subitamente :
agora não resta senão o vazio dos bolsos
o Al Berto diria que era
a dor de todas as ruas vazias
e há também quem diga
que te perderei algures
numa dessas ruas
em que já não passa ninguém
senão eu
ao dobrar uma esquina
qualquer coisa podia acontecer
se apenas um vento breve soprasse
se ao menos um vento brando soprasse
e qualquer coisa acontecesse
mas as esquinas estão cheias
de acidentes imprevisíveis
uma pedra desajeitada
um cão abandonado
um transeunte apressado
e aquele que caminha
de olhos pregados no chão
inadvertidamente inevitavelmente
tropeça
cai
afoga-se
porque de nenhum lugar emergem
braços salvadores estendidos
para a respiração boca a boca
inesperadamente -
a noite é um poço.
(subitamente -
o corpo é um túmulo)
Etiquetas: morto amado nunca mais pára de morrer, poemas
posted by saturnine | 11:55 |
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4 Comentários:
cortas assim a respiração a uma polva, ai ai.
;)*
gostava de ter poemas assim no dobrar das esquinas.
es bonita.un viento blando está bien
queridos. :)
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