Domingo, Junho 30, 2002
não farei mais nada até as cicatrizes sararem. sorrirei. sei que não vais voltar. ninguém volta. se vieres, virás de novo. e eu amar-te-ei de novo, como pela primeira vez. pura. acordaremos dentro de dias lindos. somos um só corpo. o corpo em luz, debaixo de árvores que entrelaçam os corpos. a minha casa és tu. e é assim que me levarás a casa à rua onde eu estiver - quando vieres ter comigo, quando for ter contigo, quando nos encontrarmos pela primeira vez, numa rua azul-escura de um cinzento azulado nébula. afundo-me no círculo negro dos teus olhos, estaremos sós e com o mundo inteiro.
o problema disto tudo é a atroz coincidência do espaço e do tempo, as mesmas palavras que eu escrevo, no mesmo dia em que me quebram - apenas um ano desfazadas. somos todos iguais. todos procuramos aqui a forma para um grito amarfanhado: lá fora, gritamos todos para dentro. aqui grita-se para uma multidão anónima, em cujo interior se passeiam as mesmas sombras doridas, ávida destas laços precários que se formam na milagrosa arbitrariedade de nos encontrarmos, de sabermos que não estamos sós, mesmo apesar de o vazio ser tão incontornável como inexorável em redor.
Etiquetas: início, morto amado nunca mais pára de morrer
posted by saturnine | 13:47 |
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