não é que seja impossível a distância e o silêncio, é que a casa está repleta de cheiros conhecidos, insuportáveis, parece que afinal o verão tem sempre o mesmo cheiro. não é que eu não saiba como é fatal este mergulho, como é agonizante a escrita, mas é que a casa está vazia e eu caminho dentro dela como um fantasma, sem saber o que fazer de mim. tudo tem a marca da tua presença - especialmente os lugares a que não voltarei. a roupa ainda arrumada em sacos, os livros, os CD's, todas as coisas de que não quero saber, as malas ainda por desmanchar, muitos rituais ainda por cumprir. é a certeza de que ainda não aprendi a perder-te, só aprendi que os objectos de afecto, afinal, também morrem connosco.
* Antonin Artaud
posted by saturnine | 09:50 |
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