sometimes the story of my life comes crashing on my head again #2
há 13 anos, este disco fazia todo o sentido. era uma adolescente plenamente dentro do arquétipo, as cliché as it gets. roupa escura, Doc Martens nos pés, olhos com sombras pretas para disfarçar outras sombras pretas por trás, a angústia da inadaptação generalizada, a fé incondicional nos Doors, na Janis Joplin e nos Nirvana. era o tempo de preparar terreno para a queda urbano-depresiva que se avizinhava, com a descoberta dos Joy Division - ainda hoje, o verso just watching the trees and the leaves as they fall [The Eternal] parece-me a coisa mais brutalmente triste que já ouvi. nessa altura era a Creep dos Radiohead a música da minha vida, emblema que era do quão miserável era a existência quando não se tem qualquer noção de lugar. a chegada de um disco com o nome Mellon Collie and The Infinite Sadness era como uma Anunciação, toda eu desejava ardentemente um disco que justificasse por inteiro a minha tristeza sem fim e sem rumo. mas depois da parvoíce da tristeza sem fim (na altura só conhecia o estado vulgarmente desginado como o estar na merda, não estava ainda familiarizada com essoutro, vindouro, do rock bottom, fifty feet of crap, and then me), quem é que não gostaria de procurar a salvação numa canção?
That youre not stuck in vain
Tonight, Tonight
os Smashing Pumpkins traziam-nos a promessa fácil de que havia qualquer coisa a que agarrarmo-nos, embora nunca tenhamos sabido muito bem o que era. o que importava era saber que o inferno da adolescência passaria, que não estaríamos perdidos para sempre, que a vida um dia haveria de dar um salto e haveríamos de crescer e ser coisas diferentes e melhores. eu, a quem a adolescência claramente ainda não passou, que ainda espero que uma canção salve a minha vida, vejo-me como um bichinho numa concha, a olhar o mundo, à espera que algo aconteça. e acontece, quando um bicho semelhante nos olha de súbito do interior de outra concha e, inesperadamente, nos reconhecemos iguais. havia uma canção dos Eels para isto:
and wonder how they didn't see
Spunky
não sei, mas isto soa-me qualquer coisa a promessa cumprida. não era, portanto, em vão o lamaçal e o degredo de tanto anos a que penosamente sobrevivemos. estás aí, mundo? estás finalmente a ver-me?
© www.garfield.com
Etiquetas: a minha vida dava um post, filosofia e metafísica quotidiana, fruto saturnino (conhecimento do inferno), grandes amores, this magic moment
posted by saturnine | 00:38 |
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3 Comentários:
esse albúm, na altura, trouxe sentido à minha vida.... e sabe bem, 13 anos depois, saber que, afinal, não estava "sozinho" :)
we were sure wed never see an end to it all, and I don't even care to shake these zipper blues, and we dont know just where our bones will rest. to dust I guess, forgotten and absorbed into the earth below...
e tinham pérolas mais lindas :)
já dizia o David Bowie, Pedro... Oh no you're not alone. :)
tinham, sim, tóxica. lembro-me de reparar justamente nessas linhas quando andava a cogitar neste post. :)
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