é verdade que me custa o fim do verão, como me custa tudo o que morre*, mal algo profundamente belo aguarda silencioso para lá das promessas desmembradas neste setembro que dói. sou um ser do outono, e inquieto-me na antecipação das árvores, da terra, do primeiro vento. gosto da chuva, na sua descoloada melancolia. falam-me de mim as ruas molhadas e os passos cautelosos sobre as folhas caídas, os cabelos sobre o pescoço escondendo a memória do frio. comovo-me na proximidade dos dias curtos, como se houvesse alguma felicidade na perda de horas de vida. estou pronta para o círculo gigantesco das noites longas. que venha o outono e me arraque à tortura deste verão emparedado. que venha a chuva que me faça esquecer a sede.
por agora, um restolho, um gesto morno por dentro do peito, é quase tempo para o Nightmare Before Christmas, para as tardes a esculpir Jack'O'Lanterns, para as castanhas assadas, para o casaco comprido de fazenda, para as camisolas e cahcecóis de lã, para os sapatos vermelhos de estampagem oriental, para os gatos enroscados em redor do lume, para o aconchego da casa, interior como a saudade.
© Tim Burton
Nightmare Before Christmas, 1993
© Miguel Rio Branco
PORTUGAL mission, 2004
© lbs | 2003
Etiquetas: afirmações identitárias, fruto saturnino (conhecimento do inferno), grandes amores, Tim Burton
posted by saturnine | 16:30 |
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