a única coisa que me assusta na minha condição é o tempo desperdiçado, pela escassez das horas diurnas. a noite precipita-se demasiado cedo, invade implacável o tempo que eu teria guardado para me diluir no azul da tarde. fazem-me falta as horas de sol tardias de agosto.
não poderia, em boa verdade, afirmar-me noctívaga porque, a sê-lo, seria apenas durante meio ano. no tempo restante sou qual lagarto, não vivo senão na sede de excesso de luz.
haverá em mim então uma Perséfone que desce à escuridão das sombras apenas porque sabe que pode regressar aos luminosos dias longos. já não acredito, como antes, que depois de conhecido o inferno as viagens se tornam cada vez mais longas e frequentes, até que um dia se fica lá para sempre; só metade de nós pode ser feita à medida do horror.
Etiquetas: a noite, as coisas que me passam pela cabeça, fruto saturnino (conhecimento do inferno)
posted by saturnine | 19:30 |
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