:: varandas ::
Edward Hopper | Second story sunlight
É na varanda que os poemas emergem
Quando se azula o rio e brilha
O verde-escuro do cipreste — quando
Sobre as águas se recorta a branca escultura
Quasi oriental quasi marinha
Da torre aérea e branca
E a manhã toda aberta
Se torna irisada e divina
E sobre a página do caderno o poema se alinha
Noutra varanda assim num Setembro de outrora
Que em mil estátuas e roo azul se prolongava
Amei a ida como coisa sagrada
E a juventude me foi eternidade
Sophia de Mello Breyner Andresen
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porque a varanda é o lugar privilegiado do sol
é onde a sombra se forma em colunas negras
e onde o silêncio — rente à penumbra fina —
transpira o hálito azul o rumor das manhãs
ou o tom nocturno das praias distantes
a medida justa das coisas
a claridade precisa da poesia.
Etiquetas: angularidades, grandes amores, matéria solar, pintura, poemas, poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen
posted by saturnine | 13:59 |
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