O Desenho no Tapete #1
quando resgatei O Desenho no Tapete de Henry James na primeira visita à Feira do Livro, fi-lo com a urgência de um reconhecimento, ainda que não soubesse situar de imediato a substância da sua familiaridade. fui lá por pressentimento, convicta de que acertara em qualquer coisa, ainda que não soubesse o quê. não sabia, acima de tudo, que a mais fina ironia se revelaria rapidamente (é uma novela curtinha, lê-se em pouco tempo), como se revela simples o complexo padrão desenhado num tapete persa quando se olha com atenção.
absorvente e inquietante quanto baste, trata da própria matéria dos livros, da natureza das histórias, dos segredos dos escritores mal compreendidos pelo seu tempo. termina angustiantemente sem uma resolução: nenhum segredo é revelado; sabemos que o desenho no tapete existe, mas não conhecemos a sua configuração.
passados um ou dois dias, encontro a referência à novela num livro de Ana Teresa Pereira. ela, que quase sempre nos fala, ainda que implicitamente, desse acto mágico criador que é o do escritor que inventa as suas personagens, animando-as com um sopro que é o da sua própria vida, e em cujos livros se encontra invariavelmente presente uma teia de histórias subjacente à história em primeiro plano, evoca o desenho no tapete. foi, portanto, um reconhecimento a priori, projectado para o futuro. isto está assim quase quase quase naquele limiarzinho de tornar-se uma obsessão. o que vale é que acabei de entrar de férias.
Etiquetas: Ana Teresa Pereira, isto anda tudo ligado, os livros
posted by saturnine | 22:45 |
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial