April was the cruellest month #4
John William Waterhouse | Ophelia
Depois regressei, como quem acorda de súbito, ou o mundo regressou, claro, como sempre fazem as coisas seguindo a sua ordem, voltando ao normal. Mas algo de mim ficou preso naquela tarde e já não regressou juntamente com o resto. Depois desse dia, li muitas vezes os poemas preciosos de Rui Pires Cabral, mas não li mais uma única página que fosse de Mrs. Dalloway, até hoje (ou até há dois dias, quando escrevi este texto, mas o Blogger estava avariado). Cinco anos depois, em plena idade balzaquiana, também Abril se tornou um demónio domesticado.
O ano passado reconciliei-me com a Câmpanula de Vidro, de Sylvia Plath, o livro mais assombrado da minha vida. Mrs. Dalloway é o segundo. Estes dias, peguei-lhe novamente, com renovada confiança, em toda a graça dos meus trinta anos, e a leitura está livre do estigma do castigo. Abril não é mais o mês asfixiante das mortes entre as flores. Agora já pode ser só o mês próprio para a Ana Teresa Pereira.
Etiquetas: april was the cruellest month, fruto saturnino (conhecimento do inferno), o ponto de vista dos demónios, os livros
posted by saturnine | 13:19 |
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