uma vez disse que uma das coisas que mais gostava era de ir à Madeira e encontrar Ana Teresa Pereira, para lhe poder falar e perceber de que lugar subterrâneo, profundo, emergem os seus livros. logo de seguida disse que não, que não queria quebrar a bolha do encanto, do mistério, que é a opção de recolhimento da autora. não querer, tanto quanto se quer, desvender os segredos das inúmeras alegorias que povoam os livros. o grande problema é que, à medida que as histórias se sucedem e interligam, se vai acrescentando mais uma peça no puzzle. não se trata tanto de distinguir o real da ficção (até porque há aquela velha questão de a vida imitar a arte), mas de perceber que se é mesmo feito da matéria dos livros, das histórias, das memórias. Gabriel Byrne é um actor de carne e osso, e pode ser o rosto do personagem que Ana Teresa Pereira reinventa há mais de 15 anos. lembro-me dele como Satanás em
"The End of Days". faz todo o sentido. para encarnar um anjo caído, um homem que é um deus e um demónio, um monstro do princípio dos tempos, só poderia ser um homem assim, com um rosto antigo, endurecido, marcado, com algo de obscuro. a vida é um labirinto, e todo o nosso tempo deveria ser dedicado a conhecê-lo. o trabalho arruina a melhor substância de tudo.
Etiquetas: Ana Teresa Pereira, grandes amores, isto anda tudo ligado, os livros
2 Comentários:
Saturnine,
Já não me lembro quando aqui caí. Hoje aconteceu outra vez e valeu a pena. Casa estranha a tua, ou talvez não; é que o casamento da inteligência e de uma certa loucura e coisa de menos em menos vista.
Beijo ou abraço não faço ideia, deixo ambos.
Gotik Raal
que palavras simpáticas, Gotik. :) espero ver-te aterrar por cá de vez em quando.
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