where the wild things are
quase não tenho palavras para explicar a adoração que sinto pela pequenina história de Maurice Sendak, que se transformou já no meu filme do ano (se calhar por alguns anos). há poucas coisas tão dolorosas como o dedo sobre a ferida da infância, e qualquer pessoa que já tenha consultado o psicanalista deve sabê-lo.
e como ter um dedo que carrega lenta mas insistentemente sobre um lugar que dói não mata, mas mói, saí do cinema incapaz de falar, lavada em lágrimas. os monstros - que não são monstros, mas uma coisa bem diferente, wild things, que se perdeu na tradução - olham-nos secretamente como memórias de algo remoto, que conhecemos bem. são ferozes, mas fofinhos, agressivos, mas amorosos. têm tantos conflitos interiores que são até demasiado humanos. uma coisa excepcional, que me deixou reduzida a um silêncio cuja natureza não é possível descrever.
a comoção surgiu como numa erupção, com a força de uma torrente de lava, sem explicação. a empatia gerada por um Carol rufião, que tem algo de Tony Soprano, desconcertou-me. literalmente. preciso de qualquer coisa que me concerte outra vez. porque não parece de bom tom andar por aí a chorar, tendo que trabalhar e fazer coisas de gente grande e ter que responder, se me perguntam, que "foi uma coisa selvagem de uma história que me fez lembrar das dores de crescimento".
Etiquetas: a infância, filmes, grandes amores
posted by saturnine | 19:52 |
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2 Comentários:
:)
gostei, gostei !!!
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