este ano baldei-me completamente ao natal. não entrei, de todo, no espírito. não comprei prendas para ninguém (ok, comprei uma só, que já ofereci, que teria comprado de qualquer modo, ainda que a ocasião fosse de equinócio), não escrevi postais a ninguém, não enviei sms a ninguém. nem tenciono fazê-lo. só quero que acabe tudo depressa. sinto falta de pessoas que estão longe. nada supera isso. nenhuma prenda substitui isso, mesmo que eu quisesse muito o DVD do Duarte & Companhia. eu já não vou à questão das pessoas a passar fome pelo mundo fora. vou simplesmente à hipocrisia do "é preciso tão pouco para fazer as pessoas felizes" - que ainda assim parece que custa muito, já que só ocorre em alturas assinaladas no calendário. é curioso como, quando temos a oportunidade nas mãos para fazer esse tão pouco para fazer alguém feliz, não estamos para isso. as pessoas estão cá todos os dias. e as pessoas que eu amo e de quem sinto falta fazem-me falta todos os dias.
este ano mais do que nunca, às poucas vezes em que me perguntaram "o que gostarias que te oferecesse?" só me ocorria responder que o que eu quero não se compra nem se oferece. mesmo apesar daquela cena do Duarte & Companhia. recebi hoje uma sms amorosa queriducha natalícia sobre a qual tive vontade de vomitar. uma pessoa que deixou de responder às minhas mensagens há mais de um ano, agora lembra-se subitamente de desejar-me que seja feliz. mas deve ser só por este dia, claro, não estejamos cá com confusões, porque nos próximos 364 dias é perfeitamente cagativo se existo ou deixo de existir. o que me fode o juízo é saber que se veio esta hoje, amanhã deve vir outra ainda pior. amanhã vem a sms formatada igual para 30 pessoas a dizer o quão especiais somos. e eu não gosto destas merdas, eu não gosto que me tomem por parva e que me queiram convencer que as pessoas são especiais um dia por ano. sinto-me magoada com isto. antes me ignorassem. eu sei reconhecer o meu valor no silêncio. por vezes interrogo-me se as pessoas duvidarão do quanto gosto delas por não me manifestar. mas não, não pode ser. há toda a história continuada dos gestos e dos afectos. eu não preciso da merda deste dia.
estou aqui. e adoro-vos. e sei que vocês também estão aí, independentemente de. eu só queria mesmo um lugar onde pousar a cabeça.
Etiquetas: celebrações, greves renúncias e outras rebeliões
posted by saturnine | 01:24 |
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