não mais direi que ninguém me compreende. o George Steiner compreende-me. e o Michel Crépu, por arrasto, também. li de um só fôlego
"O Silêncio dos Livros" seguido de
"Esse Vício ainda impune". considerações filosóficas e/ou sociológicas à parte, sublinho isto: o silêncio dos livros como renúncia secreta, fuga para o interior, um vício (prazer?) por enquanto socialmente impune. eu preciso da fuga e do silêncio. preciso de fugir da gente, de não fazer conversa de chacha, de não conversar sobre o tempo, de não ouvir histórias que não me interessam, de não perder tempo com convívio que nada me diz, em suma, de não ter que ser arrancada à força do silêncio são em que me encontro emersa para ouvir o burburinho ruidoso das insignificâncias que passam (toda a gente é o
besouro insolente do Kundera). foda-se, um pouco de misantropia, por favor. que é como quem diz: se estou a ler, caralhos vos fodam, deixem-me em paz, que suspendi o mundo em meu redor.
Etiquetas: filosofia e metafísica quotidiana, greves renúncias e outras rebeliões, os livros
6 Comentários:
haverá mais quem te compreenda
será uma fuga para o interior se os livros forem escritos por nós, sobre nós, mas que dizer de um livro que nos transporta para lugares desconhecidos, que nos faz conhecer pessoas tão diferentes de nós mesmos (mesmo que por vezes, quando menos se espera, se tornem demasiado próximas)?... e é por isso que se impõe o silêncio, um silêncio que nos permita entrar num mundo tão exterior a nós, mais exterior ainda do que o que nos rodeia, mesmo que às vezes se aproxime tanto quanto seja possível.
(adoro ler as tuas palavras, saturnine)
adriano, é isso que nos vale. :)
diana, eu considero fuga para o interior qualquer mergulho num livro que me envolva e cative. de um modo geral, mesmo que o livro não apaixone, mesmo que me transporte a lugares desconhecidos, a fuga é sempre para o silêncio interior: para dentro da minha cabeça, portanto.
são apenas meras perspectivas sobre os conceitos de interior/exterior, no fundo para ir dar ao mesmo. obrigada. :)
Percebo agora melhor o teu ponto de vista e não podia estar mais de acordo.
Assim é de facto, quando leio vou recriando, no meu interior, imagens (com som, luz, cor, odor, movimento, textura, temperatura, sabor, ...), sentimentos, ideias, ... deixando-me guiar por palavras que me são alheias, vindas do mundo exterior, mas usando como matéria prima as minhas próprias memórias.
(o circuito dos pássaros está perfeito.)
é isso mesmo, Diana. :) e às vezes sentir que é melhor esse mundo recriado dentro da própria cabeça do que este cá fora, que nos rodeia. daí às vezes ser tão complicado abandonar a leitura, ser chamado ao real.
(outra vez... obrigada.)
eu é que tenho de agradecer. :)
o teu blog é um lugar muito especial.
(obrigada)
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