I'm among the missing sons and daughters of the Soho riots
os meus demónios interiores
falei-lhes com franqueza
dos meus piores temores
tratei-os com carinho
pus jarra de flores
abri o melhor vinho
trouxe amêndoas e licores
chamei-os pelo nome
quebrei a etiqueta
matei-lhes a sede e a fome
dei-lhes cabo da dieta
conheci bem cada um
pus de lado toda a farsa
abri a minha alma
como se fosse um comparsa
E no fim, já bem bebidos
demos abraços fraternos
saíram de mansinho
aos primeiros alvores
de copos bem erguidos
brindámos aos infernos
fizeram-se ao caminho
sem mágoas nem rancores
Adeus, foi um prazer!
disseram a cantar
mantém a mesa posta
porque havemos de voltar
Carlos Tê | Jorge Palma
mas dizia eu, escrever anos a fio porque as palavras unificam e os sentimentos atrasam *, partilhar uma intimidade cúmplice com estranhos e desconhecidos reconhecidos em nome da comoção, e perceber que havia uma só pessoa - umazinha - que gostaríamos que talvez, por um breve momento, se comovesse. mas não. eu poderia ser uma canção de The National. mas sou apenas translúcida. se ao menos eu pudesse honestamente desejar que me partissem os dois braços à volta daquele que amo. mas não. sou só (mais) uma entre filhos e filhas destroçados em terra de ninguém.
* Antonin Artaud
Etiquetas: escrever, o ponto de vista dos demónios, The National
posted by saturnine | 11:50 |
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