tejo a comover-me pela primeira vez. não sabia ainda que tanto e tão cedo se morre * nesta vida.



©2007 ~schnin


Jeff Buckley | Lover you should've come over


Looking out the door i see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations as their shoes fill up with water
And maybe i'm too young to keep good love from going wrong
But tonight you're on my mind so you never know

When i'm broken down and hungry for your love with no way to feed it
Where are you tonight, child you know how much i need it
Too young to hold on and too old to just break free and run

Sometimes a man gets carried away, when he feels like he should be having his fun
And much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that really, he has no-one

So i'll wait for you... and i'll burn
Will I ever see your sweet return
Oh will I ever learn

Oh lover, you should've come over
'Cause it's not too late

Lonely is the room, the bed is made, the open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep that will never come

It's never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles when i slept so soft against her
It's never over, all my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she's the tear that hangs inside my soul forever

Well maybe i'm just too young
To keep good love from going wrong

Oh... lover, you should've come over
'Cause it's not too late

Well I feel too young to hold on
And i'm much too old to break free and run
Too deaf, dumb, and blind to see the damage i've done
Sweet lover, you should've come over
Oh, love well i'm waiting for you

Lover, you should've come over
'Cause it's not too late






* d'après Al Berto





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segunda-feira, 17 de setembro de 2007



carta aberta ao meu amigo invisível


Why do you say everything as if you were a thief?
Like what you stole has no value?
Like what you preach is far from belief?


American Music Club





eras qualquer coisa outra quando me chegaste. uma mentira menos aguda do que esta. (re)conhecia-te no tempo em que me falavas e fazias das noites um lugar menos solitário. com os dedos moldavas-me sorrisos na boca e seguravas uma cordinha invisível para que nunca me perdesse no meio das sombras. tenho saudades de o mundo ser um lugar onde era possível nomear-te. tenho saudades de ser um lugar onde pousar a cabeça.
poque te calaste? porque atravessaste para esse outro lado do silêncio? acreditar em ti já não basta, eu preciso da tua mão invisível. e que tenhas voz, para que existas. mas tu avançaste para onde eu não te posso seguir. porque abandonaste este lugar onde eras verdade? porque levas atrás de ti esse séquito de canibais? porque vais mudo, mesmo quando vais a meu lado? porque te juntas a esses devoradores lambe-cus quando eu te teria acompanhado a troco de nada? à distância, dilui-se a recordação que tenho de ti. temo que um dia te esqueça e seja como se nunca tivesses existido. que será de ti, que te entregas de coração aberto aos leões, quando eu teria gostado de ti apesar de toda a enfermidade que trazes dentro?




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posted by saturnine | 14:23 | 8 Comentários


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sábado, 8 de setembro de 2007



southern boy, you brighten my northern sky


o que eu gosto na dupla Before Sunrise e Before Sunset são os 10 anos que existem pelo meio. gosto das histórias que crescem e evoluem e se adensam e intensificam. gosto de histórias inacabadas, tanto quanto elas permitem a ilusão de imaginar mais além. ainda hoje me custa sempre a crer quando o mundo avança sem mim, e eu não sei como sair do lugar. o que também gosto nestes filmes é que me fazem sempre pensar, por vias travessas, na melhor frase que o cinema já viu - Here's looking at you, kid!. é que dentro desses 10 anos que separam a Julie Delpy e o Ethan Hawke do seu reencontro, há lugar para uma promessa de história por escrever: maybe one day we'll have Paris. qualquer coisa que o Nick Drake teria dito assim:


Time has told me
You're a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.

And time has told me
Not to ask for more
Someday our ocean
Will find its shore.

So I`ll leave the ways that are making me be
What I really don't want to be
Leave the ways that are making me love
What I really don't want to love.

Time has told me
You came with the dawn
A soul with no footprint
A rose with no thorn.

Your tears they tell me
There's really no way
Of ending your troubles
With things you can say.

And time will tell you
To stay by my side
To keep on trying
'til there's no more to hide.

So leave the ways that are making you be
What you really don't want to be
Leave the ways that are making you love
What you really don't want to love.

Time has told me
You're a rare rare find
For some day our ocean
Will find its shore.


