Spellbound
Spellbound (1945, dir. Alfred Hitchcock)
Spellbound deixa um rasto curioso. Não é um filme brilhante (nas palavras do próprio Hitchcock, "Well, it's just another manhunt story wrapped in pseudo-psychology"). Gregory Peck é, sem sombra de dúvida, um galã da época, bonitão, com linhas bem definidas, mas temos que admiti-lo: um bocadinho grosseirão, como era o Marlon Brandon jovem, antes de se fazer mais homenzinho. Há, obviamente, o encanto de Ingrid Bergman, e do seu narizito arrebitado, mas não é exclusivamente disso que se faz o encanto do filme. Há qualquer coisa na forma como são retratadas as cenas psicológicas, o domínio do onírico. A verdade é que não gosto nada da pintura de Salvador Dalí. Acho-a foleirita, vagamente kitsch, uma espécie de antepassado longínquo desse ícone do mau gosto que a "arte fantástica" com senhoras nuas e olhos de felinos e unicórnios a cavalgar as ondas do mar... Mas convenhamos: a coisa funciona bem no cinema. Há uma espécie de fascínio, que é simultaneamente estético e psicológico, que, enfim, faz crer que o título do filme é justo e exacto.
Etiquetas: as coisas que me passam pela cabeça, cinema, noir
posted by saturnine | 12:02 | 0 Comentários
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