a máquina do amor sagrado e profano ♥ ou como se passa de um aborrecimento total a uma queda de joelhos, dorida, penitenciosa, apaixonada: já tinha previsto que se morresse de amores, a "My body is a cage" seria o ponto de entrada do veneno. todo o enamoramento implica uma tomada de surpresa, uma queda inesperada - de certa forma só se cai se nos falha de súbito o chão, ora portanto se somos apanhados à traição - razão pela qual não há enamoramentos (só execuções) com data marcada. o destino é certo, mas imprevisto. de nada me adiantou a certeza de que o enamoramento viria: era preciso uma epifania. porque sou dada a experiências religiosas através da música. todas elas seguramente profanas e danadas, mas não por isso menos elevadas. uma destas noites, sozinha no quarto onde aquele velho canto escuro que tudo sabe me olhava, em acutilante silêncio, precisei de um fôlego, uma tentativa de sorver o ar à superfície, asfixiada que estava por um beijo que quase me matou ♥ ♥. seguindo a tipologia do animal ferido, mantive-me imóvel, de peito escangalhado, o máximo de tempo possível. o que doía, doía muito. dei por mim a pensar: my body is a cage. então arrisquei: hoje é uma noite incendiária, o coração estará preparado para Arcade Fire. já estava lá tudo antes, eu é que não havia chegado. a máquina pôs-se em funcionamento para que eu visse. agora, em cada canção, uma epopeia.
1 Comentários:
ato sexual essa música, quando acaba e estou em publico me sinto como se com as calças na mão
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