«Eis o final da minha caminhada: estou na prisão!(...) Eis o meu porto de abrigo para muitos e longos anos, o meu canto, onde entro com esta sensação dolorosa de desconfiança... Mas quem sabe? Quando tiver de o abandonar, daqui a muitos anos, talvez sinta saudades dele!, acrescentava eu, com resquícios daquela sensação malévola que, às vezes, chega até à necessidade de avivar propositadamente uma chaga, como querendo admirar a dor, como se na consciência da enormidade do infortúnio houvesse realmente algum prazer.»
* * *
«(...) surpreendia o suspiro fundo de alguém, um suspiro com o peito todo, como se quisesse sorver aquele ar longínquo e livre, e aliviar com ele a alma oprimida e agrilhoada.»
Cadernos da Casa Morta | Dostoievski
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na prisão, um homem fica face a face com a nudez da sua própria condição. a impossibilidade de um momento só para si, a necessidade de compreender para adaptar-se, tudo o leva a olhar os outros com ávida atenção, a atribuir suma relevância às mais pequenas coisas, porque no exílio outras não há, e onde menos esperava descobre as raízes da sua própria natureza.
posted by saturnine | 01:15 |
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