«Eu só queria ver de que material era feito o teu amor por mim. Precisava de escangalhar o teu coração para o fazer encaixar no meu. E agora tenho que o desencaixar outra vez para sair deste limbo. Mas não sei como. Sem o teu coração não consigo amar - não me abandones outra vez. (...)»
creio que abusamos das palavras - lidas, pensadas, escritas - numa tentativa semelhante, de nos escangalharmos para ver se encaixamos uns nos outros, para perceber de que matéria afinal somos feitos. sendo que de nada serve então falar muito sobre o assunto - que o inexorável silêncio dos dias permanece apesar de tudo assim, inexorável - o que nos resta mesmo são os livros como companhia. aconchegamo-nos neles como na divisão de uma casa familiar há muito perdida e subitamente reencontrada. vivemos uma vida mais íntima e verdadeira dentro deles. mas quanta presunção em ousar um 'vivemos'. seria bem melhor que dissesse 'vivo'. mas não gosto de me imaginar sozinha nesta penumbra que resiste à luz acesa: a noção de um chão apenas tão sólido quanto a densidade dos nossos sonhos.
Etiquetas: escrever, morto amado nunca mais pára de morrer, os livros
posted by saturnine | 23:28 |
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial