A thing of beauty is a joy forever #6
gosto de como a lentidão da Fiona Apple parece um perpétuo exercício de arranque, de tentativa de movimento, que está sempre quase quase a começar, mas não chega verdadeiramente a ser; gosto de como parece que ela não tem força para cuspir o que tem a cuspir - e depois, subitamente, estou de queixo no chão; a moça derrubou-me de mansinho, mas para K.O.
por outro lado, gosto de como a Erykah Badu come as palavras como se as derretesse na boca e as transformasse numa substância viscosa como o melaço, e não as termina nunca, as palavras ficam sempre a meio, as consoantes soam sempre a algo vagamente liquefeito; gosto de como essa melosidade envolve e acaricia, sensualíssima - e depois, subitamente, estou a deitar-me no chão, é como se a terra estivesse quente e chamasse e uma voz soprasse sobre mim como um corpo demasiado próximo.
a lentidão é coisa do bem. já dizia o outro, a espera pelo prazer é em si mesma um prazer.
posted by saturnine | 01:56 |
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