:: sábado de sol ::
confirmo que é verdade tudo o que ela disse. trouxe quatro livrinhos há muito procurados por um preço total ainda mais simpático do que o que originalmente custava o «Lua Negra». valeu a pena esperar por Março. há outras formas de primavera antecipada, escondidas na vida secreta das palavras, ou no sorriso por este sábado de sol.
«Não sei onde começa (ou acaba) a minha infância (ou a minha adolescência). Gosto de me imaginar como uma árvore que cresce, dá folhas, flores e frutos sem se preocupar em assinalar no calendário as primeiras folhas, as primeiras flores ou os primeiros frutos. No fundo o que eu gostaria era de poder responder, quando me inquirissem àcerca do meu aniversário, que faço anos quando o milho começa a ditar carocha. Ers isso que me confidenciava alguém de barbas brancas, algures na minha infância (ou na minha adolescência).»
João Sousa Braga
a abrir o segundo capítulo de “Lua Negra” de Terry Morgan
© Assírio & Alvim
Ameno é o canal que tu cavaste
Pela frescura do vento norte.
Tranquilos os nossos caminhos
Quando a tua mão descansa na minha em alegria.
A tua voz dá vida, como o néctar.
Ver-te é mais do que alimento e bebida.
Poemas de Amor do Antigo Egipto
© Assírio & Alvim
«De manhã cedo um homem sai de uma taberna ao pé das docas, com o cheiro do mar no nariz, uma garrafa de uísque no bolso, a deslizar tão levemente na calçada como o navio que abandona a barra.
Não tarda, porém, que vá meter-se em pleno vendaval; açoitado por todos os lados, vê-se coagido a voltar para trás. Que jeito lhe daria um porto de abrigo qualquer.»
Lunar Caustic | Malcolm Lowry
© Assírio & Alvim
«Qualquer homem poderá talvez sentir uma espécie de mágoa, ou pavor, ao constatar como o mundo e a sua história se mostram entregues a um inelutável movimento, sempre expansivo, que só motivos cada vez mais grosseiros modificam as manifestações visíveis desse mundo. E o mundo visível é como é, nunca através da nossa acção chegaremos a transformá-lo noutro. Nostálgicos, porém, sonhamos um universo onde o homem em vez de agir tão furiosamente sobre a aparência visível, se aplique no destruí-la, não apenas negando a acção, mas despojando-se o bastante para pôr a nu o ponto secreto, dentro se si, a partir do qual seja possível aventura humana outra.»
O Estúdio de Alberto Giacometti | Jean Genet
© Assírio & Alvim
Etiquetas: Giacometti, isto anda tudo ligado, Malcolm Lowry, os livros
posted by saturnine | 21:53 |
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