on being the woman who could not live with her faulty heart
há uma certa ordem subjacente a todas as coisas, incluindo ao caos de uma vida, tudo espera o momento para se revelar e em cada revelação, ao olho atento, se mostram as intricadas ramificações de ligações que atribuem significância ao universo em redor. há uma luta corpo-a-corpo, de dentro para fora e de fora para dentro, de um corpo consigo próprio. uma sucessão truculenta de mútuos ataques, investidas, atraiçoamentos, reconciliações. em pano de fundo, existe a morte, muda, silenciosa, impenetrável, mediadora: é, pois, uma luta até à morte.
este é o meu objecto de estudo (e a Margaret Atwood enuncia-o). para efeitos de elucubração neste post, nomeio-me primeira cientista das poéticas corporais.
o que eu não sabia, então, é que há poemas que têm duas cabeças* e eu tinha ainda uma para descobrir. finalmente, chegou-me isto pelo correio:
e assim, eu, que não consigo viver com o meu coração defeituoso, constato:
It wasn't your crippled rhythm
I could not forgive, or your dark red
skinless head of a vulture.
but the things you hid:
five words and my lost
gold ring, the fine blue cup
you said was broken
that stack of faces, gray
and folded, you claimed
we'd both forgotten,
the other hearts you ate,
and all that discarded time you hid
from me, saying it never happened.
There was that, and the way
you would not be captured,
sly featherless bird, fat raptor
singing your raucous punctured song
with your talons and your greedy eye
lurking high in the molten sunset
sky behind my left cloth breast
to pounce on strangers.
How many times have I told you:
The civilized world is a zoo,
not a jungle, stay in your cage.
And then the shouts
of blood, the rage as you threw yourself
against my ribs.
As for me, I would have strangled you
gladly with both hands,
squeezed you closed, also
your yelps of joy.
Life goes more smoothly without a heart,
without that shiftless emblem,
that flyblown lion, magpie, cannibal
eagle, scorpion with its metallic tricks
of hate, that vulgar magic,
that organ the size and color
of a scalded rat,
that singed phoenix.
But you've shoved me this far,
old pump, and we're hooked
together like conspirators, which
we are, and just as distrustful.
We know that, barring accidents,
one of us will finally
betray the other; when that happens,
it's me for the urn, you for the jar.
Until then, it's an uneasy truce,
and honor between criminals.
Margaret Atwood in *Two-Headed Poems
Etiquetas: exercícios de anatomia, Margaret Atwood, os livros, poesia, the woman who could not live with her faulty heart
posted by saturnine | 23:54 |
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3 Comentários:
esse livro é deslumbrante.
:)
e n poderia haver melhor inspiração!
está linda toda esta mudança.
Beijinhos de uma visitante habitual, ainda q parca em comentários :)*
há muito tempo que o queria, só agora me fiz a ele.
beijos para vocês. :)
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