(ouvir)




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quinta-feira, 9 de agosto de 2007




I'm under no illusion
As to what I meant to you
But you made an impression
Sometimes I still feel the bruise



os perigos da literalidade perseguem sempre o amor profundo às palavras. toda eu me substituo por palavras, à falta de matéria melhor que me construa. a nudez da existência é um susto, um punho cerrado ameaçador. um dia descobre-se que as palavras não chegam, que não se pode viver exclusivamente através delas a vida que inventam. mas enquanto não chega esse dia, sobrevive-se escrevendo, obcecando. isto é como dizer que é muito mais o que digo do que o que efectivamente sou. intimido porque falo demais. mas é pouco o que transporto. desmultiplico-me, ínfima, insuficiente, inexacta. como uma casa cheia de espelhos. morto amado nunca mais pára de morrer*



* Mia Couto



* * *



«Se for consultar o psicanalista, confio em Deus que ele permita que se sente também ao nosso lado um dermatologista, pois sinto que tenho cicatrizes nas mãos por tocar em certas pessoas. Uma vez, no parque, quando Franny ainda andava no carrinho, pus-lhe a mão debaixo da cabeça e deixei-lha lá ficar muito tempo. Outra vez, na Rua Setenta e Dois, fiz a mesma coisa, no Lowe, com o Zooey, durante a passagem de um filme sonoro. Ele devia ter cinco ou seis anos e metera-se debaixo da cadeira para não ver uma cena que muito o afligia. Pus-lhe a mão em cima da cabeça. Certas cabeças, certas cores, certos contactos com a pele humana deixam-me cicatrizes para sempre. Outras coisas também. Charlotte, uma vez. Fugiu-me do estúdio e eu agarrei-lhe no vestido para a deter, para a conservar perto de mim. Era um vestido de algodão amarelo, de que eu gostava por ser demasiado comprido para ela. Ainda conservo uma marca amarelo-limão na palma da minha mão direita.»

J.D Salinger | Carpinteiros, Levantem alto o Pau de Fileira





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segunda-feira, 19 de março de 2007



Ossanha Traidor


ainda muitas vezes nos lugares vazios da noite vasculho a tua ausência.



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domingo, 25 de fevereiro de 2007



"Morto amado nunca mais pára de morrer" *


gostei breve mas intensamente da Inês Pedrosa há uns anos, porque eu tinha por dentro aquela frase maldita: fazes-me falta. tenho um amigo que diz que, por irritante que seja, os desgostos de amor se assemelham sempre demasiado a canções pimba. algures no meio destas recordações surge o tremor do exacto inesperado. facsimile, impressão digital:



«Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio.
Porque no amor os princípios, os meios, os fins, são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida.»


Inês Pedrosa | Fazes-me Falta





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* Mia Couto




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spot player special




"us people are just poems"
[ani difranco]


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calamity.spot[at]gmail.com



~*. through the looking glass .*~




little black spot | portfolio
Baucis & Philemon | tea for two
os dias do minotauro | against demons
menina tangerina | citrus reticulata deliciosa
the woman who could not live with her faulty heart | work in progress
pale blue dot | sala de exposições
o rosto de deus | fairy tales








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~*. rearview mirror .*~


maio 2003 . junho 2003 . julho 2003 . agosto 2003 . setembro 2003 . outubro 2003 . novembro 2003 . dezembro 2003 . janeiro 2004 . fevereiro 2004 . março 2004 . abril 2004 . maio 2004 . junho 2004 . julho 2004 . agosto 2004 . setembro 2004 . outubro 2004 . novembro 2004 . dezembro 2004 . janeiro 2005 . fevereiro 2005 . março 2005 . abril 2005 . maio 2005 . junho 2005 . julho 2005 . agosto 2005 . setembro 2005 . outubro 2005 . novembro 2005 . dezembro 2005 . janeiro 2006 . fevereiro 2006 . março 2006 . abril 2006 . maio 2006 . junho 2006 . julho 2006 . agosto 2006 . setembro 2006 . outubro 2006 . novembro 2006 . dezembro 2006 . janeiro 2007 . fevereiro 2007 . março 2007 . abril 2007 . maio 2007 . junho 2007 . julho 2007 . agosto 2007 . setembro 2007 . outubro 2007 . novembro 2007 . dezembro 2007 . janeiro 2008 . fevereiro 2008 . março 2008 . abril 2008 . maio 2008 . junho 2008 . julho 2008 . agosto 2008 . setembro 2008 . outubro 2008 . novembro 2008 . dezembro 2008 . janeiro 2009 . fevereiro 2009 . março 2009 . abril 2009 . maio 2009 . junho 2009 . julho 2009 . agosto 2009 . setembro 2009 . outubro 2009 . novembro 2009 . dezembro 2009 . janeiro 2010 . fevereiro 2010 . março 2010 . maio 2010 . junho 2010 . julho 2010 . agosto 2010 . outubro 2010 . novembro 2010 . dezembro 2010 . janeiro 2011 . fevereiro 2011 . março 2011 . abril 2011 . maio 2011 . junho 2011 . julho 2011 . agosto 2011 . setembro 2011 . outubro 2011 . janeiro 2012 . fevereiro 2012 . março 2012 . abril 2012 . maio 2012 . junho 2012 . setembro 2012 . novembro 2012 . dezembro 2012 . janeiro 2013 . janeiro 2014 . julho 2015 .


