diz que é uma espécie de current mood:
pré-congelado #3
© Gil Elvgren
a praia tem destas coisas. não, não falo deste ar saudável e bronzeado e oops!, estou pouco vestida, é? que agora me domina. falo das implicações de viver secretamente para a Santíssima Trindade: mar, sol, areia.
foi há uns anos largos que, numa colecção antiga de policiais do meu pai, descobri o célebre "Rebecca" de Daphne du Maurier. já o li mais que uma vez, o que é mais do que posso dizer sobre a maioria dos livros mais marcantes da minha vida. isso deve dizer qualquer coisa sobre o livro em questão. o que me agrada no género do romance policial inglês é o tom de um certo requinte macabro que o percorre. mais do que suspense e terror, há mistério, obscuridade, um pouco de sobrenatural. a presença constante das brumas, do mar cinzento encapelado, a bater contra as rochas, das grandes casas de férias onde algo de estranho acontece... a ambiência de fascínio que rodeia os enredos de Daphne du Maurier, e o carácter fortemente visual das suas descrições tornaram os seus contos e romances frequentes fontes de inspiração para incursões no cinema.
bem, contra todas as manias filosofico-existencialistas, o verão relembra-me que "Rebecca" é mesmo um dos livros da minha vida. há definitivamente algo que me agrada na presença de fantasmas antigos que reclamam o seu lugar nas casas inglesas. este verão, voltei a levar a Daphne du Maurier comigo em férias, desta vez "Os Pássaros e Outros Contos Macabros". no que ao título principal, que inspirou o filme de Hitchcock, diz respeito, é certo que o contexto da história e a narrativa sofreram alterações na passagem ao cinema, mas o tom de um certo terror fino, subliminar, contido mas crescente, emerge claramente em ambos. o que é mais terrível: equanto o filme de Hitchcock nos deixa com um final em aberto, suficientemente ambíguo para podermos acreditar que o pior já passou, que com a fuga terá terminado a catástrofe, o conto de Daphne du Maurier abandona a narrativa em pleno auge, a meio dos ataques sanguinários, quando sabemos perfeitamente que o pior há-de estar para vir e que não há fuga possível. é um conto sufocante, que ainda hoje me causa arrepios. a única certeza que tenho é que hoje irei rever "Os Pássaros" de Hitchcock.
Etiquetas: current mood, férias, os livros, verão
posted by saturnine | 12:27 |
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2 Comentários:
"mar, sol,areia", poucas coisas na vida me sabem tão bem :) Adoro o filme do Hitchock.. o livro ainda não li. Fiquei com vontade de o levar de ferias..
leva, sim. eu devorei-o, gostei bastante. :)
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