«ao menos há que reconhecer que ele impunha respeito.» era de Salazar que falavam, duas velhotas sentadas num banco da estação. e eu interrogo-me, com escândalo, que género de respeito seria esse, imposto pela tirania e pelo medo, que género de ordem será essa que se gera na falsidade do pensamento abafado num mutismo obscurantista, na escolha do silêncio pelo receio da perseguição, na desconfiança atroz do desconhecido que se senta casualmente ao nosso lado. penso sempre que é inconcebível o saudosismo de um mundo assim, sempre acreditei - ingenuamente - que seria impensável a saudade dessa violência ideológica. parece quase que caí de súbito do Éden e descubro, com escândalo, que afinal é possível que não tenha havido consciência da opressão, e como tal, não haja igualmente consciência da liberdade.
e o escândalo roça o nojo, neste banco de estação, pela conveniência de um
«Que Deus me perdoe!» antes de, sem vergonha nem pudor, dizerem as maiores barbaridades. como se isso bastasse para redimir os nossos pecados, apelar a que
Deus Nosso Senhor nos perdoe, para depois podermos sem problemas de consciência prosseguir na confortável hipocrisia da tacanhez. o espírito humano é capaz de atrocidades inimagináveis.
Etiquetas: livro de reclamações
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial