A infância vem pá ante pé
sobe as escadas
e bate á porta
- Quem é?
- É a mãe morta
- São coisas passadas
- Não é ninguém
Tantas vozes fora de nós!
E se somos nós quem está lá fora
e bate à porta? E se nos fomos embora?
E se ficamos sós?
As Vozes | Manuel António Pina
Os mortos, como sabes,
não te podem ajudar.
Confundes-te com eles, fazes teu
tudo o que não disseram.
A cabeça da mãe, na fotografia,
abençoa o crime e a desavença.
Tem óculos, sorri, no jardim com gansos
que não passavam afinal de patos.
Entraste, pelo mesmo portão,
nas casas em que se prepara a peste
e não te atreverás sequer a escrever
o insuficiente livro da infância,
o cheiro, como dizer, das tangerinas.
Depois de Tebas | Manuel de Freitas
um poema para cada um, logo que os li soube que eram vossos, apropriem-se deles agora como quiserem, esperemos que os reconheçam como eu os reconheci.
Etiquetas: a natureza do mal, dedicatórias, Manuel de Freitas, poesia
posted by saturnine | 12:15 |
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial