contar, degrau a degrau, cada passo de uma escalada, inflamando a ansiedade, é ofício exaustivamente ponderado, abraçado não sem cautelas e receios silenciados.
para quê a consciência do caminho, se a cada passo aumentam - infinitamente - os passos para dar? para subtrair, dentímetro a centímetro, o peso ao empecilho da distância:
hoje estou mais perto de chegar ao fim do mundo.eu tenho planos para dominar o mundo. primeiro, constrói-se um exército em segredo. depois, avança-se lentamente com o beneplácito das sombras com as tropas pelo território inimigo. àquele que não dorme compensa ter o benefício dos livros, e o bicho escala-estantes tem uma arma secreta com a qual combate, a cada dia, o desmoronamento da noite. no cimo da estante, Ítaca. uma Ítaca. e este é um ofício de Penélope,
desfazendo durante a noite o seu caminho. ele conhece bem e domina o ofício da espera, que ainda assim o come, devora, abosrve como uma esponja carnívora, a partir de dentro, a partir do esterno. contra o que dói, as lombadas com letras coloridas. mas um bicho já não espera inutilmente. (
eu prefiro o amor dos livros ao amor dos homens.) tinhas razão, José Miguel Silva:
Ulisses já não mora aqui.
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