agarrado às estantes, o coração preso na boca, as pontas dos dedos em sangue, as unhas a estalar como escamas velhas. um vago murmúrio nesse lugar escuro de onde se avista o fim do mundo. ainda há homens, deste lado de cá. chuva, vento na noite, memórias inventadas de pássaros. foge dos homens, corre para os homens. mergulha no tecido impreciso das histórias, reconhece o tempo pelo cheiro dos livros. há alguma poesia aqui, escondida entre o pó das prateleiras. uma lombada escura lhe sussurra:
o meu coração é árabe. dói-lhe a ferida geral do seu corpo vivo, desce, regressa, conta mentalmente o som dos seus passos. doem-lhe as mãos, precisa de umas novas mãos, de um novo coração, este está prestes a ser cuspido boca fora. no exterior, há a luz. excessiva, artificial. e as pessoas: ideal um mundo onde as pessoas existissem, mas sem que precisássemos de as ver.
Etiquetas: bicho escala-estantes, livro de reclamações
5 Comentários:
'um novo coração, este está prestes a ser cuspido boca fora'
isto e o título salva-vidas ali em baixo, coisas lindas lindas.
:)*
aquela luz é excessiva, sim.
*
esse homem existe. apeteceu-me estar lá, de mãos abertas, para lhe amparar o coração.
meninas. :) abraços.
repetindo-me em desejos pretéritos:
bons centrinhos, s.
(anda bom, isto aqui)
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial