desdigo tudo o que disse. a aparente falta de movimento ou agitação que descrevi é no fundo o torpor da dor aguda. se me mexo, a ferida lateja. há, afinal, a angústia e a raiva e a fúria se me lembro de tudo o que morre. no fundo, na sua negação, acabei por chegar a uma epifania: escrever é um acto anestésico. se não pressinto o desespero é porque as palavras ocupam o lugar da tua memória com divagações que afastam a única coisa que é certa, incontornável, irremediável: a falta que me fazes. não há motivos para o teres partido, há só esta imensa e insuportável falta que me fazes. a tristeza, se me lembro. quando escrevo, corro em fuga, e o bafo da loucura sopra quente atrás de mim.
posted by saturnine | 21:53 |
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