há em mim qualquer coisa de Carlos Eduardo da Maia. o excesso de dramatismo, a tendência para a fatalidade, o diletantismo. qualquer coisa que me faz pesar excessivamente o mundo em cima dos ombros. qualquer coisa excessivamente aguda para o meu peito exasperado. não conheço o sossego senão em breves lampejos. tendo para os amores impossíveis. mas não esqueço nunca que os meus infernos são de minha própria criação.
Quando abalares, de ida para Ítaca,
Faz votos por que seja longa a viagem,
Cheia de aventuras, cheia de experiências.
E quanto aos Lestrigões, quanto aos Ciclopes,
O irado Poséidon, não os temas,
Disso não verás nunca no caminho,
Se o teu pensar guardares alto, e uma nobre
Emoção tocar tua mente e corpo.
E nem os Lestrigões, nem os Ciclopes,
Nem o fero Poséidon hás‑de ver,
Se dentro d'alma não os transportares,
Se não tos puser a alma à tua frente.
Konstatinos Kavafis
tradução de Manuel Resende
Etiquetas: fruta esquisita menina aflita, ítaca, Kavafis, poesia
posted by saturnine | 02:03 |
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