One Hopper a day keeps the doctor away #2
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Edward Hopper | Burly Cobb's House, South Truro
«Tirou as trancas de um portão, seguiu por um trilho ao longo de um esburacado muro da pastagem e avançou até ao cimo do monte onde um maciço de larícios sacudia ao vento os seus pendões viçosos. Aí, deitou-se no declive, atirou o chapéu e escondeu a cara na erva.
Sabia muito confusamente que era cega e insensível em relação a muitas coisas, mas cada gota do seu sangue reagia a tudo o que fosse luz e ar, perfume e cor. Amava a aspereza da erva seca da montanha sob as palmas das mãos, o odor do tomilho que esmagava com o rosto, o dedilhar do vento nos cabelos, o vento a trespassar-lhe a blusa de verão e o ranger dos larícios que com ele oscilavam. (...)
Geralmente, em tais momentos, não pensava em coisa alguma, mas ficava deitada, imersa num bem-estar inexprimível.»
Verão, Edith Wharton
Relógio d'Água, 2003
Etiquetas: Edward Hopper, matéria solar, os livros, pintura, verão
posted by saturnine | 13:52 |
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2 Comentários:
Continuo a bater à porta deste "doctor".
é, os seus remédios são extremamente eficientes. :) então num dia cinzento como hoje, parece que a luz é reparadora...
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