duas mulheres
Camille Claudel
'Sakountala' ou 'O abandono'
o paralelo, aparentemente inexistente, traço-o no entendimento dos percursos singulares em que a arte seguiu os caminhos da paixão, cujas fronteiras não negam o contacto com a loucura. Claudel é o rosto do espírito atormentado, que se consome na voracidade do fogo que brota do interior de si próprio; a História arrumou-a injustamente para a sombra de Rodin, quando na verdade ela o terá superado em génio, coragem e expressão. a sua obra constitui-se como uma espécie de ficção autobiográfica, produzindo uma visão romântica da criação que acentua a imagem da artista em constante duelo - entre o lirismo da sua sensibilidade feminina e o drama da trágica aproximação da arte à vida. *
Louise Bourgeois | foto de Robert Mapplethorpe
'Arch of Hysteria'
Bourgeois é o rosto do espírito assombrado, como um quarto povoado de demónios, que a arte deve encarregar-se de exorcizar. o indivíduo circula num labirinto cingido pelas marcas sucessivas da dor - e não é possível suprimir a dor, uma vez instalada, porque ela é indestrutível como a pedra; a escultura para Bourgeois não se propõe fazer uma tentativa de resgate ao sofrimento, mas antes produzir uma resposta a essa sofrimento, explorar o seu conteúdo, proporcionar o alívio do grito, do adormecimento. e também aqui é tão evidente como perturbadora a presença de uma aguda sensibilidade feminina. **
* ver A paixão de Camille Claudel | Anne Delbée
** ver He disappeared into complete silence | Louise Bourgeois
Etiquetas: (des)considerações sobre arte, Camille Claudel, grandes amores, Louise Bourgeois
posted by saturnine | 14:48 |
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