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~*. spying glass .*~


a balada do café triste . ágrafo . albergue dos danados . almanaque de ironias menores . a natureza do mal . animais domésticos . antologia do esquecimento . arquivo fantasma . a rute é estranha . as aranhas . as formigas . as pequenas estruturas do ócio . atelier de domesticação de demónios . atum bisnaga . auto-retrato . avatares de um desejo . baggio geodésico . bananafish . bibliotecário de Babel . bloodbeats . caixa-de-lata . casa de cacela . chafarica iconoclasta . coisa ruim . com a luz acesa . comboio de fantasmas . complicadíssima teia . corpo em excesso de velocidade . daily make-up . detective cantor . dias com árvores . dias felizes . e deus criou a mulher . e.g., i.e. . ein moment bitte . em busca da límpida medida . em escuta . estado civil . glooka . i kant, kant you? . imitation of life . isto é o que hoje é . last breath . livros são papéis pintados com tinta . loose lips sink ships . manuel falcão malzbender . mastiga e deita fora . meditação na pastelaria . menina limão . moro aqui . mundo imaginado . não tenho vida para isto . no meu vaso . no vazio da onda . o amor é um cão do inferno . o leitor sem qualidades . o assobio das árvores . paperback cell . pátio alfacinha . o polvo . o regabofe . o rosto de deus . o silêncio dos livros . os cavaleiros camponeses no ano mil no lago de paladru . os amigos de alex . Paris vs. New York . passeio alegre . pathos na polis . postcard blues . post secret . provas de contacto . respirar o mesmo ar . senhor palomar . she hangs brightly . some variations . tarte de rabanete . tempo dual . there is only 1 alice . tratado de metatísica . triciclo feliz . uma por rolo . um blog sobre kleist . vazio bonito . viajador


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~*. the bell jar .*~



os lugares comuns: against demons . all work and no play . compêndio de vocações inúteis  .  current mood . filosofia e metafísica quotidiana . fruta esquisita menina aflita . inventário crescente de palavras mais-que-perfeitas . miles to go before I sleep . música no coração  .  música para o dia de hoje . o ponto de vista dos demónios . planos para dominar o mundo . this magic moment  .  you came on like a punch in the heart . you must believe in spring


egosfera: a infância . a minha vida dava um post . afirmações identitárias . a troubled cure for a troubled mind . april was the cruellest month . aquele canto escuro que tudo sabe . as coisas que me passam pela cabeça . fruto saturnino (conhecimento do inferno) . gotham style . mafarricar por aí . Mafia . morto amado nunca mais pára de morrer . o exílio e o reino . os diálogos imaginários . os infernos almofadados . RE: de mail . sina de mulher de bandido . the woman who could not live with her faulty heart . um lugar onde pousar a cabeça   .  correio sentimental


scriptorium: (des)considerações sobre arte . a noite . and death shall have no dominion . angularidades . bicho escala-estantes . do frio . do medo . escrever . exercícios . exercícios de anatomia . exercícios de respiração . exercícios de sobrevivência . Ítaca . lunário . mediterrânica . minimal . parágrafos mínimos . poemas . poemas mínimos . substâncias . teses, tratados e outras elocubrações quase científicas  .  um rumor no arvoredo


grandes amores: a thing of beauty is a joy forever . grandes amores . abraços . Afta . árvores . cat powa . colectânea de explicações avulsas da língua portuguesa  .  declaração de amor a um objecto . declaração de amor a uma cidade . desolação magnífica . divas e heróis . down the rabbit hole . drogas duras . drogas leves . esqueletos no armário . filmes . fotografia . geometrias . heart of darkness . ilustraçãoinício . matéria solar . mitologias . o mar . os livros . pintura . poesia . sol nascente . space is the place . the creatures inside my head . Twin Peaks . us people are just poems . verão  .  you're the night, Lilah


do quotidiano: achados imperdíveis . acidentes quotidianos e outros desastres . blogspotting . carpe diem . celebrações . declarações de emergência . diz que é uma espécie de portfolio . férias  .  greves, renúncias e outras rebeliões . isto anda tudo ligado . livro de reclamações . moleskine de viagem . níveis mínimos de suporte de vida . o existencialismo é um humanismo . só estão bem a fazer pouco


nomes: Aimee Mann . Al Berto . Albert Camus . Ana Teresa Pereira  . Bauhaus . Bismarck . Björk . Bond, James Bond . Camille Claudel . Carlos de Oliveira . Corto Maltese . Edvard Munch . Enki Bilal . Fight Club . Fiona Apple . Garfield . Giacometti . Indiana Jones . Jeff Buckley  .  Kavafis . Klimt . Kurt Halsey . Louise Bourgeois . Malcolm Lowry . Manuel de Freitas . Margaret Atwood . Marguerite Duras . Max Payne . Mia Couto . Monty Python . Nick Drake . Patrick Wolf  .  Sophia de Mello Breyner Andresen . Sylvia Plath . Tarantino . The National . Tim Burton


os outros: a natureza do mal . amigos . dedicatórias . em busca da límpida medida . retalhos e recortes



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...it's full of stars...


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