sou uma pessoa de velhos hábitos. resisto às mudanças. mantenho-me com as mesmas músicas, os mesmos sabores de gelado, os mesmos livros preferidos, as mesmas pessoas. até os fantasmas. ando sempre de mão dada com os velhos demónios. a familiaridade é um conforto. e é também um dedo permanentemente apertado sobre um botão que dói. dói sem intermitência, até que pelo hábito deixa de doer. eu moro numa casa ao pé da linha dos comboios. e é verdade que eu já não ouço os comboios. e quando chego a uma música, umas frases assim, acontece que não consigo ir para outro lado qualquer. o mundo acontece todo em simultâneo dentro de uns versos. era para falar mais um pouco da Aimee Mann, mas num dia povoado pela morte quem me assalta a memória é a Sophia. de Mello Breyner, pois claro:
«Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem.»Etiquetas: afirmações identitárias, Aimee Mann, poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen
2 Comentários:
compreendo bem essa recusa em procurar circuitos alternativos.
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são tantas as vezes que Sophia traduz o coração
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muito bonito.
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