:: da perigosa arrogância e a morte da tragédia ::
A Origem da Tragédia | Nietzsche
Eurípedes, como poeta, procurava tornar o espectáculo da tragédia inteligível para o espectador, para lhe facilitar a compreensão do drama. e poderia quase considerar-se isto uma vantajosa conquista, relativamente à densa e insondável profundidade do enredo da tragédia ao estilo de Ésquilo, não fosse a presença da perigosa arrogância: dessa que surge disfarçada de complacência, e que é a pior de todas as espécies de arrogância, porque não se assume como tal, tendo por base um sentimento de superioridade em relação ao seu semelhante também ele mascarado de benevolência e paternalismo. é preciso fugir dessa espécie de arrogância, desses que se abeiram do ignorante e lhe dizem 'coitadinho, deixa-me iluminar-te o espírito'.
a natural superioridade que o artista que cria possa sentir em relação ao seu menos dotado espectador não deve jamais ser exercida sobre a forma de uma caridadezinha que procura destituir a linguagem artística da sua essência para a tornar acessível ao número. nem o artista deve constranger-se perante essa forma de superioridade. ou não fosse a falsa modéstia o primeiro sinal da perigosa arrogância.
foi por esta mão que começou a morrer, de morte súbita e violenta, a tragédia grega original.
Etiquetas: filosofia e metafísica quotidiana, mitologias, o existencialismo é um humanismo
posted by saturnine | 14:11 |
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