conheço este ofício há anos. por isso me dói o sol sobre a pedra, o medo todo em volta, a mim que já não me sustentam nem amedrontam as imagens de longos corredores vazios. o horror abandonou-me, levando de mim o que lhe era devido, não deixando senão a memória de um buraco no peito que sempre transporto, de que às vezes me esqueço, é certo. mas tenho uma ferida que nunca há-de sarar, é verdade, e para sempre uma mágoa que transforma o verão num lugar triste. estou cansada destes passos, e não posso mais chorar-te ao longo das paredes deste abismo. não quero saber do deserto, nem dos livros. quero uma medida justa pela manhã, o nó desatado na garganta. é com violência que percebo o mundo subitamente desajustado, que mundo é este, que eu não queria ver?
Etiquetas: fruta esquisita menina aflita, o exílio e o reino, parágrafos mínimos
posted by saturnine | 20:56 |
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