ORIENTAÇÃO: domingo de Páscoa
No ribeiro quase seco
uma árvore
atormenta a minha alma
creio que de lá
parte para anunciar a noite
o voo sonolento do noitibó
Mário Rui de Oliveira | Árvore Cinzenta
Bairro Judaico
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Amava-a junto ao poço
matando a sede aos rebanhos
o amor devasta propriedades
faz da terra
uma desolação aos nossos olhos
«dá-me as maçãs
do seu amor»
suplica
sete anos chorou (e ainda sete)
sua ferida incurável
Mário Rui de Oliveira | Jacob e Raquel
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De olhos cerrados, num autocarro, até me perder. Vazio, indigente, puro, regresso suplicando compaixão. É tarde. O crepúsculo já pronunciou o seu nome e não sei onde fica a minha casa.
Rente aos muros, coração descalço, persigo o vento da noite, o murmúrio de uma voz.
Mário Rui de Oliveira | O Vento da noite
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Os monges do deserto, esses que chegam da vigília do silêncio, diante de um cesto, escolhem os frutos mais apodrecidos. Gestos assim podem parecer insignificantes, até indiferentes, mas, na realiade, revelam aqueles que os cumprem. Os santos sentem-se indignos de receber e preferem reservar, aos outros, o melhor. Para eles, somente a visão perfumada dos pomares.
Mário Rui de Oliveira | Os padres do deserto
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por este motivo compreendo agora, se não antes, porque me foi escolhido este par interessante. obrigada pela Ana Teresa Pereira, pelo Mário Rui de Oliveira, pelo Tonino Guerra. algo em mim se fez subitamente de pão e água, e em próximo contacto com o vínculo humano das palavras, toda a poesia excita em mim ternura pela terra.
Etiquetas: celebrações, grandes amores, os livros, poesia
posted by saturnine | 17:53 |
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